- Filha, você outra vez com essa história? Qual é o problema de morar conosco? - Meu pai diz entrando no escritório.
Desde quando completei vinte anos de idade, há algumas semanas, decidi que queria o mesmo tratamento que meus irmãos têm. Dylan mora sozinho desde os vinte e um anos, passou cinco anos na Itália estudando medicina e aprendendo os preceitos da máfia antes disso, com toda a liberdade que queria. Mesmo morando na casa da nonna Angelina, que Deus a tenha, nunca precisou dar qualquer satisfação nem para ele e nem para mamãe.
Com Heitor, meu irmão gêmeo, não foi diferente. Ele mora na Itália desde os quinze anos, vem para Los Angeles apenas três vezes ao ano, sempre em datas comemorativas. Ele tem a mansão Fontinelly italiana todinha para si e ninguém fica monitorando os passos que dá. Tudo bem que o treino da máfia é pesado, toma muito de seu tempo, fora que também faz faculdade e está estagiando numa das empresas que nosso pai tem na Sicília. É bem puxado seu dia a dia, confesso, mas eu não ouço nenhum tipo de proibição ou restrição para ele.
- Não tem nenhum problema, pai! Apenas quero ter meu espaço, sair e chegar em casa quando quiser.
- Você já faz isso! - Rebate me aborrecendo ainda mais.
- Considera idas e vindas com hora marcada e um batalhão de segurança em redor liberdade? - Meu pai me olha com os olhos semicerrados.
- Tem conversado muito com Debbora, vou proibi-la de visitá-la. - Declara.
- Visitá-la? - Indago cruzando os braços. - A última vez que fui à casa do tio Mick já tem quase um ano!
-Todos somos muito ocupados, filha!
- Menos eu! Fico quase o dia todo na faculdade, às vezes, vou a empresa fingir que trabalho pra você, já que quase não tenho serviço lá, pois diz que posso fazer de casa.- Infiro.
- Muita gente iria gostar de estar no seu lugar, meu amor. Aproveite! - Fala e não consigo distinguir se o seu tom é de deboche ou se realmente acha que sou uma funcionária sortuda.
- Eu quero ser útil, pai!
- Você é, meu amor! O que seria da nossa família se você não existisse? - Indaga. - Eu nunca ia poder ser chamado de pai. - Reviro os olhos tentando ignorar sua ironia maquiada.
-Quero trabalhar de verdade, papai! Ter meu salário e não uma mesada que mal posso usar, porque ir ao shopping tem de ser acompanhado do senhor ou da mamãe. Quero ter minhas próprias conquistas, minha independência... Por favor! - Imploro.
-Meu amor, você não precisa disso! Eu e sua mãe já trabalhamos para que não precise trabalhar. - Me interrompe. - Na verdade, nem sua mãe precisa, mas ela é teimosa pra cacete!
- Eu não quero que seja assim, papai! - Assevero. Meu pai lança mão de um charuto e o acende. - Mamãe sabe que está fumando outra vez? - Questiono e ele ergue uma sobrancelha para mim.
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VITTORIA FONTINELLY -TRILOGIA IRMANDADE I
RomanceEsse livro contará a história da única filha mulher do grande Don Fontinelly. Com vinte anos de idade, Vittoria só quer conquistar a mesma liberdade que seus irmãos têm, porém precisará convencer seus pais, principalmente o grande Don, que tem capac...