madrugadas com você . hiatus

7- Até breve, Chiyo Sakura

 [3 semanas antes]

Sim, eu estava em uma crise, passei dias daquele jeito: me odiando e querendo sumir, questionando a Deus e assistindo mais animes do que o normal para tentar preencher o meu vazio. Ainda não resolvi o que gostaria de ter resolvido e tem certas coisas que não cabem a mim, incluindo duvidar dos propósitos divinos para a minha vida.

Sobre Sakura-chan, bom, estou há uns quinze minutos tentando ligar para ela, mas só chama. Já mandei mensagem e nada, será que está me ignorando? Ah, Jeongguk, seu vacilão!

— Gguk? Oi! — A voz de minha amiga ecoou pelo meu pequeno apartamento e seu rosto apareceu na tela do computador. — Não vi que você estava me chamando antes, cheguei faz pouco tempo em casa e fui tomar banho, tudo bem? — Ela perguntou sorridente enquanto secava o cabelo e eu respirei de alívio. Poxa, que saudades dela.

Que bom vê-la bem. Que bom saber que estamos bem, aparentemente.

— Chiyo! Nossa, eu senti tanto a sua falta. — Preciso admitir que ainda estava envolvido em vergonha pela forma como que reagi em nossa última conversa

— Também senti sua falta, amigo! O mês que passou foi super corrido e só nos falamos por mensagem, não foi? Já tinha esquecido como era o seu rosto, Jeongguk — Ela falou sorridente — Rapidinho, vou buscar o lámen que coloquei no micro-ondas.

Nesse pequeno instante, respirei calmamente e coloquei as ideias no lugar. Não quero que nada atrapalhe a minha amizade com a Sakura. Que eu não seja um empecilho.

— Voltei! Diga aí como estão as coisas! — Ela tratou de sugar uma boa quantidade de macarrão instantâneo enquanto falava das aulas de computação, algumas absurdamente tediosas e outras altamente interessantes.

Chiyo me contou sobre suas notas escolares, que se mantém com uma média boa, o suficiente para passar. Notas altas para alguém que ainda precisa trabalhar. Ressaltou que a escola estava promovendo muitos testes de aptidão e que ficou muito animada quando viu o design entre suas opções. Também comentou que passou uns dias sem frequentar a loja de conveniência do rapaz que gostava, mas nessa semana ela foi lá. Ficou surpresa por ele ter dito que nunca mais a tinha visto, perguntou se estava bem e ainda pagou um chá gelado da própria loja. Conversaram um pouco e ele, que se chama Riki, Kyojuro Riki, comentou que sua prima tinha vindo visitar sua família.

— Aí eu fiquei pálida, né? Morta de sem graça. Falei: ah, sua prima... que legal.

— Menos mal que ele não sabe como você reagiu, né?

— Pois é, mas mesmo assim — Puxou mais um pouco do seu macarrão — Depois disso ele perguntou se eu não queria tomar um café outro dia. De pálida fui para um tomate, Gguk.

— Nossa, imagino. — Eu estava rindo da situação e de todas as expressões que ela fazia através da tela. — E você aceitou?

— Sim. Amanhã eu tenho um horário livre, entre três e cinco da tarde. Vamos em um local perto da escola. — Respondeu toda corada e tímida. — O que eu visto?

— Ué, você não vai estar de uniforme?

— Aí, verdade. Vou usar meu tênis novo então, para ir um pouco melhorzinha e...

— Ei, Chiyo, fica calma, tá? Vá do seu jeito, seja verdadeira e não finja. Se ele não gostar, o problema está nele, pois você é uma das melhores pessoas que conheço. Tá, sei que não conheço muita gente, mas mesmo assim.

— Ah, Jeongguk, obrigada! Amanhã venho correndo te contar — Deu um sorriso, antes de virar o pote de miojo e beber o caldo. — Sabe, estou muito feliz em ter meio que um encontro com o Riki, mas se eu pudesse escolher... queria mesmo era te ver pessoalmente. Já nos conhecemos há quase um ano, ia ser muito legal tomar um café, ou qualquer coisa, só de ouvir você de pertinho já ia ser incrível.

— Também acho que seria incrível. — Ficamos em silêncio até que Sakura se despediu para poder ir dormir.

Eu? Pesquisei passagens aéreas até às três da manhã. Em algumas semanas estarei de férias, sempre economizei bem meu dinheiro, então por que não? Comprei minhas passagens de ida e volta para o Japão.

Até breve, Chiyo Sakura.