Save me from the hate.

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É apenas mais uma guerra
Apenas mais uma família destruída
É apenas mais uma morte
A contagem regressiva iniciou para nos destruir
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Fazia meses que Lilith caminhava sem rumo, casa ou família. Seus pequenos pés doíam de tanto andar por pedras e terra e sua barriga doía de fome, vez ou outra roubava alimentos das feiras e corria o mais rápido que pudesse para não ser pega. Antes de sair da Aldeia destruída, usou uma das espadas dos soldados que matou para cortar o cabelo para não atrapalhar a sua visão durante suas fugas.

Havia uma sensação estranha, a qual Lilith desconhecia a origem. Mesmo estando em um corpo diferente por algum tipo de sorte, não conseguia lembrar de nada antes de ter possuído ele. Todas as lembranças sumiram junto com qualquer essência de vida da garotinha que existia antes de Lilith. Mas ela não se importava tanto, só queria se manter viva.

A cidade onde chegou possuía mais plantas diferentes do que comida, ela tentou pegar algumas frutinhas para si, mas antes deu a alguns animais que passavam por ali e quando notou que depois de um tempo eles começaram a passar mal ou ficar agressivos, jogou as frutinhas fora. Lilith queria se fortalecer para poder vingar Ruth e Dragomir podia ser o local certo.

Muitas pessoas passavam por ela, ignorando totalmente sua roupa maltrapilha e suja, ou seu rosto magro e isso era o suficiente para ela sair despercebida. Um pouco ao longe, ela conseguiu ver uma torre alta, com um sino e quatro janelas em arcos, deixando o sino dourado visível para todos que estivessem ao redor da cidade. Lilith caminhou na direção da torre, um fio invisível a puxava para lá. A torre logo se tornou um enorme castelo cheio de guardas armados e a sensação de já ter estado lá aumentou.

Lilith se escondeu atrás de alguns barris de uma loja e esperou os guardas saírem, mas eles ficaram ali, imóveis, durante o dia todo. Quando ela acordou, outros haviam tomado seus lugares, mesmo a noite. Não havia como ela entrar sem ser notada e usar sua magia em um corpo tão frágil podia ser fatal. Então Lilith esperou, um dia, depois dois, sempre observando a troca de turno dos soldados, procurando por uma brecha para invadir.

Foi durante o solstício de inverno, quando estava quase entardecendo, que ela encontrou a oportunidade perfeita de entrar, todos os soldados pareciam dormir depois de tanto beberem. A criança passou por eles silenciosamente e abriu a enorme porta de madeira que rangeu um pouco, mas não acordou nenhum deles. Assim que entrou olhou ao redor para ver se não havia mais guardas por perto, suspirando aliviada por só estar ela naquele lugar.

O castelo era enorme e cheio de janelas em formatos de longos arcos, possuía dois andares e parecia morto. Não havia ninguém circulando naquela área, e Lilith até mesmo estranhou, pois sabia que em um castelo tinha mais empregados do que nobres. Ela caminhou em direção à porta, com as mãos segurando a barriga que roncava de fome, as vezes tropeçava em algumas raízes pelo chão, e parava para olhar ao redor, com medo de estar sendo seguida. Todas as árvores que estavam naquele lugar possuíam cores marrons, estavam quase mortas.

Lilith se aproximou da maior delas, com cerca de dezessete metros de altura, e posicionou sua pequena mão no caule escuro. Antes que ela pensasse em fazer alguma coisa, ouviu uma voz.

- Sua pirralha, como entrou aqui!? - Um dos soldados gritou e tudo o que Lilith conseguiu fazer foi correr em direção ao castelo - Ei! Volta aqui!

Ela ouviu passos atrás dela e correu mais rápido, prendendo a respiração para ter mais energia, assim que chegou à porta ela agarrou a maçaneta e puxou com todas as suas forças. As duas silhuetas que apareceram na porta a fizeram dar um passo para trás assustada. Uma mulher alta, negra e com adornos espalhados pelo corpo todo usava um vestido laranja com detalhes em amarelo e azul a encarava aterrorizada. Lilith notou que ela não possuía cabelos e acima de sua cabeça havia uma tiara de ouro com pequenos fios de prata ornamentos com diamante que caiam ao redor. Ao seu lado, um garoto, vestido como um soldado parecia entediado ao vê-la, seu cabelo estava curto e seus olhos desviam constantemente entre a mulher, a criança e o guarda que estava chegando atrás dela.

A Lenda das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora