Capítulo 91 - Cristopher

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Eu não esperava ter sido interrompido, logo em um momento tão maravilhoso. Mas talvez tivesse sido bom, eu me deixei levar e acabei cedendo à paixão. A verdade é que eu a amo, acho que nunca deixarei de amá-la e esse beijo só confirmou o que eu tentava negar, até mesmo para mim. Quando senti a sua pele, os seus lábios e o seu doce perfume tão perto, eu esqueci tudo. Apenas queria ficar ali, até que ela me pedisse para parar. Eu estava morrendo de saudades e ter essa aproximação só piorou ainda mais. Mas o que eu queria?
Eu fui ali somente para vê-la e eu sabia que corria esse risco. Mas infelizmente ou felizmente a Maria Fernanda nos interrompeu.

Confesso que a esqueci por alguns minutos e depois disso eu me arrependi de tê-la levado. Pude ver a confusão nos olhos de Aline e em seguida a raiva. Ela não conseguia disfarçar quando não estava gostando de algo. Internamente, eu sorri vitorioso e externamente, eu fingi normalidade. Maria Fernanda não é uma mulher burra, é claro que ela percebeu o que acontecia devido ao nosso estado e por isso tratou logo de se posicionar, algo que deixou a Aline irritada. E eu confesso que não gostei da insinuação que ela fez, o meu intuito era outro e não dar abertura para essa mulher. E é claro que a Aline percebeu e veio me cobrar satisfação. Então, eu retornei a mim e voltei a tratá-la rudemente. E isso fez o meu coração se moer, principalmente quando vi o seus olhos brilharem com as lágrimas. Aqueles olhos são muito lindos para serem tratados daquela forma. Mas era necessário, eu queria que ela sentisse o mesmo que eu quando vi ela e Pedro juntos. Queria que ela sofresse, por mais que no meu interior eu também sofresse. Nós tivemos uma séria discussão que resultou em um tapa. Eu confesso que mereci, fui um canalha com ela, mas só de pensar na possibilidade dela ficar com o Benjamim ou com qualquer outro homem, eu não consigo me conter e começo a agir como um louco.
E talvez eu estivesse ficando mesmo...

Levei a Maria Fernanda em sua casa, mas antes a repreendi pela sua atitude e disse que nossos assuntos eram apenas profissionais. Ela pareceu compreender e ainda disse que estaria sempre ali, caso a "moça da sacada" não quisesse.
Cheguei em casa, tomei banho e me deitei, aguardando o sono chegar. Mas ele tardou. Fiquei incontáveis horas deitado, olhando para o teto me lembrando do seu beijo. Fechei os olhos tentando esquecer, mas era pior, eu só conseguia imaginar ela aqui, nos meus braços e não estava sendo bom pensar nisso.
Depois de rolar por muitas horas, eu peguei no sono, mas logo tive que ir levantar e trabalhar.
Com a expressão fechada, terno preto e mau humor visível. Tanto que as pessoas me cumprimentavam e eu sequer acenava ou respondia.

_Senhor Magalhães? - Senhorita Pires se aproxima temerosa

_O que foi? - Pergunto sem expressão

_O senhor White ligou, disse que precisa urgentemente marcar um horário com o senhor.

_Tem algum horário vago na minha agenda por acaso, senhorita pires?

_Não, senhor.

_Então não me venha com recados insignificantes, se eu não tenho horário vago na porra da minha agenda como que eu vou...

_Mas senhor, ele disse que é urgente.

_Se a senhorita me interromper novamente, não precisa estar aqui amanhã. - Arregala os olhos - Avise ao White que eu não vou atendê-lo e que pare de me importunar. Parece até que só tem eu de advogado nesse lugar.

Caminho até a minha sala a deixando ali, fecho a porta. Sento na cadeira e abro o paletó tentando relaxar a tensão em meu corpo. Eu estava apreensivo, nervoso, só não sabia com o quê. Abro o notebook e vejo uma notícia que me deixa feliz. O restaurante que levei a Aline para tentar pedi-la em namoro foi julgado e condenado em última instância, sem poder recorrer. Eu quem a incentivei a abrir esse processo, ela depôs há alguns meses atrás e acabou não sendo uma audiência presencial, o que não nos impediu de prosseguir. Eles recorreram diversas vezes mas agora acabou, depois de quase um ano, eles teriam que pagar uma indenização. Sorrio vitorioso e pego o celular para lhe mandar mensagem, mas desisto. Ela saberia de qualquer forma.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora