Capítulo Trinta

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Carla, Théo e Ítalo ficaram no nosso quarto até umas seis e pouco. Depois disso Arthur disse que eles tinham que sair.

— Quero ficar sozinho com meu namorado — foi o que disse aos amigos.

Eu estava lendo na minha cama. Enfiei a cara no livro quando os amigos dele fizeram sons que não estou disposto a descrever.

Ao saírem, Arthur sentou-se à cama e perguntou se eu fiquei chateado por ele ter trago os amigos.

— Lógico que não — franzi o cenho diante daquela pergunta.

Ele parecia encabulado.

— É que a gente fez barulho e você estava lendo.

— Eu também leio com música. Mas... estou sem o celular por aqui. Hudson o achou.

— Como? Estava bem escondido.

Dou de ombros. Não existe esconderijo perfeito, de qualquer modo.

— O celular está quebrado.

— Droga. Não tenho nenhum celular comigo.

— Nem drogas, espero.

Ele ri.

— Nem drogas. Apesar... de que você pode ter meu beijo pra se viciar.

Ele tenta fazer uma cara sexy, mordendo o lábio e tudo.

E eu disparo a rir.

— Foi péssima!

Arthur coloca a cabeça pra cima e ri comigo. Ele deita na cama e imediatamente para de rir.

— O que foi?

Ele solta um gemido de dor.

— Minhas costas ainda estão queimadas.

Ao se levantar, tira a camisa e depois vai até a mesa de vidro. Há um pequeno pote de vidro lá. O creme dele. O sol bate necessariamente no lugar em que ele está parado e, se eu não o conhecesse, diria que esse momento foi totalmente planejado. Levanto-me também e digo para ele antes que eu perca minha coragem:

— Deixa que eu passo em você.

— Sério? — Ele abre a boca em O fingido de surpresa.

Reviro os olhos.

— Cuide logo antes que eu desista.

Arthur foi até a própria cama e se deitou com a barriga para baixo. A bunda dele é perfeita. Eu tinha que aceitar passar creme nas costas dele sempre que der.

***

Eu tinha certeza que ia me arrepender do que estava prestes a fazer. Mas deixei para me arrepender apenas amanhã. Hoje, agora, estou batendo á porta, tentando ser delicado e sinceramente, gentil. Mas não estou conseguindo quando só queria mesmo chutar alguma coisa. Quando Allan apareceu, surpreso por me ver eu deixei que ele primeiro percebesse a minha raiva, depois que percebesse que eu queria entrar.

O bloco onde alguns professores ficam é quase do mesmo tamanho que um bloco normal, tirando o fato de que aqui a grama é menos cuidada e os quartos são menores. Sem mesas de vidros, sem janela com grades. As paredes são cinza como cimento e a luz é forte. O quarto parece-se muito com uma prisão. Mas uma prisão que tem uma porta e uma máquina de café. Allan esperou cinco segundos para analisar o lado de fora e quando constatou que eu estava sozinho, fechou a porta.

— Então? — Questionou. Ele estava sem os óculos, cabelo bagunçado e rosto mais cansado do que normalmente.

Até a voz dele parece cansada.

Entrelinhas (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora