Nightmare

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Oi gente! Tudo bem ?
Que saudade!
Estive sumida por alguns motivos: faculdade, provas e trabalhos...CAOS!
Mas estarei de volta aos poucos, portanto, não desistam de mim, por favor!
Espero que mantenham-se bem e saudáveis e contem comigo!
Beijo grande e boa leitura! 💚

⚠️ Contém gatilhos de violência e sangue!!!
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Jason Todd pov

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Jason Todd pov.

- Não foda comigo, Damian! — bato meu punho sobre a mesa. – A merda desse satélite TEM que funcionar. — esbravejo. – Não há possibilidades de não ter nem sequer um rastro dela.
168 horas.
Sete dias.
Uma semana.
Exatamente sete dias que minha vida havia se tornado um inferno, um dos piores que já enfrentei. E eu me considerava um profissional em infernos.
A "batcaverna" estava cheia como nos velhos tempos na maioria dos dias, ainda que fôssemos só "nós".
Heróis e amigos prestavam suas solidariedade e ofereciam-nos ajuda, mas preferimos mantermos em poucos, mas deixamos todos sobre aviso, buscávamos Frank.
A busca era como a constante penetração de uma agulha agonizante em meu cérebro lembrando-me de minha incompetência e irresponsabilidade.
Minha culpa.
O miserável de Jericho havia pegado-a por minha culpa.
Não haviam notícias ou sinais, apenas vídeos torturantes que nos eram enviados eventualmente. O último havia sido enviado a nós dois dias atrás.
Sempre as mesmas coisas, agonia de Frank, todos fechando os olhos quando alguma parte dela era ferida.
Uma parte minha morria ao decorrer dessas imagens, a parte boa e humana que apenas Frank conservava em mim morria a cada vídeo.
Eu quase podia ver os grandes olhos verdes de Frank penetrando-me como facas em seu desespero e eu era o culpado.
Ninguém dormia, pouco era dito.
Dick pediu ajuda aos Titãs, assim como Damian, para que as buscas se estendessem a outros lados do país.
Bruce havia se tornado algo como uma sarna em meu encalço, impedindo-me de tomar alguma providência precipitada, as diversas ligações que fazia por dia, me manteriam na linha por um tempo, e eu podia respeitar isso, por enquanto.
- Devíamos ter instalado a merda de um rastreador subcutâneo. — disse a voz rouca de Tim.
Definitivamente o pior entre nós.
Tim Drake era alegre, falante e irritante. Era o alívio cômico que agora, eram só farrapos de alguém que ja existiu. Ele era o que mais exteriorizava suas emoções, e isso era transpassado ainda mesmo agora, em seu estado decadente.
Todos tínhamos perdido peso consideravelmente, ainda que Alfred nos obrigasse a comer algumas vezes por dia. Tim era o mais debilitado.
Ele não falava, comia pouco, tinha agora seus olhos cansados e sempre com olheiras, ele parecia ter perdido o ar de confiança.
Todos havíamos, Frank costumava despertar o melhor em todos nós.
Honestamente, todos nós havíamos perdido um pedaço de empatia, uma vontade constante surgia, queríamos desistir de Gotham.
Uma garota inocente, com um futuro brilhante havia entrado em uma teia de aranhas de inimigos que não eram dela, eram nossos, porque insistíamos em ver o melhor em uma cidade que não havia nada de melhor.
Eles nos caçavam, não a ela. Mas ela era quem sofria por isso, sempre os mais fracos, eram os sofredores.
- Acho que posso ter encontrado algo. — disse Dick pálido entrando na sala com o ipad em suas mãos. Ele projetou a imagem no grande telão central e pude sentir meu estômago contrair. Um zoom gigantesco nos olhos de Frank, um reflexo.
Um pequeno reflexo que apresentava uma mínima figura de um pôster velho.
Um antigo centro industrial falido. Clichê.
Muito chumbo.
Logo, sem ajuda kryptoniana.
Isso não seria problema, eu arrancaria a cabeça de Jericho e o queimaria, assim como uma vez fiz com seu pai, que me deu o dobro do trabalho.
Mas no caso de Jericho, eu o cortaria em pedaços antes.
Jericho queria me torturar, vingar a morte de seu pai, despedaçando um ente querido meu. Sua morte seria dolorosa.
- Uma equipe pequena. — digo a ele. – Discrição e estaremos com a cabeça dele em mãos antes que ele possa piscar.
- Quero ir. — diz Tim levantando-se.
- Você está fora de forma. — diz Damian. – Vai nos atrasar.
- Eu vou. — disse sério e encarei Dick que suspirou coçando as têmporas.
- Só vamos rápido. — anuncio deixando-os e caminhando até a sala de armas.
Tiro minha camisa e suspiro encarando as novas cicatrizes abertas em meu corpo. Precisei de alívio quando ela se foi e a dor foi o melhor consolo para o caos em minha cabeça.
- Está nervoso ? — pergunta Dick entrando na sala.
- Estou com sede. — visto o traje. – De sangue humano.
- Está em controle ?
- Não. — amarro minhas botas. – E isso é uma vantagem para todos nós.
- Não acha melhor montarmos um plano ?
- O plano é resgatar Frank e pegar os olhos de Jericho como troféu, alguma dúvida ?. — respondo.
- Nenhum, você está em cargo ? — pergunta vestindo seu traje.
- Estou, mantenha seu comunicador ligado e mantenha Tim vivo, pelo amor de Deus.
- Farei isso. — assente e saímos da sala de comando de armas, carregados.
Ouço Dick testar os bastões carregados e coloca-los em suas costas.
