Capítulo 2

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Laura se acordou assustada com os barulhos no corredor, meio desnorteada, vestiu seu roupão e abriu a porta em um rompante, vendo seu filho batendo com os dois punhos contra a porta do secretário.

— Dunbar se você não sair desse quarto agora, eu vou assinar a porra da rescisão de seu contrato! — Theo gritou, recomeçando a bater na porta.

Décimo. Décimo primeiro. Décimo segundo. Décimo terceiro. Sim, Theo estava contando a quantidade de socos que dava na porta, seu secretário já deveria ter saído a mais de dez minutos. E, pode ter certeza, que o arquiteto iria cobrar esses socos na carteira do secretário.

— Coiotinho, o que...

— Nem tente. — Alexander avisou a mãe, fazendo a mulher notar sua presença ao seu lado — Eu já tentei, até porque são sete e meia da manhã, né? Mas ele parece irredutível em sair dali sem Liam.

Laura puxou a respiração com força, pronta para gritar com o filho, ainda mais agora que descobriu o horário de toda essa loucuragem. Quando ouviu por cima dos berros do filho o barulho do trinco abrindo, antes da porta sumir de suas vistas, ela viu Theo parar de bater, e Liam aparecer prontamente vestido com um terno azulado e um olhar aborrecido.

— A Bela Adormecida acordou? — Theo provocou, mesmo que achasse adorável o modo como os olhos azuis se revirarem em tédio.

— Bom dia, senhor Raeken.

— Bom dia! — Theodore sorriu para o homem, girando nos calcanhares e descendo as escadas, como se não tivesse acabado de acordar toda a casa.

Laura olhou abismada para Liam, vendo o homem soltar um suspiro, passar a mão por seu terno como se fosse uma ação rotineira e seguir seu patrão.

— Sinceramente... — Alec chamou a atenção da mulher, a fazendo voltar os olhos até ele — Seu filho me dá medo.

Liam sentia a cabeça latejando quando descia as escadas, um comprimido no bolso, acompanhando o chefe para a cozinha. Ele tinha o direito de tomar café, certo? Puxou a cartela de remédios para fora ao chegar, pegando um dos copos dispostos na pia e enchendo.

— O que está fazendo? — Theo questionou, os olhos verdes entre a curiosidade e o tédio — Não me diga que toma algum tipo de bomba pela manhã.

O secretário enfiou o comprimido na boca, rolando os olhos de forma dramática para o chefe, ignorando a brincadeira. Raeken adorava quando ele fazia isso, porque sabia que o Dunbar normalmente estava engolindo algum tipo de resposta espertinha.

— Acho bom não se acostumar com a mesa posta. — Theo seguiu seu discurso — Só fiz hoje, pois estava entediado de esperar você para irmos até o terreno do hotel.

— É sexta-feira, meu horário começa às 8h. — Liam o lembrou, puxando a cadeira para sentar do outro lado da mesa.

— Estamos em campo. Seu horário começa antes.

— Só nos seus sonhos.

— Acredite em mim, não perco tempo sonhando com o ato de acordar você mais cedo. — Liam o analisa, quase como se duvidasse que o homem pudesse ter sonhos bons — Meus sonhos com você são bem mais divertidos do que imagina.

— Aposto que seu maior sonho comigo é achar qualquer coisinha mínima nos documentos para poder me demitir.

Raeken sorriu, servindo um pouco de café na xícara, antes de subir os olhos até seu secretário. Como ele amaria tirar aquele olhar convencido do sabe-tudo ao lhe afirmar que seu sonho somente envolve ele e a droga da mesa de sua sala. Seria deveras interessante ver seu secretário sem reação agora, mas ele pode esperar mais um pouco. Dar mais um espaço antes de atacar.

𝓠𝓾𝓪𝓷𝓭𝓸 𝓪𝓼 𝓮𝓼𝓽𝓻𝓮𝓵𝓪𝓼 𝓫𝓻𝓲𝓵𝓱𝓪𝓶 | 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐋𝐈𝐙𝐀𝐃𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora