Eu perdi completamente a noção do tempo enquanto estava aqui. Já se passaram horas, dias talvez? Não pude fazer muita coisa enquanto os agentes do FBI cercavam completamente todas as saídas conhecidas desta gigante mina, então não me restou nada a não ser esperar o máximo que pude até encontrar uma forma de escapar.
Armei uma espécie de acampamento nem uma área que possuía uma gruta que em cima havia uma abertura que me permitia ver um pouco do sol. Fiquei aqui para tomar banho e dormir o máximo que podia até conseguir bolar um plano.
Meu celular estava desligado desde então para economizar bateria. Mesmo com meus carregadores portáteis relativamente completos, eu não queria arriscar usá-los ainda. Não sabia quanto mais continuaria me escondendo por entre essas formações rochosas e estáveis. Todos os meus recursos deveriam ser usados com extrema sabedoria.
Felizmente eu vim preparado de certa forma. Não esperava realmente que poderia ficar preso aqui sozinho, porém havia trazido suprimentos para Hannah e Richy. Imaginei que eles estariam exaustos e precisariam de mais tempo para se recomporem e poderem sair. Mas como soube que Hannah estava a salvo e tive o belo desprazer de ver a explicação de Richy em ligação para a Jessy, acabou que as coisas que trouxe para eles serão usadas apenas por mim.
Meu problema principal era iluminação. Estava usando meu celular até agora, mas não seria o mais viável no momento. Desde sempre as coisas não saem exatamente como planejei e por isso me tornei um perito em improvisar. Encontrando um pedaço qualquer de madeira pelo chão que não fora afetado pela umidade e podridão, o peguei e amarrei um pedaço que rasguei de minha própria blusa. Achando mais duas pedras perfeitas para o que eu queria, as esfreguei uma na outra e produzi uma faísca.
Assim fiz uma tocha.
Possuindo uma fonte de calor e iluminação, comecei a analisar meu mapa novamente, que por precaução o imprimi na minhas poucas folhas de papel que me restavam. Mesmo que meus trajetos não estejam atualizados — grande parte acredito que devido aos desabamentos ocorridos neste lugar — ainda seria melhor do que simplesmente andar sem rumo correndo o risco de cair em algum foço ou me deparar com ninhos de morcegos; que não eram poucos.
Tendo me organizado novamente, comecei a andar mais uma vez. Eu me foquei em me aproximar da saída que acreditava que teria menos agentes, ou seja a mais distante de Duskwood. Seria um canto por si só de difícil acesso por estar localizada justamente na floresta, o que já me garantiria que os carros não estariam lá. Vantagem para mim que a persiguição só seria a pé, mas ainda assim uma desvantagem pois não sabia com exatidão quantas pessoas armadas estariam a minha espera.
Seria muito difícil manter sua sanidade mental nessas situações, mas para quem já é caçado a 4 longos anos acaba não passando de um passeio no bosque encantado. Claro que este tempo me deixou bastante paranóico e esses vastos túneis não ajudavam muito. As lendas que li e o soprar do vento produzindo sons de gritos castigados me causavam alguns arrepios na verdade.
O que me fazia me manter calmo mesmo era pensar nela. Mal podia acreditar no que fui capaz de dizê-la em nossos últimos momentos. Estava tão nervoso e o silêncio aqui era tanto que podia jurar que conseguia ouvir meu próprio coração batendo e quase saltando pela minha boca. Minhas mãos estavam suadas e meus dedos trêmulos antes de conseguir finalmente digitar:
"Eu te amo."
Dentre todas as experiências que passei, era um tanto engraçado que essa fosse a mais assustadora. Demorou um pouco para receber a resposta dela graças ao péssimo sinal, porém eu não pensei isso na hora. Na minha cabeça ela poderia ter ficado offline por eu ter a assustado. Estar olhando minhas palavras com desgosto. Ou mesmo estar escrevendo um enorme texto explicando que não se sentia da mesma forma, falando que eu estava sendo precipitado e havia entendido errado os sinais. Eu não duvidaria disso, já que como lhe havia revelado, eu possuo uma "falha".
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Pra quem você vai Ligar?
Fanfic❝ O que me fazia me manter calmo mesmo era pensar nela. Mal podia acreditar no que fui capaz de dizê-la em nossos últimos momentos. Estava tão nervoso e o silêncio aqui era tanto que podia jurar que conseguia ouvir meu próprio coração batendo e quas...