Capítulo 2

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- O que você acha que minha mãe diria se soubesse que tenho como amigos um negro e um filho de fazendeiros. — Chloe fala de forma explicativa para a amiga enquanto andava pelo parque.
- Devo concordar que ela teria um troço, mas eu não tenho nada contra negros, acho ridículo esse tipo de discriminação, mas o que de interessante um caipira pode vir a oferecer, só se forem conselhos sobre tipos de sementes. — Fala Lois com desdém enquanto caminha.
- Prima, isso sobre os caipiras não é descriminação? — Chloe alfineta a prima.
- Sim, mas seu amigo o Pete é filho de um médico que veio do Norte, ele deve ter muita cultura. Imagino o quanto o pai dele deve sentir, pois esses sulistas não sabem tratar bem as pessoas de cor, são tão retrogradas, no norte não temos mais problemas que isso, então ele deve sentir essa diferença. Mas em relação aos caipiras, eles não têm assunto, diferente ao seu amigo Pete. — Lois explicava enquanto observava o parque, com um ar descontraído que só ela tinha, usava um vestido meio moderninho, seguindo o padrão das meninas, tanto que as garotas locais a olhavam com admiração.
- Ele não é como pensa, pode vir a se surpreender com eles. — a prima desafia. — Falando neles, ali estão.
Chloe arrasta Lois até onde os garotos estavam. O rapaz negro bem vestido, com calça de linho negra e camisa branca, bem alinhada, diferente do garoto ao seu lado, que vestia camisa de linho preta, camisa branca, colete marrom e um casaco marrom desalinhado por cima, um ar meio desleixado com cabelos desalinhados como um típico sulista.
- Olá rapazes! Essa aqui é minha prima Lois Lane, ela veio de Nova York passar as férias aqui. Lois esses aqui são Pete e Clark, de quem eu falei muito. — Chloe os apresenta.
- Prazer em conhecê-la, Lois. — Fala Pete educadamente.
- Prazer, Lois. — Fala Clark de forma breve.
- Prazer em conhecê-los, rapazes. — Ela responde educadamente.
Depois dessa apresentação breve, eles conversaram, Lois riu muito com as brincadeiras de Pete, e ele também riu muito com o humor das primas, Clark apenas sorria, mas mantinha-se reservado, com seu ar sulista desconfiado. Tudo estava tão bom que eles nem perceberam o tempo passar.
- Estou com frio. Está tarde. — Fala Lois passando as mãos para o braço na tentativa de aquecer-se.
Clark retirou o casaco e colocou sobre os ombros dela, em que ela responde um "obrigado" de forma educada.
- Eu ainda não quero ir, que tal você passear um pouco para passar o frio e depois volta. — Chloe propõe.
- Tudo bem, volto em breve. — Fala Lois com um ar sarcástico. — Me acompanha? — Ela propõe a Clark.
Este a acompanha em um passeio pela cidade que as ruas estavam desertas. Estavam em silêncio. De repente o silêncio é rompido pela voz de Clark: 

 Eu sou um homem que,  

 vagando a esmo,  

 sem de todo parar, 

 casualmente passa a vista por vocês  

 E logo desvia o rosto,  

 Deixando assim por conta de vocês  

 Conceituá-lo e aprová-lo,  

 A esperar de vocês  

 As coisas mais importantes.  
- Belo, não esperava que... — Lois falava quando Clark interrompe.  

- Que um caipira soubesse Walt Whitman? — Clark responde com uma pergunta de forma irônica. — Talvez tenha que ver que nem tudo é o que parece.  

- É...Nem tudo é o que parece. — Lois ainda estava abismada.  

- Acho que você deveria saber disso mais do que qualquer um. — Clark responde de forma irônica.  

Eles escutam uma música ao longe, alguém em alguma das casas escutava uma musica que chegava a rua de forma baixa, uma musica lenta e doce, Clark a puxa para o meio da rua.  

- O que está pensando em fazer? — Lois pergunta sem saber.  

- Isso. — Ele a puxa para junto de si e começa a conduzi-la em uma dança lenta e calma.  

- Você é louco? — Ela pergunta ainda confusa.  

- Não, sou caipira. — Ele a inclina no fim da dança e a encara olhos nos olhos longamente.  

Ela olhou nos olhos dele de forma longa e hipnótica, assim como ele. Eles estavam envolvidos, os lábios ficaram a centímetros, mas de repente como se eles despertassem, voltam a posição normal. Em silêncio retornam ao parque para encontrar Chloe, antes de se aproximarem dela e Pete. 

Todos se despediram e foram para as suas casas, até o caminho de casa, Lois teve que aturar Chloe falando de Pete, mas a prima parecia muda, nem conseguia escutá-la, sua mente estava distante, estava naquele caipira misteriosamente inesquecível. E assim ele ficou a atormentá-la pelo resto da noite, não via a hora de encontrá-lo novamente.

Escolhas: Pela Felicidade - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora