Vizinhos

A vizinha da casa da frente

Murilo estava sentado na varanda da frente, saindo com seus melhores amigos Henrique e Maiara. Eles estavam falando sobre as estúpidas tarefas de casa que tinham, quais seus planos para o fim de semana, conversa normal de adolescente. Eles tinham 15 anos e acreditavam que sabiam de tudo.

Murilo e Henrique já eram extremamente arrogantes. Assim que eles estavam prestes a começar a falar sobre um novo assunto, Maiara notou uma garotinha tentando brincar com um bambolê.

"Aww, olhem para aquela garotinha. Ela é adorável."

"Ah, essa é a filha da minha vizinha. Eu não sei qual é o nome dela."

"Murilo, como você pode não saber o nome dela? Isso é simplesmente rude. Ela é sua vizinha, você mora nesta casa desde de que nasceu."

"Maiara, ela é apenas uma criança estúpida. Murilo tem coisas melhores para fazer do que sair com algum pirralho de nariz empinado. Aliás, você vem hoje à noite Murilo? Acabei de comprar o filme mais legal, você tem que ver isto!"

Enquanto conversavam, a pequena Marilia, de seis anos, continuou tentando brincar com seu bambolê. Ela o jogava ao redor de seu corpo e balançava os quadris, mas ela simplesmente não conseguia fazê-lo funcionar. Mas ela estava determinada a pegar o jeito. Seu pai tinha acabado de comprar o bambolê para ela, e ela queria mostrar a ele que sabia como usá-lo. Então ela ficou no gramado da frente, com seu lindo vestido rosa de verão e suas tranças trançadas, balançando o corpo com toda a força.

Os três adolescentes logo entraram na casa de Murilo. A garotinha do outro lado da rua foi rapidamente esquecida.

Marilia era uma criança despreocupada. Ela tinha uma mãe e um pai amorosos, ou pelo menos ela achava que tinha. Sendo filha única e tendo pais cujos empregos os mantinham ocupados, ela foi forçada a criar sua própria diversão. Algo que ela adorava fazer era subir em árvores. Era isso que ela estava fazendo naquele dia horrível.

Ela subiu com cuidado na árvore em seu gramado da frente, subindo cada vez mais alto. Ela havia chegado ao seu galho favorito e se sentou. Abraçando a árvore e seu ursinho de pelúcia que ela trouxe para todos os lugares, Ela olhou ao redor do bairro. Dentro de sua casa, ela podia ouvir seus pais discutindo. Tornou-se uma ocorrência constante ultimamente. Mas naquele dia...foi o pior que já tinha sido.

De repente, ela ouviu a porta da frente ser aberta violentamente. Ela esticou a cabeça para ver por cima das folhas e galhos.

"Eu sei tudo sobre isso, Você não tem que me contar todos os detalhes sujos. Você acha que eu sou estúpido ou algo assim? Você está me traindo. O que você quer que eu diga? Parabéns?" Seu pai rapidamente correu em direção ao seu carro, o vapor praticamente saindo de seus ouvidos.

Ruth foi rápida em segui-lo. "Eu quero que você saiba o por quê. Você é um fracasso de marido. Mesmo quando estávamos namorando, você não se importava. Eu era apenas uma distração, não havia nem mesmo AMOR! Este casamento acabou.

"Tudo bem! Faça o que quiser!"

A raiva de ruth a havia vencido, e ela deu um tapa no rosto de seu pai. Os olhos dela eram como adagas cravadas no rosto dele. ele , no entanto, olhou para ela e falou com uma voz calma e controlada.

"Seja o que for...acabou. Estou indo para um hotel, e você receberá os papéis do divórcio o mais rápido possível. Diga adeus a Marilia por mim." E com isso ele entrou em seu carro e saiu da garagem, para longe de delas.

Ruth voltou para a casa e bateu a porta. Ninguém parecia perceber que Marilia estava sentada na árvore, vendo e ouvindo tudo. Ninguém, exceto Murilo, que estava assistindo a cena se desenrolar de sua janela.