Flávia em: "Não tô nem aí mesmo"

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Quando Flávia abriu os olhos viu uma garota desconhecida acertar a empunhadura da espada na nuca de Vanessa, que caiu espatifada no chão. Antes que pudesse se situar ou então se recompor, o mínimo movimento que fez, foi o suficiente para chamar a atenção da garota, que disse:

-Nem tente bancar a engraçadinha pra cima de mim! Não preciso de muito para acabar com vocês quatro.

A filha de Plutão fez um esforço imenso para conseguir se sentar. Uma nuvem de poeira pairava no lugar, ao seu lado os três amigos jaziam desmaiados em meio a móveis e outras parafernalhas. Ouvia ao fundo gemidos e choros, era como a cena de um filme de desastres naturais. No entanto, a garota que estava a sua frente não baixava a guarda.

-Onde estamos? Ainda estamos no QG dos daemones? - Questionou Flávia.

-O que você acha? - Os olhos da garota se reviraram.

-Mas isso aqui... Essas vozes... - balbuciou a campista.

-Isso aqui é um alojamento para semideuses em treinamento... Ou pelo menos era... Antes de vocês erradicarem tudo aqui! - Frustração passou pelos olhos da garota.

-Não faz sentido! Aqui era pra ser um estoque de armas! - disse a filha de Plutão.

-Você não está errada, mas Lorde Alastor pediu para nos mudarmos às pressas dois dias atrás e aguardarmos aqui por segundas ordens - a linda rapieira da menina, branca como a neve, brilhava perigosamente a poucos centímetros da face de Flávia, que indagou:

-E você não acha isso suspeito?

- E porque seria? Não é como se Alastor pudesse ter vislumbres do... - uma dúvida brilhou nos olhos da garota e a conselheira do Chalé 13 viu uma oportunidade:

-Os daemones são espíritos divinos, e Alastor é a personificação da vingança de Zeus, você acha mesmo que ele não tem acesso a nenhum oráculo? Você não é a primeira a ser enganada! O Alex...

-Não me fale daquele traidor! Eu achava que ele me entendia! - cuspiu a semideusa.

-Às vezes eu sinto o mesmo! Por mais imbecil e burro que ele seja... É solitário ser filho dos três grandes - Flávia tinha uma intuição a respeito da garota. 

A espada em riste oscilou alguns centímetros e ela indagou:

-Você também nasceu com essa maldição? De quem você é?

-Plutão. E você?

Os olhos da menina viraram duas fendas amareladas e um turbilhão de vento começou a girar sob seus pés.

-Acho que não preciso dizer. Aliás, não devo satisfação pra você - a garota parecia mais irritada.

-Deixa eu adivinhar, Hera estava te perseguindo e você foi salva por Alastor e agora deve lealdade a ele? - perguntou Flávia.

-Como você...

-E ele disse que os deuses devem pagar por tudo e que você vai ter um papel fundamental? - continuou a campista.

-Mas ele...

-E ele te disse que o Alex era um traidor ou um espião?

-CHEGA! - Uma lufada de ar jogou Flávia no chão -Eu não preciso de uma pirralha dando sermão em mim!

-CHEGA O CARAMBA! VOCÊ VAI ME OUVIR! - A filha de Plutão se levantou, mesmo em desvantagem, e pegou a outra pelo colarinho -Eu sei o que é ser perseguida desde pequena, não ter casa e nem família! Sei o que é se desesperar... Ter medo até da própria sombra - Ela largou a menina e deu as costas - Não te culpo por acreditar no mais fácil, assim como não culpei Alex depois de descobrir a verdade...

O Conto das Parcas: As Três Maldições - Vol IIOnde histórias criam vida. Descubra agora