Carla, Théo e Ítalo ficaram no nosso quarto até umas seis e pouco. Depois disso Arthur disse que eles tinham que sair.
— Quero ficar sozinho com meu namorado — foi o que disse aos amigos.
Eu estava lendo na minha cama. Enfiei a cara no livro quando os amigos dele fizeram sons que não estou disposto a descrever.
Ao saírem, Arthur sentou-se à cama e perguntou se eu fiquei chateado por ele ter trago os amigos.
— Lógico que não — franzi o cenho diante daquela pergunta.
Ele parecia encabulado.
— É que a gente fez barulho e você estava lendo.
— Eu também leio com música. Mas... estou sem o celular por aqui. Hudson o achou.
— Como? Estava bem escondido.
Dou de ombros. Não existe esconderijo perfeito, de qualquer modo.
— O celular está quebrado.
— Droga. Não tenho nenhum celular comigo.
— Nem drogas, espero.
Ele ri.
— Nem drogas. Apesar... de que você pode ter meu beijo pra se viciar.
Ele tenta fazer uma cara sexy, mordendo o lábio e tudo.
E eu disparo a rir.
— Foi péssima!
Arthur coloca a cabeça pra cima e ri comigo. Ele deita na cama e imediatamente para de rir.
— O que foi?
Ele solta um gemido de dor.
— Minhas costas ainda estão queimadas.
Ao se levantar, tira a camisa e depois vai até a mesa de vidro. Há um pequeno pote de vidro lá. O creme dele. O sol bate necessariamente no lugar em que ele está parado e, se eu não o conhecesse, diria que esse momento foi totalmente planejado. Levanto-me também e digo para ele antes que eu perca minha coragem:
— Deixa que eu passo em você.
— Sério? — Ele abre a boca em O fingido de surpresa.
Reviro os olhos.
— Cuide logo antes que eu desista.
Arthur foi até a própria cama e se deitou com a barriga para baixo. A bunda dele é perfeita. Eu tinha que aceitar passar creme nas costas dele sempre que der.
***
Eu tinha certeza que ia me arrepender do que estava prestes a fazer. Mas deixei para me arrepender apenas amanhã. Hoje, agora, estou batendo á porta, tentando ser delicado e sinceramente, gentil. Mas não estou conseguindo quando só queria mesmo chutar alguma coisa. Quando Allan apareceu, surpreso por me ver eu deixei que ele primeiro percebesse a minha raiva, depois que percebesse que eu queria entrar.
O bloco onde alguns professores ficam é quase do mesmo tamanho que um bloco normal, tirando o fato de que aqui a grama é menos cuidada e os quartos são menores. Sem mesas de vidros, sem janela com grades. As paredes são cinza como cimento e a luz é forte. O quarto parece-se muito com uma prisão. Mas uma prisão que tem uma porta e uma máquina de café. Allan esperou cinco segundos para analisar o lado de fora e quando constatou que eu estava sozinho, fechou a porta.
— Então? — Questionou. Ele estava sem os óculos, cabelo bagunçado e rosto mais cansado do que normalmente.
Até a voz dele parece cansada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entrelinhas (Romance Gay)
RomanceAtlas tem esse nome por causa do seu pai. Aliás, seu pai está comandando tudo em sua vida, até mesmo em seus estudos. Atlas foi parar, de um dia para o outro, na Katharine, uma escola de elite que se mostra tão perigosa quanto mesquinha. Há segredos...