— S/N tem dois macho querendo te ver. — Sua avó berrou da porta de seu quarto.
Você não se lembra de ter muitos amigos homens além do...
...
Com muito esforço, você se levantou e colocou um moletom qualquer por cima do pijama. Quando foi até a porta encontrou dois loiros, um mais alto com uma tatuagem de dragão na cabeça com cara de durão e outro com cara de quem tinha mordido rapadura sem saber que era dura. Ah, era o namorado da Hinata.
— Você é a S/N, né? — O mais alto disse, e pelo amor de Deus, que altura do cão.
— É, é. — Você disse direta.
— Eu sou o Drakken, e esse o Takemichi.
— O Takemichi eu conheço, mas tu não. É de você que a Emma fala, né? O que vocês querem?
— Olha, a gente vai visitar o Kazutora, você não quer vir com a gente? — Takemichi disse.
— Vai ser bom para ele ver você.
Você ficou séria, olhou para trás pensando em não ir, você tinha jurado que não faria isso e o esqueceria, mas em questão de segundos tudo foi por ralo abaixo. Em um instante que você fechou a porta, voltou com o cabelo mais arrumado e o brinco de Kazutora em sua orelha.
Conforme chegavam mais perto do presidiário mais seu estômago revirava, mas para afastar isso você analisava com sobrancelha de Mc Mirella, Takemichi e Drakken, focando mais em Drakken porque Takemichi e Hinata eram namorados, então você já tinha o visto. O cara tinha a sobrancelha de mirella naturalmente e parecia que podia cair na porrada com o Anderson Silva e ainda assim ganharia, é, o tipo da Emma mesmo.
Kazutora não esperava nenhuma visita, quando ele soube imediatamente ficou ansioso, e quando te viu, ficou mais ansioso ainda. Você estava mais afastada esperando Drakken, Takemichi e Kazutora conversarem, Kazutora acabou chorando e pelo que você havia entendido, ele tinha acabado de receber o perdão de Mikey.
Os garotos te olharam enquanto levantavam e você sentiu uma repentina falta de ar, era como se estivesse prestes a apresentar um seminário para a sala toda e faria isso sozinha. Kazutora limpou as lágrimas e observou você atentamente enquanto balançava um pouco o pé de nervoso, quando seus olhares se encontraram, ambos desviaram.
Ninguém sabia por onde começar.
Takemichi e Drakken tentavam não prestar atenção para deixá-los à vontade, mas nem isso amenizava a tensão formada.
— Eu não sei como esse laço entre eu e você ficou tão forte.— Você começou, suspirando para tomar coragem e olhar para ele, que já a olhava. Oh, Deus, ele estava tão quebrado quanto antes, ele precisava tanto de um abraço e ficaria por mais 12 anos sem receber um. — Kazutora, saiba que eu, sim, fiquei chateada com você. Como alguém tão próximo de você que estava tentando ajudar a dissipar esse olhar quebrado de você mesmo que você não percebesse, eu não esperava algo assim de você.
Kazutora não conseguiu mais olhar pra você, saber que ele havia te desapontado era a pior coisa do mundo. Em algum ponto, ele começou a te admirar, e decepcionar sua admiração era a pior coisa que poderia ter acontecido com ele. Ele sentia na ponta de sua garganta um choro vindo.
— Mas eu entendi, você passou por coisas inimagináveis com pouca idade para tentar encontrar uma forma de lidar com elas. Foi uma forma que você encontrou de suportar tudo, não é? Tudo bem. — Você sorriu e mexeu em seu cabelo, propositalmente para mostrar o brinco em sua orelha e o mesmo fazer aquele tilintar. — Mas eu ainda quero descer o tapão no seu braço pra você deixar de ser besta. — Ele riu, a risada que o fez balançar os ombros.— Tô falando sério agora, não precisa suportar mais nada sozinho porque eu sou sua amiga ou melhor amiga ou o caramba que você quiser me considerar. Pode me contar as coisas porque você confiou em mim contando o porquê de você ser quebrado, e eu te contei o que eu faço quando estou quebrada.
— Nunca vou esquecer esse dia, S/N. — Ele disse, e seu olhar pela primeira vez, brilhou. — Até porque você caiu num gemidão no meio da biblioteca naquele dia.
