20 - A ira de Hakon

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Hakon

Ver a interação entre Manuela e o amigo Wapi, testou todos os meus limites. Por várias vezes, eu tive que me segurar para não causar uma tragédia.

Por algum motivo, meu instinto de guerreiro, me manda ficar em alerta. Algo no comanche não está certo. Alguém que sempre esteve tão ligado ao seu povo, aceitar receber um poder de bruxo e sair do seio do seu povo, só pra ajudar alguém?

A Haskia disse que estou criando coisas na cabeça, que tudo não passa de ciúmes.  Ela certamente foi contagiada pela gentileza e alegria dele.

Estou indo me encontrar com o Ravana e Francis. Preciso extravasar. Não quero deixar os problemas atrapalhar nossas vidas.

– Que cara é essa? Não está feliz em saber que sua predestinada finalmente está livre do poder que te impedia de se ligar a ela.– Rav pergunta curioso.

–  Estou sim. Muito feliz, mas o Wapi está me deixando intrigado. Acho que ele está interessado em alguma coisa, além de só em ajudar.

– O que você acha que pode ser? – Francis intervém.

– Ele com poderes, pode ter mais chances de  lutar pela Manuela. Não acharam estranho que com uma conversa de dez minutos,  ele esqueceu tudo pelo qual sempre lutou?

– Mas é impossível lutar contra uma ligação de almas. – Rav intervém.

– Talvez, ele ache que com o poder, isso não seja tão impossível assim. – Falo enquanto me sirvo de whisky.

– E se ele decidir trazer as bruxas? Ele pode fazer isso, não pode? – Francis está pensativo.

– Pode sim. Ele é o poder primordial, num corpo adequado. Ele deve ter o feitiço para isso. Já que ele mesmo o criou. – Respiro fundo.

– Então, nós demos de bandeja as Solaris, a chance de voltar para a terra? Que provavelmente estaremos sempre com esse medo nos cercando? – O lobo rosna irritado.

– Isso acabaria, se ele morresse? Digo, o Comanche? Podemos mata-lo. – o Demônio sempre com soluções práticas.

– Segundo a Haskia, o poder procuraria outro corpo. Ele só volta definitivamente, se o submundo o convocar. –  Fico olhando a reação dos dois.

–Então, não devíamos ter usado o Wapi. – Francis parece preocupado.

–  Eu discordo. Era a vida da minha predestinada que estava em jogo. Ela é frágil como um cristal. Se continuasse com o poder Solaris no corpo,  morreria.

– Mas não temos certeza das intenções do novo bruxo. Ficaremos de olho. Francis fala, olhando em direção ao Vale dos bruxos.

– Só não podemos deixar que ele traga suas crianças e do nada estaremos tropeçando em bruxas milenares e sedentas para usar magia. Os humanos, e castas menos fortes, sofrerão muito.

– Como ela está? – Rav muda o rumo da conversa.

– Se recuperando. Logo estará bem. Enquanto ela descansa, vou preparar a ilha, quero ter um lugar isolado para passarmos um tempo.

– Comprou a ilha? – Rav pergunta curioso.

– Sim, a ideia é construir um lar e depois uma vila mais afastada,  para seres sobrenaturais viverem aqueles que desejarem.

– Ninfas? –  Francis faz referência a espécie problema para a Manuela.

– Jamais. Quero uma eternidade em paz com a minha mulher, e ter ninfas por perto, não é algo corajoso. Mas mudando de assunto. Eu preciso fazer uma viagem. Tenho que ir ao Canadá. Estou com problemas por lá. Mas...

Hakon  e o preço da dúvida - Livro I - Os Escolhidos Onde histórias criam vida. Descubra agora