𝐓𝐇𝐄 𝐓𝐈𝐌𝐄

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~ Nasce Timothée Chalamet ~

[ 19 de janeiro de 1997 ]

~ Nasce Maeve Sinclair ~

[ 22 de janeiro de 1997 ]


Narrador

Naquele dia o sol raiava na cidade cinza chamada Londres. Timothée estava na sala jogando em seu Nintendo 64 azul, seus olhos de esmeralda encontravam-se grudados na tela da TV, 007 Contra Goldeneye era seu jogo preferido de todos os tempos. Pena que Anne só o deixava jogar por horas a fio nos fins de semana, ele não achava justo, porém, aproveitava cada segundo tentando desvendar os segredos na pele de James Bond, apurando sua sagacidade e acertando os caras maus com suas inúmeras opções de armas.

- Timmy querido. - Anne adentrou a sala, tapando a visão do garoto, que se esticava de todas as maneiras para enxergar a sua frente.

- Sai mãe, senão eu vou morrer. - Zangou-se ele.

- Ah, desculpe. - Ela deu uma risadinha e dois passos para a direita.

Timothée desfez sua carranca e voltou a atenção para o jogo.

- Quero que você venha comigo até a casa dos Sinclairs. - Ela lhe pediu.

- O que eu vou fazer lá? - Perguntou-lhe sem tirar os olhos dos gráficos na tela.

- A Alexa acabou de chegar da maternidade. Ela teve um bebê. Gostaria que você me acompanhasse querido.

- 'Tá bem. - Ele revirou os olhos e deu pause no jogo. - Mas não quero demorar, 'tô quase perto de descobrir como escanear o Zeigfried.

Anne riu do filho e de suas palavras ininteligíveis para ela, ela havia separado de seu pai a pouco mais de dois anos, Des sempre se encarregava dessa parte digamos, masculina. Timothée agora tinha dez anos, Anne voltou a trabalhar já que considerava sua idade razoável para ficar só em casa. Os Sinclair eram bons vizinhos, ficavam de olho na casa e em Timothée enquanto Anne batalhava sua vida.

Eles moravam em um residencial onde os quintais não eram separados por muros, isso contribuía para que a costumeira frieza dos ingleses fosse quebrada, isso não era uma regra, mas aconteceu entre os Sinclairs e os Chalamets. As famílias eram amigas e compartilhavam alguns momentos entre si. Anne bateu na porta e uma senhora idosa a abriu, ela era mãe de Alexa.

- Isadora. - Anne abraçou a mulher de cabelos grisalhos.

- Anne querida. Esse é o Timothée? - Isadora sorriu para o garoto que reparava na cara enrugada da mulher. - Está um rapazinho. E bonito.

- Entrem por favor. Vou levá-los até o quarto.

Timothée observou a casa, já estivera lá algumas vezes mas nunca havia reparado nos detalhes, uma escada em caracol se erguia a sua frente, ela lhe parecia imponente ou talvez ele que fosse pequeno demais, pensou. Ele teve vontade de subir aqueles degraus, mas infelizmente a senhora os guiou pelo corredor a frente, logo depois para um quarto a esquerda. Anne entrou primeiro seguida de Isadora, Timothée se ateve a um quadro na parede, era uma pintura modernista de algumas crianças brincando de roda, Cândido Portinari era o dono da obra, ele não entendia muito de arte e achou estranho tudo ser tão quadrado, mas a cena era alegre, as cores vivas e de repente lhe deu uma vontade imensa de brincar na rua, coisa que não fazia há muito, muito tempo. Ele ouviu um choro baixinho, então lembrou do porque de estar ali.

Timothée entrou no quarto se sentindo envergonhado, só haviam mulheres em volta de um cesto branco, todo decorado por fora com rendas e cetim, o que tinha de tão importante em um cesto? Roupas? Perfumes? Ele não entendia a curiosidade delas naquele objeto simplório. Se aproximou com cuidado, Anne cravou os olhos brilhantes no filho e abriu um sorriso, o chamou com o indicador, ele apressou o passo pois se antes o desinteresse lhe dominava, agora era o oposto e ele também queria ver o conteúdo do cesto.

𝐛𝐨𝐫𝐧 𝐭𝐨 𝐦𝐞 Onde histórias criam vida. Descubra agora