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Andréa se jogou no sofá de sua casa, logo em seguida ficando em posição fetal ela se deixou chorar por todo o restante do dia. O choro é copioso. Ela se sente só, e sem perspectiva alguma em relação a sua vida. Chorou tanto que nem sequer percebeu em que momento parou de chorar e dormiu.

Na manhã seguinte a jovem senta-se ao acordar, apoia os cotovelos nos joelhos e leva suas mãos cobrindo o rosto. Sua mente que estava um caos, agora é vazia. Ela olha para o teto e respira fundo. Esse ato a faz sentir enjôo.

Andréa corre para o banheiro, levanta a tapa do vaso e debruçada nele coloca apenas o ácido natural do estômago vazio para fora. A ansia de vomito vem várias e várias vezes, junto dela as lágrimas.

A jovem entra na ducha, ela não pode se atrasar, precisa do emprego para pagar aluguel e consequentemente se sustentar, é óbvio. Andréa não tem uma mãe para lhe socorrer, apoiar, e dizer que tudo vai ficar bem, tampouco um pai que lhe diga para não se preocupar, que jamais iria deixar faltar nada para filha.

Ela não tem um porto seguro para correr quando tudo não anda bem, ela só tem a ela mesmo. E perdidas em suas questões ela se arruma de maneira mecânica, evitando suspirar, pois, agora sempre que faz isso, lhe causa enjôo.

Ela sente o vento gelado em seu rosto enquanto a passos apressados segue para estação. Andréa para na Starbucks, pega o café quente de Miranda, e assim que adentra o edifício da elias-clarke plubications a jovem mais uma vez se sente enjoada e muda seu caminho indo para o banheiro. Ela demora um pouco ali, se ajeita e segue caminhando para o elevador. O ver se fechando com Miranda já dentro. Miranda encara Andréa por alguns segundos, a jovem treme sabendo que Miranda irá reclamar.

— Cadê meu café hein? – Miranda profere sabendo que Andréa ainda não havia chegado.

Andréa recebe ligação de Emily que exige que a garota esteja ali imediatamente. Andréa não responde nada, apenas espera o elevador se abrir e em passos ligeiros vai imediatamente para a sala de Miranda.

Miranda bate seus olhos em Andréa, escaneia todos os movimentos da garota que coloca o café em cima da mesa.

Mentalmente, Miranda se questiona se Andréa não percebe que ali não é lugar para ela, e que tampouco irá conseguir permanecer no emprego por causa da gravidez.

Mas, os olhos, aqueles olhos castanhos, grandes e opacos lhe faz algo vir em sua memória.  “Estou saindo de um relacionamento.”  A resposta que Andréa dera para Nigel, juntando com a lembrança das marcas que viu no pescoço da jovem e os rapazes a seguindo no dia anterior daquelas marcas faz com que Miranda por alguns segundos prenda a respiração.

— Isso é tudo! – A mulher profere balançando a cabeça em negação.

Andréa estranha, Miranda costuma sempre a enche-la  de muitos serviços. Então fica com medo, ela sabe que talvez Miranda a demita a qualquer momento, e isso só faz com que a jovem se sinta ainda mais nervosa, ansiosa e com náuseas.

Contrapartida, Miranda fecha a porta de sua sala, senta novamente em sua cadeira e a gira em direção a grande janela de vidro. Ela tenta não trazer para sua mente aquele pensamento, não era da vida dela e nem sobre ela, então não cabia a ela.
Mas, foi impossível não cogitar, e cogitar isso, fez a mulher estremecer. Ela é mulher, mãe, e tem experiência suficiente para saber o quão problemático seria para Andréa lidar com tudo aquilo tendo em vista que a garota sempre lhe pareceu ser bastante emocional.

Aí Miranda resolveu fazer o que sabe fazer de melhor, gira a cadeira novamente e volta a trabalhar para expulsar pensamentos que não eram a seu respeito.

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O dia para Andréa foi tranquilo, e isso a deixou bastante preocupada, no final do expediente, sua chefe a chama em sua sala. Emily já havia sido dispensada.

— Sim, Miranda? – A apreensão estava estampado em neon no rosto da garota.

— Está demitida. – Miranda limita dizer sem ao menos olhar para o rosto da garota.

Mesmo que Andréa já estivesse pensando que isso iria acontecer, a jovem não aguenta e se desmonta ali, na frente da sua agora ex-chefe. Ela diz que precisa do emprego para pagar o aluguel, para sobreviver, para comer, implora desesperada com lágrimas nos olhos para Miranda não demití-la. Pede uma nova chance, diz que vai melhorar, mesmo que ela não saiba em quê deve melhorar.

— Isso é tudo! – Miranda segue atenta ao seu laptop enquanto dispensa a garota fazendo gesto com uma das mãos como se estivesse enfadada.

— Por favor, Miranda, e-eu, eu não tenho ninguém, eu tenho dívidas, e-eu não sei o que fazer. – Ela cobre o rosto com as mãos enquanto o choro segue forte.

— Definitivamente isso não é problema meu. Ser assistente de Miranda Priestly e gravidez não cabem na mesma frase, é por isso que virou cláusula no contrato. – A mulher fala impaciente.

Andréa se deixa ir ao chão sentado em suas próprias pernas, com as mãos ainda em seu rosto, entre soluço a jovem confidência para mulher que havia sido estuprada.

Miranda paraliza com o que acabara de ouvir. Cogitar, é diferente de ter certeza. Agora foi a vez da mais velha sentir um embrulho no estômago.
Miranda ficou completamente sem reação.

Andréa conhecendo Miranda, sabia que estava apenas sendo ridícula em se humilhar para a mulher. Ela sabia muito bem as exigências que havia no contrato. Ela sabia que para Miranda, ninguém além de suas filhas era importante suficiente para ela relevar alguma coisa, ou situação.

A garota se levanta, pega seus poucos pertences da mesa e prefere ir pelas escadas. O elevador era pequeno demais para o grande peso que ela carregava no ser coração.

Andréa caminha por bastante tempo antes de chegar em sua casa. Ela se joga mais uma vez no sofá e dessa vez liga a televisão, se permitiu desistir de tentar buscar soluções em sua mente barulhenta. Se permite ir até a geladeira escolher algumas porções de baboseiras e refrigerante e voltar para frente da TV.

Ela revira os olhos ao perceber que pela parte manhã, nada seu estômago aceita, já pela noite, ele quer tudo.

DiabaOnde histórias criam vida. Descubra agora