CAPÍTULO 41

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Leandros

--- Não, por favor...

Eu acordei assustado, em alerta, olhando em volta. Me sentei na cama em um instante, com o coração e a respiração disparada.

--- Por favor, não me machuca... Me deixa ir... --- uma voz cheia de agonia suplicou ao meu lado.

Virei minha cabeça na direção da Ariel deitada e congelei. Ela estava encolhida, com as mãos protegendo a cabeça e chorando sem parar.

--- Não! Eu não tive a intenção! Me desculpa... --- ela gemeu mais uma vez.

Ela estava tendo um pesadelo. Entretanto, a dor que ela me passava era tão real que eu olhei mais uma vez ao nosso redor, me certificando se era só um sonho mesmo. Ariel começou a se debater com violência e a gritar. Horrorizado, eu a peguei nos braços e tentei acordar ela.

Mas isso foi a pior coisa que eu fiz.

Ela agora pensava que eu era o seu demônio e passou a se debater e a gritar mais ainda nos meus braços.

--- Meu amor! Sou eu, acorde! --- eu falei para ela.

Ela acertou o joelho na minha cara e arranhou os meus braços. Tudo isso de olhos fechados e se debatendo, chorando igual uma criança.

Tive que segurar seus braços, e o gemido que ela deu quando eu fiz isso me fez querer morrer.

--- Eu vou obedecer... Só não me bate... --- ela ficou quieta, mas ainda chorando muito.

Ela não acordava, não importava o tanto que eu chacoalhava seu corpo e gritava para ela acordar. Eu só queria fazer ela acordar desse pesadelo. Peguei teu corpo se contorcendo e o levei para o banheiro, ligando a água do chuveiro fria em cima da gente.

Seus gritos roucos e agudos, ecoava por todo o lugar. Eu a coloquei de pé, a segurando contra meu corpo. E então, ainda se debatendo, ela acordou. Ariel começou a me empurrar desesperada.

--- Não! Me solta! --- ela não olhava no meu rosto, seus olhos estavam perdidos e sem vida. --- Me larga!

--- Calma! Sou eu! --- eu a fiz olhar nos meus olhos. --- Estou aqui com você.

A razão voltou para ela, Ariel me reconheceu e agora me olhava com alívio. Mas depois, os olhos dela demostraram vergonha e vulnerabilidade tão grande que eu achei se tratar de outra mulher.

--- Está tudo bem. --- eu sussurrei para ela, abraçando seu corpo.

Ela se encontrava imóvel, congelada. Não ousou olhar mais nos meus olhos e ainda chorava silenciosamente.

--- Me desculpa, eu... --- ela começou a dizer com a voz tremendo e rouca pelos gritos.

Ela se interrompeu e correu para o vaso, e se debruçou ali, vomitando o que estava no seu estômago.

Ver ela ali pelada, molhada e tremendo, apoiada no vaso sanitário e toda encolhida, vomitando, foi uma das piores visões que tive na vida.

Sem perder tempo, eu me agachei do teu lado. Toquei nos seus ombros, ela pulou de susto e me afastou com as mãos.

--- Não! Sai daqui, não quero que me veja assim! --- ela colocou a mão na boca. --- Me deixa sozinha.

--- Na alegria e na tristeza, meu amor. --- eu respondi para ela de um jeito calmo.

Ela olhou para mim e mordeu os lábios que tremiam violentamente. Depois deu descarga e colocou a cabeça apoiada no braço.

--- Eu vou ficar bem, só preciso... --- ela começou a falar, mas alguém começou a bater na porta do quarto. Ariel olhou para mim com seus olhos azuis tristes e sem vida. --- Deve ser minha mãe... Se a gente não abrir ela vai entrar mesmo assim...

Duas Semanas De Puro PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora