Noivos do passado parte A

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   Marina e eu estamos noivos a dois meses. Nos conhecemos a um ano e nove meses, e, depois do noivado, parece ter surgido um turbilhão de lembranças e pessoas do passado, que me fez questionar várias coisas acerca de mim e das decisões que tenho tomado nesses últimos anos, e cá entre nós, acho que isso tem acontecido de igual modo a ela.
   Eu tenho visto a Marina mais próxima a cada dia de uma amiga do ensino médio, e eu sei que foi a melhor época pra ela. Época em que todo mundo teve um primeiro relacionamento, ou algo perto disso, mas ela não, disse que não. A amiga dela, Lua, eu me encantei com a alma dela, nunca vi alguém tão espontâneo como ela, e parecia ter uma alma de várias cores, entendo porque Marina foi de dez a cem de bom humor com a chegada dela na cidade. Lua não sabia onde morávamos, elas tinham perdido o contato a três anos.
    Eu esbarrei com um homem na esquina do meu trabalho, sujei ele todo de café, igual os filmes da seção da tarde, o pobre estagiário indo buscar café da manhã pro chefe arrogante se esbarrando com alguém aparentemente calmo, sereno, com o cabelo bem penteado e cheirando a perfume caro. Mas acalmem-se, não sou estagiário, sou o braço direito do Márcio e peça fundamental na empresa dele, me tornei sócio a pouco tempo. No desespero não enxergava nada, porque estava simplesmente atrasado, levando um café a mais, para uma visita importante para Márcio, e eu só ouvi um grito como berro de alguém muito espantoso;
    Aí meu Deus!!! Eu não posso acreditar. Disse Lucas Moaci berrando com a mão na cabeça.
Notei que conhecia aquele esparro todo, em instantes cai em si e não me contive.  Lu... ah, como?.. Lucas!?... dizia eu sem voz e sem entender.
   - Eu até te abraçaria, mas esse café está muito quente e com certeza estava bem doce do tanto que está pregueara a minha camiseta agora. Disse ele se limpando com o sorriso de orelha a orelha. E eu... parecia que minha garganta estava seca, não sei, nem lembro de ter tomado sequer água ou café naquela manhã de 20 °C. Eu segui caminho e ele logo atrás. E eu parei pra perguntar.
- Lucas eu preciso ir, eu sinto muito mesmo mas tenho que ir, tem alguém muito importante que meu chefe quer me apresentar alguém...
- tem chances de ser eu?
- oi? Como assim?
- tenho um encontro com um sócio de uma empresa e o Google diz que é nessa direção.
- Espera, Lucas Paltemon você é o conferente da indústria que o Edgar quer me apresentar?
- olha, se eu não estiver errado, e estiver aqui pelo mesmo motivo, que é trabalho, creio que sim Vi.
Parei e olhei firme e disse ofegante e ereto; não,  vi não, eu tenho uma vida, uma história aqui, com alguém, então... Vi não.

   Fomos para empresa.

  do passado Parte B

    Eu me chamo Marina, e sou completamente apaixonada por um homem de estatura média, que se acha, e é, o homem mais sortudo, porque me tem como noiva. Celso pediu minha mãe na virada de ano, na praia, e estávamos juntos a dezoito meses. Comigo ele tem um espírito livre e é igual a mim em vários aspectos, só que é mais bobão que eu e veste roupas feias e folgadas quando está em casa, e faço o mesmo porque é o que ele tem de ficar em casa; roupas feias e folgadas.
    Sabe!? Nos conhecemos a pouco tempo, pra vocês pode até parecer pouco tempo, mas pra nós, até que não, pra mim, ao encontrá-lo, na primeira noite dei uma de emocionada de ficar vermelha e boba com os elogios dele, e sabe aquele olhar de apaixonado que os homens tentam esconder!? Ele não tentou esconder, foi golpe atrás de golpe, não foi dramático ou com uma discursão na chuva que dissemos " Eu te amo!".  Moramos numa cidade onde não temos parente algum, os amigos e conhecidos que temos por aqui, conhecemos quando nos mudamos, até nós nos conhecemos aqui.
    Ele veio a trabalho e eu também, entretanto nos conhecemos numa festa que ele foi de penetra, história essa que ninguém sabe contar. E nesses dois meses de noivado é como se tivesse caído uma grande chuva de lembranças e pessoas do passado, e vejo que pro Celso tem sido o mesmo. Voltei a ter contato com alguns parentes e familiares e reencontrei amigos da época do ensino médio. Nesses acontecimentos nostálgicos, Lua veio pra ficar e me mover de dentro pra fora e com os dias....
Espera, deixa eu ir devagar. Lua era uma amiga minha da época da escola, não só uma amiga, éramos melhores amigas e como sempre é comum nessas histórias, temos nossos segredos.
     Lua simplesmente apareceu na porta da minha casa, toda molhada, estava chovendo, nem acreditei naquilo, que frio na barriga. Éramos melhores amigas no ensino médio, tão amigas que tínhamos tatuagens combinando, eu tenho uma lua tatuada no ombro esquerdo, e ela um sol. Pela primeira vez contei a real história da tatuagem.
- Sol, todos me chamavam pelo sobrenome, sol, e o mesmo era com Lua. Disse eu esclarecendo ao Celso.
Eu contei tudo sobre nossa amizade, foi como uma noite de histórias naquela manhã de domingo de chuva fraca, logo mais, Lua chegou para um almoço que Celso tinha preparado pra ela. Nos reaproximamos, de início achei que a amizade ia ser diferente, mas não, era a mesma coisa, as mesmas risadas, ela batia palmas e na mesa acompanhada de altas gargalhadas, e Celso acompanhava ela, ficava vermelho de tanto rir das histórias que contávamos a ele.
Tínhamos um professor de inglês, era novo, e tinha a Vibe dos alunos, e era próximo a Lua e a mim, numa certa aula, ele perguntou qual a tradução de "bitch" para o português e quando eu levantei a mão ele disse; correto. Toda vez que Lua conta isso pra alguém, ela mesma cai na gargalhada e não consegue parar mais, e eu a acompanho sempre com os olhos cheios de lágrimas de tanto rir.
Foram anos sem sem nos ver, fomos separadas uma da outra de uma maneira que, não sei explicar, absurda, talvez.
A última vez que vi a Lua, ela estava distante, estávamos chegando na escola, e eu a vi com os pais no estacionamento e notei que estavam conversando com umas pessoas, um era o tio dela, ele era médico, e outro, era o diretor Jorge, ela me viu entre ombros, e entrou no carro, e começou a chorar, eu podia ver os lábios dela, e entendia que ela estava dizendo sem cessar; me desculpa sol, me desculpa, por favor, me desculpa. Eu não entendi aquela cena, mas aquilo me bateu um desespero, corri atrás, gritei tanto, gritos agudos, longos e trêmulos e o diretor tentava me puxar, não sei quem fracassou mais, o diretor ou eu tentando alcançar o carro.

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⏰ Última atualização: Mar 14, 2023 ⏰

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