Parte 1 - O Primeiro Amor Boreal

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Minha vida nunca foi uma das mais badaladas. Normalmente meus passeios envolviam cursos, escola, competições, nada de tão interessante e divertido para outros adolescentes da minha idade (e sinceramente, nem para mim). Meu nome é Aurora Tavares, moro numa cidade chamada Rio de Janeiro, localizada no sudeste do Brasil, tenho 18 anos e uma paixão enorme por todos os animais desse mundão (em especial onças), estrelas e outras muitas coisas que me fazem sorrir. Meu maior sonho? Me encontrar. Sabe quando você sente que conhece todos a sua volta menos a si mesma? Eu me sinto assim às vezes, tenho uma enorme necessidade de encontrar a parte que se perdeu de mim (mas deixa isso para um outro momento).


Meu primeiro amor foi uma garota espetacular, ela era como uma estrela para mim. Esse ser especial, celestial e brilhante carregava o nome de Maya Monteiro, ela era um ano mais nova que eu, tinha um cabelo longo e os olhos um pouco menos puxados que os meus, sua pele tinha um brilho lindo ao sol, uma cor de pele caramelo igualzinha a minha, sua risada

tinha o poder de arrancar um sorriso até do ser mais mal humorado do local. Maya era uma de minhas melhores amigas, nós vivíamos conversando sobre Percy Jackson, matérias da escola e bobagens sobre garotos. Nos aproximamos no 7° ano, além de nós duas, havia também Sol Castro e Maria Oliveira. Éramos um quarteto espetacular.
Nunca fui muito boa em dar orgulho para a minha mãe. Não tirava notas boas, não tinha foco e muito menos força de vontade. Sempre soube que nunca atenderia a qualquer expectativa que ela tivesse, e sabe, está tudo bem. Maya fazia de tudo para me ajudar, mesmo escutando tantas vezes minhas frases de desistência de me formar em qualquer ano que seja. Ela esteve comigo, me dando apoio e diversos puxões de orelha. Eu amava estar com ela, abraça-la, amava o que éramos juntas e os sentimentos que ela me trazia, apesar de não saber ao certo o que eram, eu só amava sentir aquilo. Era algo tão leve, um frio na barriga, um sorriso involuntário toda vez que minha mente trazia sua imagem. Naquele momento eu ainda não tinha idéia de que mulheres podiam amar outras mulheres além de sentimentos de amizade, eu nem sabia o que era o amor. Logo após uma palestra sobre sexualidade, LGBTQIA+ no colégio, onde os palestrantes explicaram os significados de cada uma das letras que compunham essa palavra comecei a me questionar, e foi assim que a minha "chavinha" virou, foi assim que notei que talvez eu não fosse hétero. Naquele mesmo momento me recordei de uma conversa de anos atrás com minha irmã mais velha, nós conversávamos por mímica e papeizinhos, eu era bem pequena e mesmo ela insistindo em tentar ensinar uma criança de 9 anos a falar em LIBRAS, eu não tinha tanta

facilidade e ela não tinha tanta paciência assim, por isso sempre inventamos mimicas para conseguirmos nos entender.
No dia em que fizemos brigadeiro e nos sentamos, minha irmã admitiu estar namorando uma garota (que aliás ela namora até hoje! Elas são um casal tão

lindo) e que era bissexual, eu não sabia o que era, ela havia me explicado e tudo, mas por algum motivo essa lembrança havia se apagado da minha memória, até o dia dessa palestra. Eu senti alívio e felicidade por me conhecer um pouco mais e medo por começar a entender o sentimento que tinha por Maya, um medo que não tinha nada haver com família, amigos. E sim de a perder por sentir isso, de perder tudo por conta desse maldito e lindo sentimento. Mas eu tinha minhas amigas comigo, e isso me ajudava a ter forças para pensar no que fazer, mesmo em silêncio sobre a situação.

Cada uma de minhas amigas tinha um diferencial que carregava em si, algo especial que eu via em cada uma delas que as fazia se tornarem mais incríveis ao meu olhar. Maria tinha aquele jeitinho que te faz sentir confortável até nos momentos mais desconfortáveis, ela tem o poder de te fazer rir sem parar só com um simples olhar lançado para ti. Sol era bem na

dela, não conversava tanto com pessoas fora de nosso quarteto, pense numa garota doce e

acolhedora, seu abraço tinha o poder de curar até a tristeza mais profunda, a forma que seu abraço acolhe e nem percebemos as lágrimas caindo, ela é uma ótima ouvinte. Maya tinha aquela forma meio bruta de expressar amor, seja por brincadeiras ou abraços desengonçados,

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⏰ Última atualização: Jun 10, 2022 ⏰

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