Eu não iria conseguir viver se não escrevesse alguma coisinha fofa em relação ao capítulo de sábado. Então, aí vai a minha versão do que aconteceu "naquela noite" entre Paula e Carmem. Espero que gostem ❤
Paula não soube reconhecer de onde veio aquele arrepio repentino que sentiu quando Carmem pousou a cabeça em seu ombro, no banco de trás daquele táxi a caminho de seu prédio; talvez tenha vindo da base de suas costas, ou de seu estômago, ou bem do centro de seu peito. De qualquer maneira, ela fechou os olhos, secretamente desarmada, uma vez que aquele calorzinho gostoso tomou conta de seu corpo. Era provavelmente culpa do álcool. Se não, o que mais poderia ser?
Assim que o taxista estacionou em frente ao prédio da empresária, ela pagou a corrida e abriu a porta.
— Tchau, BFF — disse-lhe Carmem com um sorrisinho manso e a voz cambaleante de quem havia bebido demais. — Eu me diverti muito, sabe? Queria que hoje nunca acabasse.
Paula ficou sem reação durante alguns segundos. Aquele mesmo tipo de arrepio deu as caras dentro dela mais uma vez. A doçura com a qual Carmem vinha tratando-a ultimamente ainda era surreal demais para ela.
— Você vem comigo, cobra — agarrou o pulso da loira e tentou puxá-la para fora do táxi, mas Carmem permaneceu imóvel. Em seu rosto, agora, havia um meigo olhar de incredulidade.
— É sério, Paulinha?
Algo remexeu-se dentro de Paula graças ao diminutivo de seu nome dito nessa entonação. Foi seu coração errando algumas batidas, mas ela ainda não estava pronta para admitir isso.
— É claro! — confirmou com um falso mau humor — Você acha que eu vou deixar você aqui, trêbada desse jeito, pra você vomitar no táxi do moço e dar prejuízo pra ele? Desculpa, moço. Essa mulher só me traz problema. Vem!
Carmem deu uma risadinha e seguiu a morena para fora do carro.
— É tão bom saber que você, finalmente, se preocupa comigo — confessou, dengosa e escorada na parede do elevador. Estavam apenas as duas ali.
Paula permitiu-se dar um sorriso de canto de boca. Na verdade, sentia-se muito confortável ali, na presença dela, depois de terem trocado tantas gargalhadas regadas a Corações Solitários. Observou Carmem morder o lábio inferior e não soube explicar para si mesma o quanto havia gostado de ver isso. Ergueu um indicador, brincalhona.
— Não se acostuma, não, hein?
Carmem soltou uma melosa risada e agarrou a mão de Paula enquanto as duas saíam do elevador e começavam a caminhar em direção ao apartamento da Tarrare.
— Eu vou me acostumar, sim. Agora que nós voltamos a ser BFFs, você vai ter que se preocupar comigo todos os dias, pra sempre.
Riram mais alto.
— Tá, eu vou escolher um dia fixo no mês pra me preocupar com você. Nem mais, nem menos.
— Mentirosa! — exclamou Carmem ao pé do ouvido de Paula — Eu sei que você me ama.
A morena sentiu um arrepio ainda mais poderoso quando a Wöllinger concluiu beijando sua têmpora. Riram mais enquanto entravam, ainda meio cambaleantes, no apartamento de Paula.
— Shhh! — a anfitriã colocou um indicador na frente dos lábios — A Tuninha já deve estar dormindo.
— E a sua filha? Digo, a filha de sempre, não a nova.
O sorriso de Paula desvaneceu-se assim que ela voltou a pensar em Flávia. Sentiu de novo um aperto no peito provocado pela culpa.
— A Ingrid foi se encontrar com o namorado e muito provavelmente não volta pra casa hoje.
Silêncio.
— Então — começou Carmem com cuidado —, nós estamos praticamente… sozinhas?
Paula suspirou, não dando muita atenção ao comentário. De repente, sentia-se exausta. Sentou-se no sofá.
— É… — confirmou, evasiva. — Sozinhas.
As últimas palavras das duas, apesar de iguais, tinham entonações e sentidos diferentes. Carmem percebeu essa diferença e sentou-se respeitosamente ao lado da morena. Não disse nada, como se tivesse medo de fazê-la sentir-se pior, até que ela voltou a falar.
— Ai, eu preciso tomar um litro de café bem forte, senão amanhã de manhã eu vou ser uma ressaca com pernas! — esfregou os olhos, recostando-se no sofá.
— Não, isso é uma fake news. Café não cura nem previne ressaca. Sabe do que a gente precisa? De água. Água pra caramba. Peraí que eu vou pegar.
Paula colocou, inconscientemente, a palma da mão esquerda no joelho direito de Carmem.
— Aproveita e traz também a metade de uma pizza que tá na geladeira. Eu tô morrendo de fome.
A loira obedeceu. Depois de alguns segundos, voltou à sala com uma garrafa d'água de dois litros em uma mão e uma caixa redonda e fina de papelão em outra, colocando-as sobre a mesinha de centro de Paula, que abriu a garrafa e tomou alguns goles direto do gargalo, como se quisesse continuar afogando suas mágoas em água. Em seguida, entregou a garrafa para Carmem, que fez o mesmo.
— Paula Terrare comendo pizza gelada com as mãos direto da caixa… — a Wöllinger comentou, com um sorriso doce, enquanto contemplava-a morder uma fatia. — Quem diria?
— Você tá surpresa? — perguntou-lhe a morena com um meio sorriso e a boca cheia.
— Um pouco — Carmem continuava com um sorriso contemplativo nos lábios. — Mas eu adoro você e todas as suas surpresas.
Dessa vez, Paula não conseguiu ignorar as batidas aceleradas de seu coração. Sem saber por que, sua mente voltou ao Arriba Caracas. Àquela cama onde as duas haviam se beijado enquanto ela estava no corpo de Neném. Eu adorei o beijo, 10/10, dissera-lhe como se fosse o jogador. E não havia mentido. Ninguém nunca a havia beijado com tanta vontade desde os seus primeiros meses de namoro com Celso. Alguma coisa dizia a Paula que Carmem se referia precisamente a essa surpresa.
— A verdade é que já não existe motivo nenhum pra que Paula Terrare continue com uma alimentação saudável. A minha vida acabou — baixou a cabeça depois de terminar de comer a primeira fatia de pizza.
Carmem pôs uma mão no ombro de Paula e começou a acariciar delicadamente suas costas.
— Ai, Paulinha, não fala uma coisa dessas que você parte o meu coração!
— Mas é verdade — insistiu a Terrare, cujos olhos começavam a encher-se de lágrimas. — Eu afasto as pessoas. Afasto elas de mim e depois perco. Perdi o Celso, perdi o Neném, perdi a Flávia, minha filha… minha filha linda, minha filha luminosa! Perdi ela duas vezes: a primeira quando ela era pequenininha e de novo agora. Ela vai me odiar pra sempre. E a Ingrid… o meu bebê, o meu cristalzinho! Uma menina tão doce, tão pura, tão única! Eu perdi ela durante dezoito anos, mesmo ela tendo morado comigo a vida inteira. Tentei mudar ela a qualquer custo, fiz ela não acreditar na própria beleza. E ela é perfeita! Tão linda quanto a irmã. E eu sou a pior mãe do mundo. A pior pessoa do mundo. Mereço ser a escolhida pela Morte.
— Chega! — ordenou Carmem, com os olhos vermelhos de lágrimas — Eu te proíbo de continuar falando assim de você mesma! Você não vai ser a escolhida, não vai morrer nunca. Pelo menos não enquanto eu viver.
Então, a loira puxou Paula para mais perto de si, recostando-a em seu peito. A morena permitiu-se relaxar e arrepiar-se naquele abraço parcial.
— Eu não vou deixar nada de mal acontecer com você, viu? — a voz da Wöllinger também estava pesada pelo choro — Não vou deixar. Porque você… você é muito, muito especial pra mim, Paulinha. E, se te serve de consolo, você não me afastou de você. Ao contrário: você me aproximou de você. Porque você é atraente. Em todos os sentidos. Você, Paula Terrare, é magnética.
O rosto de Paula ainda estava molhado, mas ela já não chorava. Em vez disso, derretia-se completamente por dentro. Enlaçou a cintura de Carmem com os braços, estando ainda recostada sobre o peito dela. Apertou-a contra si. Respirou-a — um perfume amadeirado e delicioso desprendia-se da pele dela. Pôde sentir as batidas aceleradas do coração dela sob sua pele. Então, sentiu que estava verdadeiramente em casa.
— Isso quer dizer que você não vai embora? — perguntou-lhe com uma vozinha quase infantil.
Carmem não parava de acariciar suas costas. A morena escutou-a sorrir.
— Não vou, Paulinha. Vou ficar aqui o tempo que você quiser — beijou-lhe a testa.
— Fica — Paula suspirou. — Bastante. Eu quero.
Em seguida, as duas terminaram de comer a pizza e de tomar a água, compartilhando a mesma garrafa como se naquele luxuoso apartamento não houvesse nenhum copo, taça ou xícara.
— Lá no bar você falou de goiabada com queijo — relembrou Paula — e agora eu tô com desejo. Acho que tem os dois na geladeira. Vai lá pegar pra gente de sobremesa.
— Ah, vai ser assim agora? — Carmem fingiu estar brava — Eu vou ser a sua empregada?
Os lábios de Paula exibiram um sorrisinho travesso e ela deu de ombros.
— Talvez.
A Wöllinger também sorriu, voltando a falar com uma pitada de sedução na voz.
— Eu aceito. Mas só porque é você. Aliás — parou de caminhar ainda na sala, virando-se de novo para a morena —, eu não disse goiabada com queijo, lembra? Você me corrigiu depois, mas eu queria goiabada com outra coisa.
Então, Paula ficou um momento sozinha na sala, sorrindo para si mesma.
Várias fatias de goiabada e queijo depois, Paula inclinou-se na direção de Carmem e deu-lhe um desapressado beijo na bochecha, fechando os próprios olhos. Pôde sentir a doçura tanto em seu hálito quanto no de sua convidada. Borboletas alçaram voo em seu estômago. Assim que voltou a abrir os olhos, notou como a pele alva das bochechas de Carmem estavam coradas. A verdade era que elas pareciam duas adolescentes descobrindo um afeto diferente.
— E isso por quê? — Carmem soltou uma risadinha desconcertada.
Mais uma vez, Paula deu de ombros.
— Goiabada com beijo. Eu fiquei com desejo também.
Olharam-se nos olhos. E depois fitaram os lábios uma da outra. E vice-versa. Paula chegou a abrir milimetricamente a boca, aproximando-se um pouquinho mais de Carmem, mas não teve coragem de avançar. A loira sorriu, como se dissesse "tudo bem se você ainda não está pronta". O calor que irradiava das duas e as envolvia era quase palpável.
— Onde é que eu vou dormir? — perguntou a Wöllinger baixinho — Você pretende dividir a sua cama comigo, por acaso?
Por um segundo, Paula imaginou a cena: as duas dormindo de conchinha em sua cama até o raiar do sol. Esse flash a arrepiou dos pés à cabeça.
— Não — continuou falando num tom suave e sedutor. — Você vai dormir no sofá. Eu vou te trazer um travesseiro, uma mantinha e uma escova de dentes que eu ainda não abri e você dê-se por muito satisfeita. Cobra.
Essa palavrinha de cinco letras já era verdadeiramente um apelido carinhoso. Carmem voltou a sorrir. Seus olhinhos castanhos brilhavam de felicidade.
— Tá bom.
No meio da madrugada, enquanto a loira dormia na sala, Paula teve um pesadelo em seu quarto. Sonhou com a conversa franca e desastrosa que tivera com Flávia.
— Eu não te contei nada antes porque eu não queria que você se afastasse de mim, filha.
— Mas é exatamente isso que eu vou fazer. E eu espero… que a Morte… escolha… você.
Paula chorava baixinho enquanto dormia. As palavras cortantes de Flávia dilaceravam seu coração mais uma vez.
— Filha… — suspirou ainda sonhando e esticou um pouco um braço, como se quisesse agarrar a imagem de Flávia que estava em sua mente. — Não vai embora. Não me deixa.
A empresária abriu os olhos e sentiu um frio e uma solidão igualmente dilacerantes. Acendeu o abajur que ficava em sua mesinha de cabeceira e percorreu com o olhar aquele quarto enorme e vazio. Sentiu que não tinha ninguém. Então, lembrou-se de Carmem. Sentiu saudade dela e rezou para que ela estivesse ainda em seu sofá, para que aquela noite no bar de Gabriel, chaia de risadas e de cumplicidade, não tivesse sido apenas um sonho também.
Correu até a sala e suspirou, aliviada, ao vê-la ainda dormindo no sofá. Aproximou-se e, no escuro, acariciou o rosto dela. A loira acordou em seguida.
— Paulinha… — soltou, confusa e certamente preocupada. — Acordada a essa hora? O que foi?
— Eu quero que você venha dormir comigo. Quero que você me abrace e que… preencha esse vazio horrível que eu tenho dentro do peito.
Carmem não disse nem mais meia palavra. Seguiu Paula até seu quarto, até sua cama, sem pestanejar. A Terrare abraçou-a com força, colando a cabeça em seu peito, como se ela fosse um ursinho de pelúcia capaz de protegê-la de todo e qualquer pesadelo. A loira começou a acariciar as costas dela devagarinho.
— 'Brigada por estar aqui — sussurrou Paula sem se mover. — Você também é muito especial pra mim.
Silêncio. As carícias nas costas de Paula não cessavam.
— Meu amor, você não precisa me agradecer por nada. Mas, olha, por mais que eu esteja amando com todas as minhas forças estar assim com você, eu preciso saber o que tá te afligindo. Por favor, me conta. É essa coisa toda entre você e a Flávia?
Antes de voltar a falar, Paula tomou um momento para apreciar aquele meu amor pronunciado tão maciamente por Carmem.
— É. Eu tô com tanto medo! Medo de nunca mais poder olhar nos olhinhos dela, seja por vontade dela ou… por vontade da Morte… que pode querer levar uma de nós duas.
— Ei… — Carmem levantou delicadamente o rosto de Paula com dois dedos. — Eu já te disse que isso não vai acontecer. Eu mesma posso barganhar com a Morte. Oferecer, sei lá, uma dúzia de empregados meus da Wöllinger em troca da vida de qualquer um de vocês quatro.
A loira conseguiu arrancar uma risadinha de Paula.
— Mas agora falando sério — Carmem continuou. — Você já pensou que a Morte pode, na verdade, não querer levar nenhum de vocês? Ela pode só querer dar um sustinho em vocês pra ver se vocês são mesmo capazes de se tornarem pessoas melhores. Eu penso muito nessa possibilidade desde que fiquei sabendo disso tudo e eu tenho certeza de que você, assim como eu, se tornou uma pessoa muito melhor.
A teoria fazia sentido e Paula tranquilizou-se bastante escutando-a.
— Não sei. A Morte não me parece o tipo de entidade que blefa, mas eu me sinto melhor agora que tô com essa alternativa na cabeça — sorriu, olhando a Wöllinger nos olhos. — 'Brigada de novo. E você tem razão. Eu melhorei, você melhorou. A gente é mesmo muito parecida por dentro.
Carmem continuava sorrindo e deu-lhe um beijo demorado na testa. E depois outro.
— Eu tenho o maior orgulho de me parecer com você. Na verdade, eu sempre admirei muito você. Muito. Sempre. Você é uma mulher deslumbrante. Mais uma vez, em todos os sentidos. E eu demorei pra perceber que me sentia assim a seu respeito. Quem me ajudou com isso foi a minha psicóloga. Eu comecei a fazer terapia logo depois que você recuperou o seu corpo, porque tudo isso foi loucura demais até pra mim. E ela fez com que eu me desse conta do quão antigo e forte é o que eu sinto por você.
Paula respirou fundo várias vezes. Seu coração parecia querer pular para fora do peito e o calor que sentia espalhava-se rapidamente por todo o seu corpo. As mãos de Carmem estavam em sua cintura. A princípio, a Terrare pensou em fazer algum comentário brincalhão como "Nossa! A cobra tá analisada! Quem diria?!", mas já não sobrava espaço em seu ser para brincar.
— Agora há pouco você me chamou de meu amor — disse devagarinho, tentando juntar as peças daquele quebra-cabeça, como os elogios entre uma briga e outra e um presente que Paula jogara pela janela sem nem querer saber o que era. — É isso que você sente por mim? Você me ama?
Carmem sorriu docemente outra vez, como se estivesse em plena paz com seus próprios sentimentos, e acariciou um lado do rosto da morena.
— Eu te amo, Paulinha. Eu te amo muito, muito, muito.
Essas palavras foram como um carinho na alma de Paula que a arrepiou por inteiro. Ela fechou os olhos e eles encheram-se de lágrimas.
— Há quanto tempo? — voltou a olhá-la.
A loira franziu as sobrancelhas como se estivesse fazendo as contas.
— Eu acho que… desde que eu pus os olhos em você pela primeira vez. Aliás, a minha psicóloga me fez começar a entender que… talvez… eu tenha me aproximado do Celso e do Neném só pra ter algum tipo de conexão com você. Eu sei que parece loucura, mas eu fiz isso sem perceber. Não foi minha intenção, eu não quis…
Então, Paula interrompeu-a com um beijo roubado nos lábios. Carmem não conseguiu fechar os olhos de imediato, mas logo rendeu-se àquele beijo profundo e desesperado, agarrando-a pela cintura enquanto ela acariciava-lhe os cabelos curtos. A sensação da língua da Wöllinger na sua era como um delicioso déjà vu para Paula. Sorriram abertamente uma para a outra assim que pararam para respirar.
— Meu Deus, você não faz ideia do quanto eu rezei pra que isso acontecesse de novo, mas com você assim, no seu corpo.
Paula estava explodindo de uma alegria, de uma euforia, que não sentia há muito tempo. Na verdade, sentia que estava pegando fogo. Não sabia o que dizer, como traduzir esse sentimento tão intenso em palavras, então beijou-a com fúria de novo. O efeito do álcool já havia passado para as duas, o que significava que o combustível delas para continuar com aquilo era pura e simplesmente esse sentimento lindo e mútuo.
De repente, ainda beijando-a, Paula levantou a perna direita e apoiou-a no quadril de Carmem. A loira deitou-se de costas e Paula posicionou-se sobre ela, com uma perna de cada lado de seus quadris, sem parar de beijá-la. Então, as mãos da morena enfiaram-se por debaixo da blusa da Wöllinger, tirando-a em seguida e revelando um sutiã preto. Paula parou um momento para apreciar essa bela descoberta.
— Você tem certeza? — perguntou-lhe Carmem gentilmente.
A Terrare assentiu, fazendo-lhe um carinho no rosto.
— Tenho. Eu não sei se o que eu sinto por você é exatamente amor, mas eu sei que eu sinto alguma coisa muito boa estando aqui com você. Muito boa. E eu quero sentir coisas boas. Eu não aguento mais sofrer. Não aguento mais!
Mais uma vez, os olhos de Paula encheram-se de lágrimas. Carmem sentou-se na cama e, com ela em seu colo, abraçou-a o mais forte que conseguiu.
— Não existe nada que eu queira mais na vida do que te fazer feliz, meu amor — sussurrou, com a voz embargada também.
Em seguida e com urgência, Carmem desabotoou a camisa do pijama vermelho de Paula — ela já não estava usando sutiã. Começou a beijar seu pescoço, arrancando dela um primeiro suspiro de prazer. Então, Paula livrou Carmem de seu sutiã e deslizou as unhas pelas costas dela. Refugiada em seu pescoço, Carmem gemeu. Em seguida, desceu seus beijos até os seios da Terrare. Chupou os mamilos dela com ímpeto e carinho. Paula jogou a cabeça para trás e gemeu também. Sentia que já estava bem molhada. Seu clitóris latejava, implorando por algum tipo de contato. A morena, então, moveu os quadris para frente, criando uma breve e deliciosa fricção entre sua virilha ainda coberta e as coxas de Carmem, também ainda cobertas. A ação arrancou um gemido ainda mais alto da garganta de Paula.
A loira entendeu a mensagem e colocou a Terrare de lado unicamente para livrá-la da calça de seu pijama e de sua calcinha. Paula fez o mesmo com ela e, em seguida, as duas voltaram para a posição anterior: uma sentada com a outra no colo.
— Meu Deus, você é linda demais — sussurrou Carmem olhando fundo nos olhos de Paula.
— Você também — disse-lhe a morena no mesmo tom, acariciando-lhe os cabelos e aproximando-se mais ainda dela para beijá-la de novo.
Enquanto o beijo seguia seu curso, Paula começou a mover os quadris outra vez. Gemeu na boca de Carmem. E gemeu fora dela também. A loira foi deitando devagarinho de novo, de costas e com ela sobre si o tempo todo. Os quadris incansáveis de Paula continuavam movendo-se ritmicamente e fazendo com que as duas gemessem em sinfonia. Carmem abriu um pouco mais as pernas, para que o sexo da morena pudesse colar-se ainda mais ao seu. Paula deitou-se sobre ela, peito rente a peito, coração com coração, e escondeu o rosto em seu pescoço, sem jamais deixar de mover-se da cintura para baixo. A loira abraçava-a como se sua vida dependesse disso. Paula beijou, passou sua língua pelo ponto de pulso de Carmem e gemeu ali, descaradamente alto — era o gemido que anunciava o seu orgasmo.
O prazer que sentiu foi tão surrealmente delicioso que fez com que ela tivesse certeza de que o resto do mundo não existia. Passou os dentes suavemente pelo pescoço de Carmem e precisamente isso foi o que pareceu fazer com que ela também alcançasse o seu orgasmo.
Paula continuou movendo os quadris contra o sexo da loira devagarinho, querendo prolongar ao máximo aquele prazer tão sublime. Gemiam baixinho agora, como que descendo do Paraíso aos poucos. Então, pararam de vez e Carmem posicionou-a novamente ao seu lado com cuidado. Suas pernas continuavam deliciosamente enredadas.
— Cê tá bem? — perguntou a Wöllinger com os olhinhos brilhando de paixão, acariciando o rosto da morena.
Paula sorriu e fez um carinho no rosto dela também.
— Eu tô ótima — deram-se um beijinho de esquimó. — Foi tão bom! Eu nunca pensei que pudesse ser assim.
— Eu já pensei. Fantasiei com esse momento muitas vezes. Muitas. Mas você é muito melhor do que qualquer fantasia. Você é a coisa mais linda que já me aconteceu na vida.
Deram-se um beijo delicado nos lábios.
— Eu te amo — declarou Paula com os braços ao redor do pescoço de Carmem. Agora tinha certeza. Esse sentimento esplendoroso que transbordava de seu peito podia ter somente um nome.
Os olhos da loira encheram-se d'água.
— Eu também te amo, meu amor. Te amo tanto!
Abraçaram-se com força mais uma vez e passaram um tempo indeterminado submersas uma na outra. Logo, Carmem assumiu o posto de conchinha maior e o sono foi chegando nelas aos poucos. Estavam quase rendendo-se a esse sono quando a loira voltou a falar, baixinho no ouvido da morena.
— Paulinha?
A Terrare sorriu, acariciando a mão de Carmem, que repousava em seu abdômen.
— Que foi?
— E se você acordar amanhã com uma ressaca forte o bastante pra te fazer esquecer de tudo o que aconteceu entre a gente essa noite?
Paula derreteu-se devido ao tom infantilmente preocupado da loira. Virou-se para ela.
— Eu duvido muito que isso vá acontecer, mas, se acontecer, não há mal que dure cem anos. Mais cedo ou mais tarde, a ressaca vai passar, eu vou me lembrar de tudo e vai ficar tudo bem. Eu prometo. Se bem que tem uma coisa que a gente pode fazer pra diminuir qualquer eventual lapso de memória.
Então, Paula levantou-se e recolheu as roupas delas do chão. Vestiram-se, só que uma com as roupas da outra. Logo, voltaram às suas posições de conchinha maior e menor. Deram-se o último beijo daquela madrugada, Paula apagou o abajur e as duas, em seguida, fecharam os olhos.
Com toda a certeza ficaria tudo bem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Goiabada com Beijo (Carrare)
Fanfiction- Eu não vou deixar nada de mal acontecer com você, viu? - a voz da Wöllinger também estava pesada pelo choro - Não vou deixar. Porque você... você é muito, muito especial pra mim, Paulinha. E, se te serve de consolo, você não me afastou de você. A...