— Ah te ferra rapa, até preso tu me enche o saco, cão. — Você xingou e não só ele gargalhou, até Drakken e Takemichi estavam disfarçando riso.— Vem disfarçar não, dupla de fuxiqueiro.
— S/N, o nosso tempo tá acabando. — Kazutora lembrou.
— Tá só começando, na verdade. Eu planejei te visitar sempre que puder.
— Não precis— Kazutora começou.
— Nem começa que eu não vou ouvir, Kazuza. Tome juízo e aguarde meu rostinho amanhã ou semana que vem. Não sei como funciona esses sistemas de visita. — Você revirou os olhos, Kazutora estava sorrindo para você docilmente, seria difícil esquecer...Mas o que fazer? Você por espontânea vontade acabava de assumir o compromisso de ser a alegria dos dias difíceis dele. Ele jamais esqueceria isso. Ele jamais esqueceria você.
— Eu te dei esse brinco porque ele foi a primeira coisa que você gostou em mim. Não sei como as coisas vão acontecer aqui, e acho que você é a melhor pessoa para cuidar dele para mim. — Você passou os dedos pelo brinco e quis chorar, a coisa que mais representava Kazutora, estava sob seus cuidados por pedido do próprio.
— Eu vou cuidar bem dele e de você.
Foi a última frase que você disse na primeira visita.
— Estou cuidando bem do seu brinco, tá?
Foi a última frase que você disse na segunda, terceira, quarta e quinta visita.
— Continue cuidando bem do meu brinco.
Foi a última frase que Kazutora disse na sexta, sétima e oitava visita.
Depois você parou de lembrar das últimas frases e começou a pensar nas primeiras frases das próximas visitas.
Quando você se formou e decidiu qual faculdade faria, Kazutora foi o primeiro a saber, assim como foi quando soube que você teria de voltar ao Brasil para poder fazer a sua tão sonhada faculdade, mas você não queria deixá-lo.
— S/N, você tem que ir. — Doía para ele dizer isso, ele também queria que você continuasse a visitá-lo mas a vontade de vê-la feliz era maior. A este ponto, Kazutora faria de tudo ao seu alcance para ver você sorrir. — É seu sonho, não desperdiça essa chance e luta por ele. — Você colocou a mão no vidro, você pagaria qualquer dinheiro para preencher o vazio que era não sentir fisicamente Kazutora, e sim apenas aquele frio vidro que os separava.
— E você? — Lágrimas já escorriam de seus olhos, você não sabia quando ou sequer ia voltar. Você não tirava os olhos do garoto agora mais velho, seus cabelos tinham crescido e estavam completamente negros, a cor natural deles, Kazutora tinha amadurecido e agora estava com sua sanidade alta, graças aos bons psicólogos que ele tinha visto.
— Vou ser exagerado e torcer exageradamente por você. Afinal, eu sou seu Kazuza, não sou? — Ele colocou a mão por cima da sua do outro lado do vidro, os olhos dele também estavam marejados apesar de seu sorriso.
Antes de ir, você confiou o brinco de Kazutora à Chifuyu, junto deixou uma carta dizendo que estes brincos só podiam pertencer a ele, que era a marca dele e que ele poderia ficar tranquilo, porque uma boa marca de Kazutora havia permanecido em você.
Em seu coração.
(N/A): Para melhor experiência, escute Chasing Pavements de Adele, escrevi enquanto escutava para entrar no clima.
Quando você partiu, sentiu como parte de você tivesse ficado no japão.
Doía demais.
Você chorava e soluçava no avião, mas prometeu à Kazutora que seguiria seu sonho.
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Exagerado - Kazutora Hanemiya
عاطفيةOs seus destinos foram traçados desde a maternidade, mesmo em Países diferentes. 𝐊𝐚𝐳𝐮𝐭𝐨𝐫𝐚 𝐇𝐚𝐧𝐞𝐦𝐢𝐲𝐚 𝐱 𝐅𝐞𝐦¡𝐫𝐞𝐚𝐝𝐞𝐫 (+16) @gaydramatic Arte da capa: @0sasami0 on Twitter.