Desacreditada do Amor - Vondy

Capítulo 03

POV DULCE MARIA

Com essas lembranças acabei caindo sono. Acordei com o barulho do despertador, nessa semana eu e Anne vamos realizar o nosso grande sonho abrir o nosso Ateliê de moda, esse projeto está no papel já faz alguns anos, desde que entramos na faculdade pensamos sobre isso, foram anos de economia e a Anahí acabou usando uma parte da herança que a sua avó deixou para ela e o Christian para investir no nosso Ateliê. Finalmente vamos conseguir, ontem foi o nosso último dia como estagiárias e daqui alguns dias será o nosso primeiro dia como empreendedoras.

Anahí: Vai logo, Dul, não podemos nos atrasar.

Dulce: Já estou indo. 

Levanto da cama, tomo banho e visto uma saia lápis, uma camisa e meu sapato de salto, faço uma maquiagem leve e olho no espelho e vejo aquele cabelo ruivo... Faço terapia há anos e ainda não aprendi a lidar com isso, me olho no espelho e me sinto feia e não me sinto digna de ser amada, além de ter sido abandonada. A minha vivência no orfanato só contribuiu para a minha insegurança. Suspiro, mas quando percebo as lágrimas começam a rolar no meu rosto, escuto batidas na porta e pelo reflexo do espelho vejo Anne entrar.

Anahí: O que aconteceu? 

Dulce: A mesma coisa de sempre, não consigo me amar, olhar no espelho e sorrir, sempre que me vejo no espelho lembro de tudo o que aconteceu comigo no orfanato.

Anahí: Eu sinto muito pelo seu passado, Candy, me parte o coração ver você assim. Você é linda, não é atoa que metade dos garotos da faculdade eram doidos por você, você só não aproveitou porque não quis.

Dulce: Anahí! - Dou uma gargalhada alta, só ela para me fazer rir nesse momento.

Dulce: Você sabe que eu tentei. Lembra do Pablo? 

Anahí: O coitado que te beijou e depois você correu para se esconder no banheiro?

Dulce: Você nunca vai esquecer isso?

Anahí: Não mesmo. Agora vamos tomar café para não nos atrasarmos.

Depois do café, eu e Anahí pegamos nossas bolsas e saímos do apartamento, fomos no carro da Anne e depois de alguns minutos chegamos na frente de um prédio em que o Christian nós esperava.

Christian: Bom dia, Candy! Bom dia Barbie!

Anahí/Dulce: Bom dia, Chris! - Andamos até ele e o cumprimentamos com um abraço.

Anahí: Cadê a Maite?

Christian:  Está chegando, hoje ela vem com o irmão dela para passar algumas instruções para vocês.

Mai e Eddy, trabalham na agência de publicidade que contratamos para nos auxiliar com a publicidade e marketing da empresa e todo evento para a abertura da empresa... Queremos promover um desfile com algumas roupas que desenvolvemos e iremos lançar logo no início, além disso, a Maite e Christian se conheceram em uma balada nesse últimos meses, pra mim é um namoro, mas o Christian fala que eles estão apenas se conhecendo, porém pelo que conheço dele, ele já está todo apaixonado.

Dulce: Ótimo, estou ansiosa para ver como tudo ficou! - Comecei a olhar ao redor e realmente a Av. Paulista é muito movimentada e tem prédios lindos, estou super ansiosa para esse novo desafio. Sou tirada do meu transe com um beijo estalado na minha bochecha, a Maite sempre faz isso quando vai cumprimentar eu e a Anahí, mas ainda não me acostumei, sempre que ela faz isso eu me assusto e me afasto com alguns passos para trás, ainda bem que ela nunca percebeu. 

Eles começam andar em direção aos elevadores e eu fico parada refletindo... Será que um dia vou conseguir interagir normalmente com as pessoas sem sentir medo ou ficar esperando por uma humilhação? Foi difícil o início da minha convivência com o Chris e a Anne, mas o tempo e muita terapia me ajudaram, mas mesmo assim ainda tenho dificuldade de receber afeto e atenção de outras pessoas, até mesmo no trabalho, Anne sempre ficou à frente das reuniões. Suspiro e começo a caminhar para alcançar o quarteto em minha frente. Pegamos o elevador até ao 12º andar e começamos a olhar ao redor, Christian é formado em Design de Interiores, ele acabou planejando todo nosso escritório, e claro com a ajuda da "Agência Von" que vem fazendo um trabalho incrível. Escuto o grito da Anahí.

Anahí: Eu amei, amei, amei!  

Dulce: Pelo visto alguém está empolgada! - Encaro minha amiga que está pulando no meio do salão e começo a rir. Sinto alguém se aproximar e vejo Christian com um sorriso no rosto.

Christian: Então, Candy, gostou?

Dulce: Está perfeito, parabéns pelo trabalho, ficou do jeito que eu sonhei.

Não aguento e acabo abraçando meu melhor amigo e logo sinto alguém se juntar ao abraço Anahí está radiante e eu estou nas nuvens.

Eddy: Desculpa por atrapalhar o abraço do trio, mas podemos nos sentar para decidir os detalhes de como vai ser na sexta? 

Anahí/ Dulce/ Christian: Claro, vamos lá! 

Caminhamos até a primeira sala que estava em nossa frente, sentamos para conversar sobre e o desfile, eu e Anahí, estávamos super empolgadas, iríamos abrir a passarela e fazer um belo discurso. Eles continuam conversando e eu apenas escuto, uma insegurança começou a tomar conta de mim, antes de tudo piorar, resolvi  pegar meu telefone, pedi licença e saí da sala. Desbloqueio o celular, procuro o número da Zoraide, minha psicóloga e ligo para ela.

Zoraide: Oi, Dul! 

Dulce: Oi, Zora… - Mal consigo terminar de falar o seu nome e começo a chorar.

Zoraide: O que aconteceu, Dul? Onde você está? Está sozinha? 

Suspiro e começo a contar pra Zora sobre meus medos, daqui dois dias é inauguração do Ateliê e será feito desfile de abertura, Anne irá abrir e eu irei fazer o encerramento. Estou muito empolgada com isso, mas o medo de sofrer alguma humilhação e ser vaiada tomou conta de mim. Um tempo atrás eu quase desisti de tudo isso, por mim teria abandonado meus sonhos, quanto mais lutamos contra nossos medos, mas os medos tentam crescer dentro de nós. Quando contei minha história para Anahí e Christian, eles não me deixaram desistir e junto a minha psicóloga sempre me disseram que eu não poderia abandonar meu amor pela moda por conta de uma garotinha que infernizou minha vida no passado, zoando a minha aparência. Os três vivem me elogiando e dizendo que eu sou linda, tem momentos que eu acredito nisso, mas tem outros que a insegurança bate, como nesse momento.

Dulce: É isso, Zora, tenho medo de ferrar com tudo e estragar a noite que é especial para Anahí também.

Zoraide: Dul, respira! Já conversamos sobre isso antes. A insegurança faz você acreditar que você não é capaz, mas nós já percebemos que você é mais do que capaz, olha o tanto que você conquistou até aqui e mesmo com a sua história você não desistiu. Foram momentos difíceis e esse desfile será mais uma superação para você. Tenta ocupar a sua mente com outras coisas e tirar um tempo para cuidar de você.

Dulce: Não sei o que seria da minha vida sem você.

Conversamos mais um pouco e consegui dar uma acalmada no meu coração. Volto para a sala, terminar de conversar sobre alguns detalhes, passamos os dias em várias reuniões e conversar, até que a noite chegou.

------CAPÍTULO 03------

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