Vejo a pequena equipe que me acompanhava, Bruce estaria orgulhoso e até nos acompanharia se não estivesse em uma missão da liga.
Damian e Tim entraram em um carro e eu e Dick seguimos em nossas motos.
O trajeto foi rápido e eu podia sentir meu coração em minha boca.
As missões passionais eram infernais.
Meu coração bombeava um sentimento que pouco conhecia, o medo.
Mas o que contrastava com ele em meu corpo, era a raiva.
Eu estava com muita raiva, como há tempos eu não sentia.
Jericho conheceria a dilaceração por minhas mãos.
Nossa história era antiga e conturbada, algo que facilmente me esqueci.
Ele tentou me matar e vingar-se por seu pai diversas vezes, nunca revidei.
Porque afinal, não fazia parte de minha personalidade manter rancor, ou ficar chateado. Eu apenas me vingava, e era o momento.
Direcionei meus dedos ao plano, seríamos aéreos e silenciosos como nunca, recebi acenos confirmativos e ouvi as cordas tecnológicas soltarem-se.
Entramos rápidos e rasteiros.
Silêncio, o silêncio fazia meu coração pulsar acelerado.
Damian digitava rapidamente em sua pequena tela, desligando cada pequena parte do circuito protegido de Jericho.
Descemos em silêncio pelas cordas, ainda parando alto o suficiente.
Porque não havia uma garantia que Frank estivesse viva.
Então ouvi correntes e olhando na direção eu a vi, e quase pude queimar aquilo tudo.
Corri até ela e deslizei a sua frente encarando-a em estado deplorável.
Os olhos vivos pareciam cansados e tinham sombras escuras em seu redor, seu rosto estava pálido e ela se encolhia pequena em um cantinho escuro com suas roupas em farrapos, mal aquecendo seu corpo.
Seus braços estavam roxos com as pesadas correntes prendendo seus braços e pernas, ela parecia mais magra e tremia muito, gemendo a cada movimento dolorosamente.
Aquela não era Frank, era a versão que poderia me matar, de Frank.
Dolorida, machucada e traumatizada.
As lindas pernas cobertas por hematomas e ao segurar seu rosto, quase pude rosnar.
Um hematoma recente cercava seu olho.
Miserável.
Ela me encarava, mas não dizia nada.
- Oi, amor. — sussurrei. – Vou queimar tudo isso por você, minha dama.
- Mas que lindo! — ouço a voz estridente de Jericho e ouço as luzes do espaço ascenderem em minha direção. – Tão comovente você ter mudado de monstro para príncipe, Jason! — sorriu doentio e colocou sua mão ossuda em seu queixo. – Quase me lembro de ter lido essa história.
- Sabe, Jericho. — suspiro. – Você ultrapassou muito os limites de um garotinho magoado, sentindo falta do papai. — eu sorria friamente, quase podia sentir minhas bochechas quase rasgarem. – E eu gostaria muito que soubesse de uma coisa. — levantei-me, dando sinal no comunicador para que Tim descesse em discrição e soltasse Frank.
- Que sua namoradinha puta é fiel ? — sorriu desafiador. – Sei disso, a fidelidade dela custou essas novas lindas cores nesse corpo delicioso que infelizmente não tive tempo de provar. — aproximou-se. – A buceta dela é tão selvagem e apertada como parece ?.
O agudo, o maldito agudo que perfurava minha cabeça como serras, tornou-se presente, minha visão ficou vermelha assim como a máscara cor sangue que eu vestia.
Antes que pudesse agarra-lo, Dick soltou-se do teto, golpeando-o diretamente na cabeça.
Jericho rapidamente levantou-se e sorriu.
- A Batfamilia, hein !? — debochou.
Jericho não nos esperava, ele estava desprotegido e despreparado.
Jericho tentou deferir golpes em Dick, mas ele era mais rápido e mais forte, imobilizou-o rapidamente e eu sorri encarando-o.
- Muitos outros virão, Capuz...ela sempre será a frágil isca que tive o prazer de torturar, me divertindo enquanto você a procurava incansavelmente, eu queria que a visse assim. — sorriu. – Despedaçada. — soquei sua boca, vendo o sangue escorrer em seu rosto por inteiro.
- Sabe como seu pai morreu, Jericho ? — perguntei vendo-o sangrar. Dick soltou-o e me deu espaço, eu sabia o que significava, eu poderia perder o controle, ele respeitaria isso. Levantei-o até o gancho pesado localizado no centro da antiga indústria.
Eu não conseguia respirar e minha garganta contraia-se amargamente. Dor, um sentimento inspirador. Minha empatia parecia ter sido desligada a cada golpe que eu desferia em seu corpo, ouvindo-o gemer e ainda sim sorrir como um psicopata.
Eu havia me tornado um animal, mas que se foda, eu teria minha vingança, eu teria o sangue de Jericho.
Foi o que pensei até sentir o sangue sendo jorrado em meu rosto quando empalei-o no gancho.
Prazerosamente, vi a ponta atravessar lentamente seu peito em gritos agonizantes.
Nada mais importava, eu me banharia em seu sangue.
Quando terminei, vi o corpo de minha dama nos braços de Tim.
- Ela não aguentou. — disse sério encarando-a. – Desidratação e trauma.
- Quer que eu...? — perguntei oferecendo-me para segura-lá e ele negou.
- Você está coberto de sangue. — disse sério e apenas virou-se caminhando com ela em seus braços até o carro.
Aquilo havia terminado, Frank era minha mais uma vez e eu poderia voltar a respirar.
Respirar como não havia respirado pelos sete últimos dias.
Frank era minha mais uma vez.
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Frank Jones pov.


