Talvez eu seja uma pessoa meio egoísta.
Sem dúvida alguma Nayla gostava de girassóis, contudo, o principal motivo de eu escolher girassóis como presente é porque sempre foram flores que me fascinaram.
Girassóis sempre representaram para mim três coisas:
Primeiramente, são um símbolo de beleza inquestionável, além de ser muito satisfatório, e de certo modo confortável, observar sua cor saindo do tom escuro do meio e passando para os tons de amarelo nas pétalas.
Segundo, sempre foram símbolo de inícios e fins, tal como o sol, que todos os dias nasce, e todos os dias se põe, mostrando a passagem do tempo e nos dando uma nova oportunidade a cada novo dia.
Por fim, eu sempre me senti como um girassol perto de Nayla. Parecia que eu sempre estava seguindo o brilho dela, como se ela fosse o sol, o centro do universo. Durante dois anos da minha vida, sempre fora a sensação mais reconfortante do mundo, agora, era apenas uma lembrança constante de que eu não era nada sem ela.
Contudo, apesar de amar tanto girassóis, acho que eu nunca estaria preparado para vê-los no lugar da cabeça de alguém. É com certeza o tipo de cena que se perpetua na mente de qualquer um. As pessoas sempre se acham mais normais do que eu realmente são. Particularmente, sempre me achei uma pessoa bem racional, e por isso, não esperava encontrar mesmo nos confins de minha mente um ser como aquele.
Com um misto de surpresa e curiosidade crescendo, possivelmente não da maneira mais educada e sensata que poderia agir, perguntei:
- O que diabos é você?
A criatura ficou calada, o que provavelmente era esperado. Suas mãos estavam escondidas atrás de si, e ela balançava levemente o corpo como se estivesse esperando sua vez de falar. Eu a encarei. Quando percebeu que eu olhava para ela, a garota da cabeça de girassóis virou-se em várias direções, mesmo sem ter uma cabeça, eu conseguia entender que ela estava procurando algo. Quando por fim não encontrou mais nada no campo deserto em que estávamos, disse:
- Está falando comigo?
- Com quem mais eu estaria falando? - Perguntei, confuso.
- Não sei, com quem mais você estaria falando? - Ela perguntou com uma mistura de confusão e divertimento.
- Eu não sei, eu acho que não estou muito bem.
- Considerando seus motivos e suas intenções para vir para cá, e principalmente o modo como veio até aqui, eu tenho certeza que as coisas não estão bem - Ela disse em tom compreensivo.
- Você sabe quais são? - Perguntei intrigado.
- Eu sei tudo sobre você Hayden, mas escolhi não invadir tanto sua privacidade e por isso, não consigo saber o que está pensando agora. Poderia me dizer?
- Sinceramente, eu acho que estou um pouco em choque por falar com alguém com um aquário no lugar da cabeça.
A criatura estranha fez um som que imaginei ser uma risada.
- Bem, achei que deveria me apresentar de uma forma que fosse palatável para você no momento, e analisando bem seus últimos pensamentos, vejo que você tem pensando bastante em girassóis. Mas se preferir, posso assumir outra forma.
Eu de fato tinha mantido girassóis em minha mente desde a cena do beijo. Era a única coisa que eu conseguia me forçar a pensar para não enlouquecer com a imagem de piratas, meias arrastão e mesas de sinuca. Se ela realmente iria assumir uma forma presente na minha consciência, eu definitivamente preferia girassóis a uma versão menos gostável do Capitão Jack Sparrow.
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Dependência
Krótkie OpowiadaniaDecepções são como veneno para pessoas quebradas. E para Hayden, a decepção causada pela pessoa mais importante de sua vida foi o suficiente para destruí-lo até o fim, trazendo a sua mente como alternativa para dor uma nova e poderosa droga que se t...