seven wings (TobiIzu)

terceiro arco

Tobirama acordou com um ofego alto, medroso, olhando para o teto desnorteado e sentindo o rosto inteiro suar, grudando seus fios na testa. Sentia o macio na nuca segurar sua cabeça, assim como algo que cobria o seu corpo. Teve um pesadelo, mas no momento que acordou já não sabia com o que sonhou, somente sentia um calafrio intenso na barriga, um nó na garganta. Piscou os olhos e virou a cabeça minimamente para os lados, vendo nada mais do que a cabeceira da cama e uma mesa perto de uma janela com uma cortina azul pálido. Sentia-se minimamente retraído.

Estava ainda no mundo humano.

Suspirou fundo, não entendendo o que fazia ali. Não deveria estar em seu templo? Soltou um estalo de língua, e se apoiou nos cotovelos para levantar. Contudo, no momento em que mexeu sua perna, soltou um grunhido alto, voltando a deitar assim que sentiu as costas doerem também.

Que merda era aquela?

— Pelo visto já acordou.

Suas narinas inflaram, o odor queimante entrando no seu sistema ao mesmo tempo que os olhos surpresos viravam furiosos enquanto via Izuna Uchiha parado e escorado na porta do quarto cinza onde estava. As imagens e lembranças de antes voltando como o sol e a lua; luzes coloridas na sua cara, dor, um tapa, uma mão estendida e olhos sérios e negros. Estes o olhavam da mesma forma naquele momento, uma indiferença tão grande que causava raiva.

— Não consegue se levantar?

— O que você acha?

Izuna não disse coisa alguma, somente correu os olhos pelo corpo alheio e se aproximou de Tobirama, que ficou rígido assim que o Uchiha tirou o cobertor de cima de si. Ele examinou algo na parte inferior e o albino levantou a cabeça para conseguir ver a perna coberta por uma calça de moletom cinza, assim como a camisa clara que vestia. O moreno se sentou na cama e se aproximou novamente. O maior quase o xingou quando ele abaixou sua calça sem nenhuma delicadeza, logo puxando a perna para cima do seu colo quando ficou entre suas pernas.

Enrolando sua perna, existia uma faixa branca e gaze. De forma calma — ou pelo menos foi a intensão —, o menor desenrolou os tecidos e os jogou do outro lado da cama, pegando novos que nem mesmo o anjo soube de onde vieram. Sua perna estava costurada, três pontos, uma imperfeição na tez cicatrizada. Agora que percebeu que a mão estava enfaixada também.

Lembrava-se dele e seu comprometimento em o ajudar, porém, achava que o manteria vivo em piores circunstâncias. Todavia, não iria reclamar do bom tratamento que recebia, mesmo que fosse totalmente estranho vindo de um demônio.

O sentiu tocar o machucado, como se o quisesse chamar. Ergueu a visão e o demônio o encarava de forma intensa.

— Vou tirar os pontos, tudo bem? — ele não esperou uma afirmação, puxando uma tesoura para cortar a linha e voltando a fitar o machucado — Planejava fazer isso enquanto dormia, mas acordou mais rápido que o esperado.

Tobirama não respondeu coisa alguma, o observando tirar as linhas de sua pele dolorosamente, sem nenhum tipo de anestesia.

— Quanto tempo eu dormi? — perguntou, enfim, quebrando o silêncio mórbido subitamente

— Quase dois dias. — respondeu Izuna, nenhum pouco interessado em fazer qualquer coisa ali, aparentemente — Você se recupera rápido.

— Eu sou um anjo — justificou —, isso não se anularia só por eu estar no mundo humano.

— Huhum... — resmungou o Uchiha, claramente não se importando com o que o albino falava

Ele retirou as linhas, e como já estava quase totalmente cicatrizado, somente enfaixou sua perna novamente com os novos curativos, tirando a perna de seu colo e ajudando o mais alto a vestir novamente a calça.