🥀

20 1 0
                                    

06/ 04/ 2018 — quinta-feira

6:30 am

O despertador tocou soando alto e estridente, irritante o suficiente para que Hendri perdesse o pouco do bom humor que havia quando acordava. Demorou um pouco mais de cinco segundos para acompanhar o toque barulhento e se levantar preguiçosamente enquanto suspirava cansado, amaldiçoando-se por ter ficado acordado até tarde.

Após muitas manhãs atrasadas, Hendri pegou o hábito de arrumar seus pertences à noite, assim poderia usufruir de mais alguns minutos em sua cama aproveitando o aconchego do cobertor e dos travesseiros. Olhou no espelho, sua caricatura carregando um olhar melancólico, olheiras profundas e cabelo totalmente bagunçado. Por mais que estivesse com folga no horário, ele optou por não tomar banho naquela manhã, jurando para si que tomaria quando voltasse da escola.

Abriu seu armário - que estava uma bagunça por ter jogado tudo de qualquer jeito para não ter que lidar com as broncas de sua mãe - e procurou por uma roupa limpa. Vestiu um moletom folgado em conjunto com uma calça jeans; sua escola não ligava para uniformes, o que era estranho em sua opinião, porém comum comparando-se com os outros colégios da cidade. Hendri via certa graça nisso; ver meninas e meninos com os hormônios a mil, usando roupas um tanto quanto curtas e/ou justas fazendo de tudo para serem notados por outros estudantes.

Com um tropeço esbarrou sem querer em alguns livros de sua estante, o barulho foi alto, e ele desejou que não tivesse acordado sua progenitora. Tudo o que ele queria evitar, pelo menos de manhã, era o olhar de desprezo e enojado da mais velha. Pisando em ovos, o menino apressou-se para sair de casa antes que Josephine acordasse.

[...]

Hendri Khoe saiu de casa calmamente. Por sorte, sua mãe não havia acordado com o barulho feito, então ele poderia respirar aliviado. Era acostumado com as expressões desagradáveis que a mulher fazia, no entanto, agradeceu aos deuses-os quais ele não acreditava- por sua manhã não ser estragada com os resmungos, muitas vezes incompreensíveis, que a mais velha fazia sobre si.

Pegou seus fones de ouvido, plugou em seu telefone e escolheu algumas músicas para seu percurso rotineiro. Aumentou o volume da música ao máximo enquanto apertava o passo (outra mania que ele possuía). Se a música soasse tão alta em seus tímpanos, não teria chance nenhuma de pensar em seus problemas. Era caótico, porém eficaz.

Embora não estivesse atrasado, Hendri gostava de chegar antes que todos. Não suportava a ideia de ser observado, e se chegasse atrasado seria o centro das atenções por pelo menos um minuto. Ele gostava de ir a pé para seu colégio, na verdade, ele amava! As folhas das árvores se mexendo, juntamente da brisa leve que beijava seu rosto trazia paz. A natureza, as paisagens e as interações de outras pessoas nas ruas, tudo o trazia paz. Talvez, esse tenha sido uns dos únicos motivos para ficar com o pé firme, mesmo sua amiga insistindo que aceitasse sua carona. Era agradável até mesmo quando chovia.

Sorriu quando relembrou de uma velha lembrança em sua antiga cidade. Ele caminhava na praça com um de seus melhores amigos, enquanto discutiam sobre qual filme veriam no cinema. Hendri amava passar um tempo sozinho caminhando, mas amava ainda mais passar seu tempo sozinho com Mason. Olhou para o céu e desejou que seu amigo estivesse bem, tinham brigado quando ele foi embora.

[...]

Hendri chegou no colégio já ouvindo os habituais sussurros. Fazia uma semana desde que as aulas começaram e Hendri era o aluno novo de uma cidade pequena, teve que se acostumar com um pouquinho das atenções voltadas para ele, principalmente quando muitos fofocavam sobre si, espalhando boatos falsos sobre sua vida pessoal. As paredes tinham ouvidos e bocas grandes, informações voavam pelos corredores do colégio sem ao menos checar a credibilidade da fofoca.

Nosso DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora