Todos os dias, tenho que sentar em minha mesa, depois de ter sobrevivido a mais um dia, tentar desgraçadamente, como diria um velho amigo, de forma inefável, transpor para o papel meus dissabores, dores, amores e gozos diurnal.
O que lês agora ledor, não fora escrito no conforto de minha mesa, foi rascunhado no vai e vem, de carriolas de blocos que mais parecem feitos de pó de ferro, os dedos parecem saídos de um braseiro, o pulso pulsa a pulso. – Perdoem a redundância – Mas a caneta e o papel sujos de terra vermelha como sangue, parecem navalhas.
A calamidade que todos temos em comum, rico e pobre, homem e mulher, criança e idoso e até os cães pardos, é uma só. O frio. E isto não deveria ser nada relevante demais.
O que difere á todos é como cada um irá encarar, enfrentar e superar, o vodu já feito pelo noticiário, que soaram as trombetas, abrira a caixa de pandora, este era o anúncio, a minuta para o amanhã, uma nova era do gelo, o PF, a "quentinha" do dia seguinte.
"Noticiários... Nem sempre ou quase nunca acertam" - diriam os anciões, acostumados a saber do tempo com a auréola no redor da lua, as juntas friccionadas de dor, o vento na ponta do dedo. Por tanto era este, o momento de brilhar. Não é que os noticiários mentem, mas parece, preferem não lidar ou ocultar – uma constante – quando não se pode apropriar-se em dar a verdade.
Mas espere, deixe-me voltar algumas horas antes por um instante.
Fui dormir no mesmo horário de costume, logo depois das notícias e últimas palavras digitadas, por volta de uma hora, já era dia seguinte. Então fiz, como qualquer um faria, procurei os cobertores, abrindo-os sob a cama os mais robustos, pesados e felpudos com aquele cheiro de guardado, certamente os mais quentes.
E claro, ainda fiz uso dos mais quentes deles, as coxas 'Dela'.
Se não for o frio um componente especial, de suma importância, para o romantismo dos casais, certamente é o inverno, depois do carnaval, a estação em que a taxa de natalidade mais cresce. (Óbvio que havia segundas intenções).
Acordei no meu horário habitual, estranhei a ausência dos pardais. Certamente mortos de frio.
Meia hora depois, o despertador cumpriu com sua obrigação/função, como sempre atrasado.
Aqui, talvez de fato, seja o início de nossa história.
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Palavras Para Distrair a Insônia
Não FicçãoEste pequeno cacifo, agora aberto e ofertado a vocês caros leitores, que peço, fiquem a vontade para tomá-lo como desejar. Conta com uma série de composições, "estórias", rabiscadas em guardanapos, no velho pardo papel de pão, algumas vezes em meu e...