Deixando Busan.

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15 de Fevereiro, Segunda-feira 

1:00 AM

Embarcando no avião em direção a Seul, eu olhava a janela alheio à negritude iluminada pelas luzes das cidades tão pequenas àquela altura. Relembrava as horas anteriores, e o dia a qual deveria ser tão especial.

Suspiro, tentava reprimir aquele bolo que se formava em minha garganta e as lágrimas que ardiam meus olhos.

Sei que não deveria em hipótese alguma dar ouvidos às ofensas que ela me direcionou. Primeiro porque eu sei o meu valor, o quanto bonito sou e quanto caráter tenho, estou satisfeito por sempre dar orgulho não só aos meus pais como também a mim mesmo e segundo porque minha Tia é o estereótipo de pessoa que não se ama, que quando vê alguém com uma vida sucedida e desenvolvida quer de alguma forma inferiorizar e menosprezar esse alguém. 

Eu sei disso!

Mas no estado em que me encontro.

Desolado emocionalmente e destruído por dentro, quem não daria ouvidos? Principalmente depois de descobrir que foi usado pela pessoa que dizia lhe amar, a pessoa que te conquistou aos poucos se demonstrando ser sincero. 

Quem não ficaria abalado ao ver essa pessoa que você tanto gosta lhe traindo? 

Rezar para que tudo aquilo fosse um mal entendido porque você é muito otário para não querer aceitar a verdade, a verdade diante dos seus olhos! E acho que a pior parte foi ter a confirmação em palavras dessa pessoa de forma tão cínica e debochada.

Como se estivesse se divertindo, me vendo tão abalado, perdendo o brilho.

Eu não consegui não ficar abalado. Então decidi ir embora.

Deixei minha empresa temporariamente nas mãos de Jackson Wang, um dos meus melhores amigos, arrumei minhas coisas depois de contar a família o porque que estava me mudando tão de repente. Eu sabia que eles ferrariam com a vida daquele idiota e eu não poderia me importar menos por isso, pelo menos meus primos iriam se divertir.

 Peguei o primeiro voo disponível no site de viagens para Seul e nem olhei para trás.

Eu aguentei aquela megera da minha Tia por ele estar comigo, me elogiando e me auto estimando, e nessa parte eu até o agradeço, porque se não fosse por isso eu não seria confiante com minha aparência. 

Minha empresa de design de moda era muito famoso e é, em Busan, mas devido a isso tudo e pensando com calma agora, irei realocar a base principal da empresa para Seul, não poderia ficar mais em Busan quando rodamos a cidade inteira, conhecendo os arredores, criando memórias juntos, tudo me lembrava ele e eu não queria uma lembrança sequer daquela desgraça.

Chorando magoado acabei dormindo no assento do avião como os demais passageiros ali, dormir me daria um pouco de paz enfim, eu estava cansado, exausto. Me mudar me traria saudades de todos que conhecia em Busan mas eu precisava me recuperar, deixar essa ferida cicatrizar já que a dor de ser traído não iria embora, minha raiva por ele ficaria, minha mágoa não mudaria.

Talvez eu o perdoasse, mas nunca mais quero vê-lo de novo, isso tudo já foi o suficiente para acabar comigo.

[ ... ]

— Senhor, acorde! - senti um suave e gentil balançar em meus ombros, me remexo resmungando e após coçar os olhos me deparo com a Aeromoça sorrindo gentilmente para mim.- O senhor precisa sair do avião, nós já pousamos! - disse calmamente como se estivesse interagindo com uma criança, e após olhar em volta eu me toco que era o último ainda dentro do avião.

— Perdoe-me! - peço afoito, finalmente me levantando e me afastando dela após pegar minha mochila e bolsa me curvando em respeito e agradecendo por me acordar. Assim que desci as escadas do avião caminhei até dentro do aeroporto para fazer o Check out de desembarque.

Estava meio envergonhado, acho que ocupei seu tempo enquanto tentava me acordar, espero que ela consiga descansar ainda. Com o Check out de desembarque já feito, sigo entre as pessoas naquele aeroporto e de longe vi um garoto pequeno se despedindo de – o que se parece ser — seu pai em prantos, suspirei com um sorriso sentido.

Despedidas são sempre dolorosas quando se trata de quem amamos, balancei a cabeça para afastar os pensamentos. Andando mais um pouco vagando o olhar pelas pessoas, vejo não muito longe a minha direita uma família comemorando a chegada de uma garota, felizes enquanto matavam a saudade e então também concordo que logo, logo esse à quem amamos voltaria com uma nova experiência em memórias, novas histórias.

— JIMIN!!! - olho para frente ao ouvir meu nome sendo chamado em um berro bastante conhecido para mim, me sinto animado e surpreendido ao ver Tata ali com seu sorriso quadrado lindo enquanto balançava exageradamente os braços, não mudou nada.

Apertei o passo em sua direção ignorando os olhares atraídos por aquele doido e quando enfim estava perto dele larguei a bolsa preta e o abracei apertado deixando as lágrimas caírem.

— Hey, não me molha que sou de açúcar! Não ligo se quiser me lembre, não recuso, mas não me molha! - ri com seu tom exagerado ao me afastar, limpo as lágrimas e respiro fundo para conseguir parar de chorar.- Minnie, você está aqui agora, não quero te ver chorar, tudo bem? - me abraçou novamente acariciando meus fios negros.- mesmo se for escondido de mim, sua tanajura! - lhe dou um beliscão no braço, o mesmo se afastou de mim fingindo choro alisando o local. Senti saudades.

Depois disso saímos do aeroporto e entramos em seu carro, por enquanto eu iria trabalhar apenas online até eu achar um lugar para abrir a base principal da empresa, Taehyung não sabia de tudo que havia acontecido porque lhe contei resumindo o caso, já que tudo isso aconteceu na madrugada de hoje e eu só tive cabeça de arrumar minhas coisas, comprar a passagem e contar aos meus pais, sem detalhes, o que tinha acontecido e depois das ofensas ditas pela minha Tia só tive mais vontade de ir embora.

Eu ficaria na casa de Taehyung também, ele não me deixou alugar um apartamento porque de acordo com ele sua casa era grande e tinha bastante espaço, bom, eu não recusei, afinal, poderia passar mais tempo com meu amigo e ele não me deixaria remoer os acontecimentos anteriores.

Assim que chegamos em sua casa após um pequeno Tour por Seul, ele me mostrou meu quarto e eu lhe agradeci por tudo que estava fazendo por mim, ele me deu uma pequena bronca por isso, e apenas dei boa noite, eu estava cansado precisava de um bom banho e uma boa noite de sono.

E rezar para sonhar com algo que me desse um pouco de alegria ao invés de algo que me deixasse deprimido, eu estava precisando. Às vezes eu queria que o ditado que diz que a vida não é um mar de rosas fosse um mito, porque a dor em meu peito não existiria e eu não me sentiria tão desgraçado quanto me sinto agora, insuficiente.

Acaso. Jikook ABO.Onde histórias criam vida. Descubra agora