Eu gostava do som da chuva caindo.
Era calmo, pacífico e tranquilo.
Leves gotas caindo nas janelas em uma tarde de sexta-feira de leitura, pendurada na janela do quarto de James, ouvindo meus irmãos assistirem o jogo favorito de futebol deles.
Gostava do cheiro dos hambúrgueres que meu pai fritava nessas tardes e dos gritos de Brian a cada vez que Luke roubava pedaços de seu prato.
Eu gostava de dormir com Daniel nas noites de tempestade e me lembro de virarmos um grande monte de pessoas, quando meus outros quatro irmãos uniam-se a nós durante as madrugadas.
Lembro-me da euforia e de como chorei na madrugada quando minha carta de aprovação e bolsa da universidade de Gotham, havia chego. Lembrei-me das fotos e cartas de mamãe, eu sentia falta dela.
Eu sentia falta do Texas, de cada parte e sentimento dele.
Sentia falta de estar longe dos riscos, dos problemas, confusão e sentia falta de não ter medo.
Medo de acordar morta ou medo de perder alguém que eu amava.
Infelizmente, quando abri meus olhos, aquilo não era o Texas, era a mansão Wayne, poderia reconhecer o papel de parede caro em qualquer lugar.
- Devagar. — ouço a voz de Tim ao tentar me levantar da cama. Ele apenas ergue minhas costas, mantendo-me sentada. – O médico disse que você precisa de tempo e cuidados.
- Quanto tempo estou apagada ?
- Dois dias. — responde ele.
- Jason ?
- Foi buscar seu almoço, ele não deixa que fique sozinha mas não quer deixar Alfred fazer seu trabalho. — suspirou bloqueando a tela de seu celular e sentando na beirada da enorme cama. – Como se sente ?
- Dolorida. — respondo. – Como se um caminhão tivesse me atropelado.
- Seus irmãos ligaram umas mil vezes. — disse Tim entregando-me meu celular. – Retornei algumas e aparentemente James, Daniel e seu pai estão a caminho.
- Isso é bom. — sorri.
- Disseram que vão te levar de volta. — comentou contragosto.
- Talvez eu deva ir...—murmurei triste.
- Você quer ir ? — ouço a voz de Jason no batente da porta e automaticamente fecho meus olhos.
Ele tenta se aproximar mas por reflexo me encolho.

"Jason Todd é culpado pela sua dor"

A constante voz martelava em minha cabeça, eu não queria me aproximar, tudo era doloroso demais.

- Frank, eu...— me toca e posso sentir a área arder, encaro-o assustada. – Romã ?
- Ela precisa de tempo. — diz Tim puxando-o levemente pelo ombro.
Ouço a porta fechar mas as vozes não cessam.
- Ela tem medo de mim. — ouço Jason.
- Ela está traumatizada. — responde Tim. – Isso vai passar, com tempo e tratamento.
- E se nunca passar ?
- Então esteja pronto para deixa-lá ir. — responde Tim e ouço vidro sendo brutalmente estilhaçado. Automaticamente abraço meu corpo dolorido.
Vejo Tim voltar com uma bandeja e um sorriso doce.
- Uma sopa para uma princesa. — sorriu deixando a bandeja em meu colo.
Cada colherada era uma superação de dor, meu corpo latejava continuamente, mas eu sobreviveria.
- Vou superar isso algum dia ? — pergunto a ele.
- Você vai se lembrar disso pra sempre. — suspirou ele. – Mas isso também te deixa mais forte. — apoiou sua mão em meu ombro. – Por isso, tente não perder sua essência e seus sonhos, e não se cobre tanto.
- Obrigada, Tim. — sorrio. – Por tudo.
Eu confiava Tim.
Tim não significava dor.
Nem quando socos e cotoveladas atingiram meu corpo covardemente, em nenhum momento Tim Drake era dor.
Mas Jason Todd...
Jason Todd era dor.

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