Um amigo para se contar

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Quando já estamos quase chegando em minha casa, eu e Noah trocamos as primeiras palavras depois de minutos de silêncio.

— O professor adiantou a entregado do trabalho. — eu digo.

— Pra quando?

— Só temos duas semanas.

— Isso é pouco?

— Muito pouco, não sei se vamos ter tempo.

— Vamos dar um jeito — Noah diz.

Adentramos minha casa, sei que minha mãe está na cozinha, por conta do som do liquidificador.

— Mãe? — grito.

Como previsto, ela não escuta. Portanto, caminho junto a Noah até lá. Assim que nota nossa presença, desliga o liquidificador e abre um sorriso.

— Noah! — ela diz, caminha até o garoto e o abraça — como você está, querido?

— Estou bem. — Noah diz, força um sorriso. Acho que estou começando a entende-lo, pois agora sei identificar que está mentindo, não está bem, e a forma como enfia as mãos nos bolsos de sua calça, o denúncia.

— Chegaram na hora perfeita, estou colocando alguns biscoitos no forno, daqui a pouco estarão prontos.

— Vamos estar no meu quarto, ok? — eu digo.

— Ok.

Ela sorri mais uma vez para Noah, antes de sairmos dali.

Assim que entramos em meu quarto, guardo minha mochila e enquanto tiro os tênis, procuro uma roupa para me trocar, gosto de ficar confortável quando estou em casa.

Noah se deita em minha cama, encara o teto enquanto brinca com um chaveiro, que pegou de cima da minha escrivaninha, ao lado da cama.

Por mais que esteja preocupado com a entrega do trabalho, não acho que seja uma boa hora para trabalharmos nisso, precisamos conversar sobre outras coisas.

Me troco e me junto a Noah na cama.

— Tá vendo essa chave pequena? — eu pergunto.

Noah para de rodar o chaveiro e observa a chave que estou me referindo.

— O que tem?

— Não faço ideia de o que ela abre. Tipo, eu a encontrei e achei legal, então coloquei no chaveiro.

Noah arregala os olhos e me encara.

— Essa chave era minha! Eu perdi a algum tempo! — ele diz.

— Tá brincando?! — eu pergunto, totalmente surpreso.

Noah prende um sorriso, e quando percebo que realmente está brincando, ele começa a rir.

— Ah, óbvio que tá brincando. — eu digo, revirando os olhos.

Noah sorri.

— Qual a chance de isso acontecer, Josh?

— Ah, sei lá. Nunca se sabe, e mesmo se fosse sua, saiba que eu não iria devolver.

— Claro que ia.

— Achado não é roubado.

— Talvez essa chave seja de uma pobre senhorinha que trancou todo o dinheiro que tinha, e sem a chave, ficou pobre e morreu de fome. Você destruiu uma vida, Josh.  — Noah diz, rindo dele mesmo.

— Isso é a coisa mais absurda que você já falou, e olha que você fala muitas.

Nós dois rimos. E quando paramos, ficamos em silêncio. Limpo minha garganta antes de começar a falar.

Me ame amanhã - Nosh Onde histórias criam vida. Descubra agora