Eufonias do Destino

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Era uma vez...


Sim, assim começa essa história. Um tanto quanto antiquado, eu sei, mas não é dessa forma que contos de fadas começam? Pois bem...

Maleyan é uma bela ninfa filha de elfos, e princesa do Reino de Varmirt. A doce e caridosa jovem sempre fora presente nos assuntos do seu reino e esteve junto de seu pai quando o tratado dos Seis Reinos da floresta de Alua foi travado.

Foram anos prósperos de paz, com grande influência da pequena princesa crescendo e impondo melhorias para todos de seu povoado. Como herdeira de Varmirt, ela ia com seu rei para os mais importantes compromissos.

A jovem cresceu conhecendo cada uma das seis criaturas governantes dos pontos mais extremos de todo bosque. Onde convergiam seus caminhos até a Clareira de Ferro e Ardor para se disporem de frente ao grande coração da floresta e atualizar o pacto.

Mas foi no seu vigésimo aniversário que seu pai falecera. A dor do reino fora como a imensidão de uma tempestade que atordoou o longínquo mar de Kzairer, espalhando-se por todo o continente pelos sussurros do vento. Naquela noite, e durante três dias seguidos, toda a floresta chorou. O funeral reunira todos os residentes daquele lugar mágico para se despedir de um grande homem e governante.

Maleyan se mostrou forte, era preciso como a futura rainha, contudo, em seu interior, a dor era como se diversos espinhos de sua roseira fossem cravados contra sua carne. Por um momento pensou em abdicar do trono, mas apenas no ano seguinte assumiria o poder de seu reino, no terceiro ciclo da lua, quando os tratados eram renovados.

Todavia, os mesmos ventos que sopraram com pesar a morte do Rei Bollard, espalharam novas notícias. Maleyan, com suas vestes azuis finas como o ar e adornado com flores que desabrochavam todas as manhãs embalsamando por onde passasse, cruzou toda a floresta de Alua cantarolando notas eufônicas.

Ao voltar para seu reino, trouxe consigo um presente. Regalo este que mudaria toda a história. Não só de seu povo, como de toda a imensidão da floresta mágica de Alua.

Ainda cantarolando, deslocou-se por entre as vinhas e raízes retorcidas das infindas árvores altas que em lugares distintos quase não se via a luz do sol.

O som de sua voz era como o de um anjo, até as fadas confundiam as melodias com as mais puras magias antigas. Conhecendo a pureza e bondade da jovem, todos vinham ao seu encontro para agraciar a futura rainha, entretanto as respostas ao vê-la eram de horror.

Os longos cabelos loiros tinham mechas grudadas ao rosto em tons róseos, e seu vestido manchado, pesado com um tom profundo de carmim. Uma de suas mãos, que balançavam ao movimento de seus cânticos, tinha uma lâmina majestosa empunhada refletindo os poucos fachos de sol em cada curso que reproduzia com os braços.

Na outra mão, entrelaçados em seus dedos, grossos fios ligavam a uma forma pálida com olhos brancos e a boca pendendo aberta. Trilhando a terra como uma cachoeira infinita de sangue, Maleyan trazia a cabeça de um dos Reis dos grandes Reinos de Alua.

Um pequeno lugar chamado AluaOnde histórias criam vida. Descubra agora