Capítulo 1: Grandes Mudanças.

347 16 51
                                    

 
De acordo com o conceito básico, as crenças são convicções absolutas acerca de um assunto em particular. Muitos acreditam, simplesmente, pelo senso comum adquirido com o decorrer dos anos. Outros por alguma experiência própria, ou por seguirem os ensinamentos de seus antepassados.

De fato, não é um consenso geral que todos possuem essa facilidade em aceitar uma explicação concreta baseada em fenômenos naturais, Deuses, eventos lunares ou qualquer coisa que limite a ciência. Neste âmbito, Catarina Batista era uma que tinha seu ceticismo como algo primordial.

Desde que ouviu mais cedo que "a lua cheia é sinal de trabalho de parto" seus pensamentos flutuaram durante as horas que sucederam. De fato, ela não tinha a menor tendência em acreditar em algo assim, ainda mais por tal crença ter saído da boca de duas senhoras que não tinham filhos.

Catarina tinha completado suas 36 semanas de gestação há 2 dias. Sabia que o bebê ainda demoraria para chegar, mas as falas de Mimosa e Neca ficaram martelando em sua cabeça o dia inteiro.

Estava acordada em plena madrugada e não conseguia pregar os olhos por um milésimo de segundo. O culpado? Julião Petruchio, seu marido. Os dois tinham brigado feio no dia
anterior, tudo por causa de uma discussão sobre o repouso de Catarina.

"— Arriégua, Catarina! Ocê só pode tá é ficando maluca mesmo! Querer varrer o quarto a uma hora dessas? Você nunca que varreu uma poeira dessa casa. — Petruchio estava inconformado. A esposa estava arrumando a casa como se tivesse batido a cabeça e esquecido quem era. E ainda por cima, grávida! Onde já se viu tamanho absurdo?"

"— Julião Petruchio, eu já disse um milhão de vezes! Eu estou grávida, não doente! Qual o problema de eu querer arrumar o quarto em que durmo? Eu não sou porca, ao contrário de certas pessoas que deitam do meu lado com um cheiro insuportável de queijo misturado com suor de cavalo! — Catarina não se controlava. Falava no tom mais autoritário que conhecia e procurava objetos ao redor para serem suas possíveis munições."

"— O problema? O problema é que A MADAME num lava nem o copo que bebe água e agora que precisa ficar descansando decide que quer varrer a casa. Mai é teimosa, viu!"

"— Ah, Petruchio! Pelo amor de Deus! Lição de moral a uma hora dessas? Me poupe do seu falso moralismo. — Catarina saiu andando a fim de evitar mais confusão. Impressionante como seu marido queria o contrário..."

"— Falso moralismo? Que que ocê tá querendo insinuar? Que eu não tô preocupado com a sua saúde e com a saúde do neném? – ele correu atrás da esposa."

"— Eu não quero discutir... — Catarina continuou seus passos apressados pela casa."

"— Catarina, eu tô falando com você! Ocê me responde! — as vozes estavam começando a ficar alteradas."

"— Eu já disse que não quero discutir, está surdo?! — disse entre os dentes. Seu sangue fervia de raiva e impaciência."

Petruchio continuou ao alcance de sua mulher enquanto insistia naquela pergunta ridícula. Foi quando a paciência de Catarina se esgotou por completo:

"— Quer saber? Talvez eu ache sim! Desde que eu voltei para a fazenda você nunca mais parou em casa. Vive em viagens e mais viagens e não pensa um segundo na sua esposa GRÁVIDA! Sabia que eu sinto falta de você? Sabia que todas as noites eu fico sentada naquela cadeira de balanço esperando você chegar? — ela suspirou. — Eu quero ver quando essa criança nascer... Se você não está aqui quando eu preciso, como pode estar quando ela  precisar?! — as palavras de Catarina saíram fumegantes de sua boca. De fato, ela não tinha a menor intenção de dizer tudo aquilo para o marido."

Petruchio ficou sem reação. Olhou nos olhos de Catarina e tentou rebater, porém não conseguiu. Apenas disse:

O antes, o agora e o depois [...]Onde histórias criam vida. Descubra agora