you are my safe place

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— Obrigado pela presença de todos! Não pagaríamos os alugueis sem vocês  —  Soobin agradece ao pub clássico que tocamos duas vezes na semana, recebendo aplausos e gritos, especificamente de um grupo de garotas que estavam no canto do ambiente.

— Nós somos o Tomorrow by Together, para mais de nossa música basta pesquisar nas plataformas digitais. Obrigado! — foi a vez de Kai falar com a galera e darmos saída ao backstage. 

Falante como sempre, Huening entusiasmava-se comemorando mais um bom show e uma boa audiência, enquanto conversava com Yeonjun que dirigia sorridente. Ao meu lado direito havia nosso baterista Soobin que já estava adormecido, e a minha esquerda, em falas mais cautelosas e baixas, havia Beomgyu no telefone com seu irmão. Era inevitável não ouvir o que falavam pois ele estava ao meu lado mesmo. Gyu dizia estar feliz com o show e a vida que levávamos aqui em Nova Iorque, porém sua cara fechada e as olheiras a baixo dos olhos não pareciam consensuar com as palavras do baixista. 

— Sim, Minho. Avise-os que eu e os meninos damos conta. — Beomgyu revirava os olhos e fazia um biquinho, quase imperceptível para quem não o conhece desde os 11 anos de idade, ao ouvir algo que não gostou na chamada. — Vou ter que desligar, depois conversamos. 

Vendo-o encerrar a ligação, finjo que estava prestando atenção nas minhas redes sociais para não parecer invasivo. Porém o meu instinto de curioso/preocupado não permitiu que eu deixasse passar o olhar cabisbaixo e cansado de meu amigo. 

— Tudo bem, Beommie? — não era bem o que eu tinha formulado, mas eu sei que ele não resiste ao apelido. — Está cansado? — a resposta veio em um simples gesto. Beomgyu apenas deitou a cabeça em meu ombro e a chacoalhou em uma tentativa de "sim". Em forma de conforta-lo, o ajudei a se ajeitar da maneira que deu, e em cerca de cinco minutos ele já havia pego no sono. 

Enquanto estávamos preso no trânsito nova-iorquino, me lembrei de que faz quase um mês que Beomgyu anda calado, sem muitas expressões ou sorrisos, sem brincadeiras, e ele definitivamente não é assim. Apesar de observar esse seu comportamento, não o questionei se algo havia acontecido. Nossa relação ao longo desses 10 anos é a base de gestos, eu e ele procuramos estar presente na vida um do outro através de suporte físico, nunca forçamos a barra porque dessa maneira parecia confortável de se viver, até o exato momento que me bateu a insegurança que talvez ele não confie em mim, por isso não me conta seus problemas, não conseguimos ter uma conversa mais íntima, sempre faz parecer que um dos dois está desconfortável ou envergonhado pela situação, então acabamos evitando ao máximo. 

Quando crianças, nós éramos inseparáveis. Portanto que o nosso grupo se formou a partir de nós dois, quando ainda estávamos no 8° ano da escola, porém após isso nos afastamos muito até chegar no hoje. Tudo bem que para muitas pessoas a linguagem do amor: atitudes de serviço é algo para se admirar, mas não é isso que eu quero com o Gyu. Por que nossa relação não pode ser igual a de Soobin e Yeonjun? Ou sei lá... Eu só quero saber se o deixo desconfortável ou não o passo confiança... 

***

Era domingo de manhã, Huening passava um café enquanto eu prepara nossas panquecas e esperava os Choi's para o café da manhã. Era nossa tradição de domingo, sempre na casa de um de nós. Eu e Hyuka dividíamos um apartamento pequeno e logo acima morava Soobin, Yeonjun e Beomgyu. Viemos da Coreia para o Estados Unidos quando Hyuka completou 18 anos, planejamos tudo por um ano a espreita de nossos pais. Yeonjun era o mais velho de nós, na época era o único que trabalhava, ele pagou pelo apartamento no qual mora hoje, porém antes morava nós cinco lá, era uma bagunça imensa. Quando começamos a ganhar um pouco de dinheiro com as apresentações que fazíamos, eu e hyuka decidimos alugar o apartamento de baixo dos mais velhos, e assim vivemos desde então. 

Daisy - taegyu oneshotOnde histórias criam vida. Descubra agora