Capítulo 1- A descoberta

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Quando somos adolescentes, a nossa cabeça prega-nos montes de partidas. Mudamos rapidamente de estilo, maneira de agir, e de amigos. Não dizendo que isso não é normal, faz parte de crescer, de evoluir como pessoa. Mas muitas vezes acontecem imprevistos, como mudanças muito abrutas, que muitas vezes, nos trazem transtornos ou problemas psicológicos.
Passando por muitas dessas mudanças estranhas, não só psicológicas, como físicas, ficamos alterados, podendo ser perigoso quando não orientado pelo caminho certo.
O meu nome é Pedro, tenho 15 anos, e a minha vida tem andado uma loucura.
Tudo começou á cerca de um ano.
Era uma segunda-feira normal. Aulas, algumas entediantes, como por exemplo bioquímica. Mesmo não gostando das aulas, sou muito atento, porque maior parte do estudo que faço é em sala de aula, pois não aprecio a arte do estudo em casa.
Após a aula enfadonha, fui com os meus amigos passear, para conversar. Era um hábito nosso, para descontrair após um dia complicado de aulas secantes. Até que paramos para ver um Flashmob de uma companhia de dança local. Sempre apreciei dança clássica, mas os meus pais achavam-na um "desporto feminino", sempre tentei sutilmente mostrar-lhes que não, mas sem sucesso, logo perdi as esperanças e desisti de tentar. Após uns 5 minutos a observar, um dos meus amigos resmungou - "Nossa que maricas sem futuro, não é Pedro?". Eu senti um aperto no peito, pois não queria negar a pergunta pois iria ser visto como o fraco, mas ao mesmo tempo, não achava aquela atitude certa. Depois de ficar apreensivo por alguns segundos respondi com uma gargalhada forçosamente falsa - "Sim...".
A partir daí, fiquei a pensar interiormente pelo resto da viagem, pois não achava o que acabava de acontecer correto de qualquer maneira.
No final desse dia, convidei o meu melhor amigo Leonardo para vir jantar a minha casa, como sempre. O Leonardo é o meu melhor amigo de infância, ao qual eu devo muitas gargalhadas e momentos inesquecíveis.
Ele, após o jantar, pediu para falar comigo em privado, no meu quarto. Subimos as escadas e fomos para o meu refúgio. Ele logo disse - "Estás bem, eu notei que ficaste meio em baixo pela viagem" ao qual eu respondi, tentando esconder tristeza - "Sinceramente não sei o que se tem passado, sinto que estou preso. Por exemplo, quase todos os rapazes da turma têm namorada, e eu não consigo sentir nada por ninguém... Leonardo, já te sentiste assim? Sem saber o que sentir?". Seguido a um segundo de silencio, ele deu me um abraço, um abraço como nenhum que eu tinha sentido antes. Foi um daqueles abraços verdadeiramente sentimentais.
No momento daquele abraço, não conseguia pensar em mais nada do que no meu amigo.
Como sempre fui chegado a ele, pensava que falar sobre isto ia ser muito fácil, mas no momento que ia começar, não sei o que aconteceu, eu apenas não conseguia desabafar.
Um momento após isso, a mãe dele chegou, para o vir buscar. Combinamos de fazer chamada umas horas depois para terminar a conversa.
Mal ele saiu, entrei em colapso, como se aquele momento fosse a coisa mais importante que me aconteceu. Mas a coisa que mais me confundia era, será que isto é normal o que sinto? Naquele momento, achava-me uma espécie de aberração. Tentei achar vários motivos que negassem esses sentimentos, pondo em realço que eu já gostei de raparigas, logo esses sentimentos não podiam existir, certo?
Como sempre fui afastado desse tipo de pensamentos,por parte de influências dos meus pais, fui pesquisar, "Eu gosto de raparigas, posso ser gay?".
Fiquei muito tempo a pesquisar sobre isso, e sempre me aparecia uma palavra que parecia ser tudo o que me definia "bissexualidade", "pessoa bissexual".
Seria possível eu ser bissexual?!
Passei aquela semana toda a questionar os meus sentimentos, fazia de tudo para tentar parar de sentir isso, mas nada resultava... Até que eu pensei em uma coisa que me ia magoar muito, mas talvez funcionasse.
Alguns dias depois, combinei com o Leonardo de irmos caminhar depois da escola. Após isso, com todas as palavras a embolarem-se na língua, e com as lágrimas dos olhos disse - "Leonardo, esta vai ser a última vez que vamos falar, vais achar estranho, mas eu tenho sentimentos estranhos por ti, e nada resulta para os fazer parar. Peço descul..." - Interrompe-me com um abraço, e a começar a chorar diz- "Não faças isso, também não sabia como te dizer isto, mas também sinto algo por ti, por favor, não pares de falar comigo..." - O meu coração parou.
Tudo o que havia negado até agora, parecia voltar e reconstituir os meus pensamentos. Ficamos cerca de 20 segundos abraçados até que eu disse pensando ainda muito medroso - "Mas estas coisas não são de pessoas erradas?"- ao qual ele responde -" sinceramente não, sempre me senti bem contigo, isso é que sempre achei prioridade, mas não sabia com te dizer". Depois dessas palavras eu próprio retribui um abraço. Quando reparei as nossas mãos estavam juntas.
Quando de repente, senti-me observado e por instinto pedi para irmos para casa, interrompendo o momento..

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