We were only kids

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Danny e eu nos conhecemos quando tínhamos nove anos, mas nada era como hoje. Muito pelo contrário.
Era só mais um dia normal na vida de uma pré-adolescente que começava mais um ano escolar. Eu estava animada para voltar a escola, rever meus amigos. Me arrumei, coloquei o uniforme perfeitamente passado, e pedi para a minha mãe fazer uma trança no meu cabelo longo e castanho.
— Turma, temos um aluno novo. Quero que dêem boas vindas ao novo colega de vocês, Daniel Jones. — Em coro, demos boas vindas ao novo garoto. Ele era bem fofo, cabelos cacheados, olhos azuis e sardas no rosto.
Não demorou para que ele se enturmasse com os garotos da sala, os mais chatos por sinal, que implicavam com todo mundo, principalmente as garotas.
Eu estava conversando com as minhas amigas no intervalo quando os insuportáveis se aproximaram e um deles puxou minha trança, para minha surpresa, tinha sido o novato. Os garotos riam da minha cara furiosa e ele ria junto, me deixando ainda mais irada.
- JONES!!! — Eu gritei e ele parou de rir, logo saindo correndo com os outros garotos.
Essa palavra ficou mais recorrente do que podem imaginar. Daniel parecia ter pego graça de me irritar todos os dias ao longo dos anos, ele se divertia em me ver gritando seu sobrenome, correndo atrás dele enfurecida. E adivinhem? Pro meu azar, ele era meu vizinho. Mas isso fez total diferença para nós em algum momento.
Quando tinha doze anos, minha melhor amiga me contou que iria mudar de cidade, o pai dela havia sido transferido no trabalho. Meu mundo estava parecia estar despedaçando. Em quem eu iria confiar? Me apoiar nos momentos difíceis, rir de todas as bobagens e passar todo meu tempo livre junto?
Daniel, em sei ritual diário, veio me incomodar e riu com os garotos.
— Sem Jones? — Ele me questionou confuso ao não obter uma reação minha. Ao invés disso, meus olhos começaram a se encher de lágrimas. Sua expressão mudou, parecia preocupado, culpado até. Sem dizer nada, apenas saí dali rapidamente, sendo seguida pela minha melhor amiga. Eu estava sensível com toda a situação de tê-la longe. Eu teria mesmo que aguentar isso todos os dias sozinha?
Ao chegar em casa, não quis comer, só queria ir para o meu quarto e ficar sozinha, deixando finalmente algumas lágrimas deslizarem pelo meu rosto.
Ao olhar para a minha janela, me deparei com Daniel em seu quarto, dançando da forma mais ridícula que eu já tinha visto. Ele havia tirado a camisa de uniforme e girava no ar enquanto dançava e cantava alto uma música. Acho que por um momento ele havia esquecido que nossas janelas eram frente a frente, separadas por poucos metros de distância, mas unidas pelos galhos da árvore do quintal da minha casa, como se fizesse uma ponte entre os quartos, o que era inicialmente ridículo para duas pessoas que se detestavam.
Eu ri com a cena e ele me olhou, congelando ao notar que estava sendo observado. Era nítido que ele havia ficado sem graça, suas bochechas ganharam cor e ele sorria amarelo. Daniel franziu o cenho quando percebeu que eu ria e logo sorriu, voltando a dançar do seu jeito ridículo, dessa vez olhando para mim, me fazendo rir ainda mais. Quanto mais eu ria, mais ele se dedicava àquilo.
— Então eu consegui te fazer rir? — Ele me perguntou convencido e eu rolei os olhos. — E voltamos a estaca zero, achei que estávamos fazendo avanços.
— É difícil quando você é tão irritante.
— É muito divertido irritar você, suas reações são impagáveis. — Rolei meus olhos novamente e ele riu, me fazendo rir baixo por causa de como sua risada soava. — Você fica melhor quando ri. — Ele me ofereceu um sorriso sem graça, provavelmente por ser a primeira coisa legal que ele me dizia em anos. — Desculpa ter te feito chorar.
— Não chorei por causa de você.
— Não? Mas... — Ele parecia confuso enquanto se sentava em sua janela e eu negava com a cabeça. — Por que então?
Suspirei baixo e me sentei na janela também.
Não sei porquê, mas naquele momento eu senti que podia contar a ele como me sentia e o real motivo por trás das lágrimas. Esse Daniel não era o Jones que me irritava todos os dias, mas sim alguém divertido, que parecia se preocupar com as pessoas, e que ficou em silêncio apenas me ouvindo desabafar. Foi quando eu percebi que eu tinha alguém pra contar, eu não estaria sozinha daquele dia em diante, e também não teria mais o Jones me perturbando. Quer dizer, ele ainda me perturbava, mas era diferente agora.
Naquele dia, passamos a tarde toda conversando na janela sobre os mais diversos assuntos, e percebemos que tínhamos muito em comum. Foi apenas o começo de uma grande amizade.
Parece que foi ontem que éramos apenas crianças. Algumas coisas mudaram, outras nem tanto.
— JONES! — Gritei na janela ao perceber que ele ainda dormia e Danny caiu da cama. — Anda logo, a gente vai se atrasar. É o primeiro dia de aula do último ano.
Ele resmungou, se levantando do chão enquanto esfregava os olhos, vestindo sua típica boxer xadrez.
— Você é tão nerd... — Danny disse enquanto começava a se vestir. Ele não estava errado. Eu gostava de ser pontual, era dedicada e tentava manter boas notas, enquanto ele... Bom, ele era o Danny. Se não fosse por mim sempre chegaria atrasado nas aulas, nem teria as anotações, muito menos ajuda para estudar para as provas.
De alguma forma, nós nos equilibrávamos. Eu era a ansiedade em pessoa, ele calmaria. Eu era a nerd, e ele tinha dons artísticos.
Danny tinha uma banda com seus novos melhores amigos, ainda não haviam se apresentado em lugar algum, mas eram bons.
— Quase perderam a primeira aula. — Harry comentou enquanto eu me sentava ao lado dele e de Dougie, olhei Danny enquanto se sentava ao lado de Tom.
— Eu sei, adivinhe de quem é a culpa. Te dou um prêmio se acertar. — Danny revirou os olhos.
— Eu sei, eu sei. — Dougie ergueu a mão. — Danny!
— Parabéns, Dougie!
— Não era tão difícil assim de acertar, ele tá sempre atrasado, até para os ensaios. — Tom comentou.
— O que é isso agora? Tiraram a manhã para falar mal de mim? — Danny franziu o cenho e eu ri. — Ei, não ria, Bambi. Você é a causadora da discórdia e vai pagar por isso depois.
Bambi. Ele me chama assim desde que nos tornamos amigos. Eu disse que amava sardas e que sempre quis ter algumas.
— Não é culpa minha que você nunca consegue acordar sozinho!
— Não é culpa minha que o despertador não me acorda!
— Eu vou jogar um sapato pra te acordar amanhã.
— Ei, ei, vocês podem parar. — Harry disse, Danny e eu nos olhamos e rimos. Era engraçado como a gente discutia dessa forma e as pessoas sempre acham que estamos falando sério, mas na verdade estamos fazendo o que fazemos de melhor: implicar como outro. É pra isso que melhores amigos servem.
— Entre tapas e beijos. — Tom foi baixo, balançando a cabeça.
— Ódio e desejo, que combinação. — Dougie completou e Harry se abanou com a mão como se estivesse quente, rindo também.
— Eca! Parem de falar besteira. — Fiz careta.
— É, nós somos só amigos.
— Além do mais, Danny é apaixonado pela senhora pernas de Seriema. — Lindsay. Capitã das líderes de torcida. Quão clichê é isso? Nós éramos ninguém naquela escola, e ainda assim meu melhor amigo era apaixonado pela garota mais inalcançável do colégio.
— Ela é gostosa. — Danny justificou e eu rolei os olhos, direcionando meu olhar para a porte.
— Falando no diabo... — Harry disse ao ver a loira entrar na sala acompanhada de seus dois minions, Claire e Hailey.
Era só Lindsay entrar em cena que Danny esquecia quem era. Ele orbitava ao seu redor, seus olhos não desgrudavam dela, seguia todos os seus movimentos completamente hipnotizado.
— Se continuar babando desse jeito, ela vai achar você um bebezão. — Sussurrei no ouvido dele e ele revirou os olhos, finalmente acordando de seu transe.
— Não enche. — Ele disse abrindo o livro quando professor entrou, pedindo silêncio e atenção na lousa.
— Tem ensaio mais tarde? — Perguntei em um sussurro enquanto o professor ajeitava seu material sobre a mesa.
— Tem sim. Você vem? — Tom me olhou rapidamente.
— Fletcher, silêncio! — O professor pediu, fazendo Tom olhar em sua direção rapidamente e assentir com a cabeça.
— Não perderia por nada no mundo. — Sussurrei e sorri largo para eles.
Eu amava os ver tocar, tão felizes quando estavam em seu habitat natural, tão talentosos. Queria que o mundo todo pudesse os ver como eu vejo. Eles só precisam de uma chance, mas eu tenho certeza que não vai demorar até isso acontecer e o destino fazer a sua mágica.

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⏰ Última atualização: May 23, 2022 ⏰

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