𝗔𝗟𝗟 𝗙𝗢𝗥 𝗨𝗦 | lexi and fezco.

𝗟𝗘𝗫𝗜 | 𝟬𝟬𝟵

Adentro o backstage, cabisbaixa pela cena do meu convidado mais inesperado da noite  deixar-me sem mais nem menos.

Um buquê de rosas vermelhas é estendido em minha direção e franzo o cenho tentando assimilar se de fato está sendo entregue a mim. Percorro os meus olhos curiosos pelo conjunto de flores bem armado e bonito, descolando um bilhete pregado na embalagem.

"vim te prestigiar como o prometido. só vou desejar bom show. porque boa sorte quem vai precisar vai ser eu, pra focar apenas na peça e não na atriz mais bonita que já vi, atuando bem na minha frente.

sei que está se perguntando se é verdade, como sempre. mas falo sério.

Te amo, Howard."

— Antes de ir embora, ele mandou te entregar. — Minha decepção momentânea vai se esmaecendo, e um sorriso toma conta do meu rosto em consequência do gesto de Fez.

Como toda alegria na minha vida dura pouco, um estrondo é escutado por todos vindo do palco e abro e fecho os olhos vertiginosamente tentando supor isso como um pesadelo irreal.

Não sei se é por vingança ou pura implicância, mas Cassie não conformada em ser os centros da atenção na peça, também quis invadir o monólogo levando tudo por água a baixo ao berrar o quanto meu trabalho é falso, expondo os podres por trás de toda história.

— Já deu... — Cerco seu pulso com minha mão, a impedindo de maiores escândalos. Noto a vermelhidão em seu rosto naturalmente pálido, e isso reforça que a mesma está num momento de raiva. Envergonhada, sinto um bolo ser constituído na minha garganta, consequentemente me deixando sem outros argumentos.

— Alguém tem que parar essa vadia! — Maddy corre com seus saltos altos em mãos e os entrega de maneira desengonçada a Kat, que a acompanha logo atrás.

A morena estapeia sem dó nem piedade minha irmã mais velha, e todos na plateia, que já comentavam arduamente entre risadinhas a postura inconveniente de Cassie, agora tumultuam aplaudindo a atitude agressiva de Maddy querendo ver o circo pegar ainda mais fogo.

— Fechem as cortinas! — A ordem é cumprida e suspiro fundo retomando minha atenção as meninas. A cabeleira de Cassie é repuxada, um possível tufo louro talvez tenha saído nas mãos da enfurecida morena.

[...]

No final das contas, a peça foi muito aclamada. Mas a saída repentina de Fezco ainda atordoava meus pensamentos.

Um temporal cai do lado de fora, e enquanto disco o número do menino para entrar em contato fito as gotículas de água escorregando pelas janelas, desenhando coisas aleatórias.

Balanço as pernas, ansiosa. Sem retorno em nenhuma das milhares chamadas, opto pela única saída: Ir até sua casa.

— Vai sair com esse tempo? — Suzy me intervém e continuo meu caminho, puxando um casaco do cabideiro detrás da porta.

— Pode me levar num lugar?

Não tenho a mesma capacidade de manipulação de minha irmã, mas é como se a tese de que "mãe sente tudo" fosse confirmada, porque a mais velha conseguiu sentir a angústia através do meu olhar.

O percurso até o destino foi quieto, e demorado mais do que o comum em decorrência do tempo chuvoso, já que as pistas ficam mais escorregadiças e demandam o dobro de atenção do motorista que se propõe a dirigir.

O trânsito me enfureceu na mesma medida que atacou minha ansiedade por notícias imediatas de Fez, e deixo o veículo às pressas enquanto cubro minha cabeça com o casaco que antes usava como corta-vento.