Capítulo único

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Minha rotina de treinamentos não é fácil, eu tenho que garantir que todos esses pesos mortos que vem pro meu dojo saiam daqui habilidosos e prestando para nos ajudar a combater maldições. Não é uma tarefa muito fácil, ainda mais quando alguns ficam fazendo gracinhas.

Na verdade, é só um que faz parte da minha seleção de idiotas que nem deveriam estar aqui: Satoru.

Entre todos os alunos, ele é o que mais me irrita, esquece constantemente que sou sua superior e me trata com desrespeito várias vezes. Eu tentei puni-lo vez e outra, colocando todos os outros alunos em combate contra ele ao mesmo tempo, mas o querido tem a habilidade que não deixa ninguém colocar a mão nele — o que eu acho constantemente uma pena, já que minha vontade é de estapear ele no rosto quase sempre, principalmente quando ele chega me chamando para sair, como se tivéssemos algo em comum, como se eu fosse uma qualquer. Ele faz isso quase todos os dias, apenas quando não aparece no treino que não — outra coisa que detesto, porque ele dá mau exemplo para os demais alunos e me deixa totalmente puta.

O pior de tudo, é que eu não tenho muitos motivos pra ficar cobrando algo dele, já que se trata do feiticeiro mais forte de todos, e mesmo que eu colocasse a sala toda contra ele e o mandasse não utilizar o infinito, ele ainda vence com os pés nas costas. Mas eu só queria que ele entendesse que nem todos são abençoados com as mesmas habilidades que ele tem e que muitos precisam sim se esforçar pra saírem daqui sabendo se defender. Ele é horrível de lidar porque se acha muito, e tem os motivos dele pra isso. Isso é o que me deixa mais irritada.

Estou sentada tomando meu chá e observando todos os quatro alunos tentando concluir o exercício que pedi para controle da energia amaldiçoada, mas Gojo Satoru está encostado no canto do cômodo, sentado, com as pernas esticadas e dizendo em tom zombeteiro para os outros se esforçarem.

Minhas mãos tremem com tamanho desrespeito. Eu sequer sei porque ele continua frequentando minhas aulas, não vejo a menor necessidade, ele não tem mais nada que precise ser treinado ou aprimorado. Finalizo meu chá — porque senão tentaria jogar nele, e já sei por experiência que não funciona — e me levanto, não consigo evitar pisar duro nos passos largos que dou indo na direção dele. Apesar de toda minha raiva acumulada, respiro fundo antes de dirigir a palavra a ele.

— Se não tem interesse nas aulas, por que continua vindo aqui atrapalhar os outros? — me aproximei dele, falando baixo e estreitando os olhos, não queria chamar a atenção.

— Você sabe muito bem o que me faz vir pra cá, professora. Venho pra admirar sua beleza, é uma honra assistir você suando enquanto derruba esses inúteis.

Não adianta bater nele. Não adianta bater nele. Não adianta bater nele.

Repeti essa frase noventa e oito vezes na minha cabeça mantendo os olhos fechados, porque todos os meus sentidos me levam a escolher a violência e é muito frustrante saber que não é opção.

— Deve estar querendo me bater, não é? — ele riu, debochado — Sabe, se quiser me tocar, posso desativar pra você.

Como uma pessoa só pode me tirar do estado de paz que eu tenho diariamente e me deixar tão puta de raiva? Presunçoso do caralho.

— Você e eu depois do treino. Você vai desativar essa merda e lutar comigo.

— E o que eu ganho se te vencer?

— Nada. Me ouviu falar em algum tipo de aposta?

— Assim nem tem graça… vai ser fácil demais.

— Então... se perder pra mim, talvez possa me pagar uma bebida.

Eu gostaria muito de ver sua expressão completa, mas a maldita venda que ele usa nos olhos não permite. Fiquei curiosa. O que ele queria mais? Ser o arrogante que nunca perde ou ter a remota chance de me levar pra sair? Isso porque não tenho a menor intenção de cumprir com o combinado, apenas quero que ele desça alguns degraus e pare de ser tão esnobe.

4th round - GojoHimeOnde histórias criam vida. Descubra agora