CAPÍTULO I - Klaus

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Mais um dia, mais um café, mais um estresse. Liderar as empresas Mikaelson sempre foi meu objetivo, minha meta e meu sonho. Passei anos imaginando como seria estar na frente de uma das maiores empresas do mundo, coordenando o império que meus antepassados construíram. Provando ao meu pai que sou digno.

Hoje, estando aqui e vendo o mundo de cima, tendo superado tantos outros, inclusive aquele que me criou, eu não poderia me sentir mais... satisfeito. Estou aqui, vivo, bem sucedido e sendo mimado por todos os lados. E meu pai não está! Não posso dizer que sinto falta dele, nunca foi realmente um pai para mim. Mas também não posso dizer que a perda dele, que hoje, logo hoje, completa 3 anos, não me abalou.

Talvez esse seja o ponto da morte, ela sempre nos surpreende. Seja ao levar alguém que conhecemos ou com os sentimentos conflitantes que deixa para trás. A morte é complicada! Bem, só não mais do que a vida.

- "Está pensativo hoje. Algo com o que eu possa ajudar?", pergunta Rebekah, minha irmã mais nova, ao se aproximar de mim.

- " Suponho que você não tenha se esquecido do que comemoramos hoje, querida irmã", respondo, recebendo um sorriso irônico de Rebekah.

- "Se você se diverte fingindo que não está sofrendo, o problema é unicamente seu irmão", alfineta a loira.

- "Eu estava me divertindo até você chegar". Rebekah era capaz de me animar ou acabar com minha paciência. Hoje, ao que parece, ela acordou disposta a ver até onde poderia me levar, antes que eu decida jogar-lá da janela.

Rebekah era 3 anos mais nova que eu, crescemos sendo muito próximos. Mikael, nosso pai, não era a melhor figura paterna ou o melhor marido para Esther, nossa mãe. Tínhamos uma família perfeita aos olhos dos outros, mas era bem diferente dentro de quatro paredes. Bekah e eu aprendemos rápido a nos cuidar e a cuidar da nossa mãe. Tanto emocionalmente, quanto fisicamente. Mikael também não era o melhor em conversar!

Como em todo aniversário de morte dele, vamos os três juntos ao cemitério e depois almoçamos em um restaurante famoso da cidade. Ótima gastronomia, serviço excelente, decoração belíssima e, o melhor, era o que meu amado pai mais odiava. O comprei depois que ele morreu, para ter certeza que não mudariam um detalhe sequer.

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As idas ao cemitério sempre são conflitantes e emocionalmente exaustivas. Pelo menos os almoços são divertidos. Depois de uma adorável refeição em família, eu e Rebekah nos despedimos de nossa mãe e fomos aproveitar uma não tão adorável tarde em um clube.

- "Olha que coincidência, a queridinha da Camille está vindo aí. Quem poderia imaginar que ela iria nos encontrar aqui, logo hoje. Se não acontecesse todos os anos eu poderia até fingir surpresa", reclama Rebekah. Camille é uma boa amiga, com a qual Bekah nunca se deu bem.

- "Tente ser educada", a peço. "É um prazer vê-la Camille. Deseja se sentar com a gente?"

- "Eu adoraria Klaus, se não for incomodá-los", responde Camille em voz baixa, esperando que eu puxe a cadela para ela se sentar. Tenho certeza que estar aqui não foi uma ideia dela, mas sim da mãe controladora que possui. Camille, mesmo estando prestes a completar 25 anos, ainda não foi capaz de se desgrudar da mãe ou de pôr um limite na obsessão que possui em casar a filha comigo.

É realmente uma pena para ela que isso nunca vá acontecer. Só existe uma mulher com quem eu queira dividir a minha vida, o meu nome e tudo o mais. Mas, infelizmente, eu não sou digno dela. Não mereço te-la ao meu lado! Então nada de casamento para mim.

Uma hora, algumas bebidas e um prato de petiscos depois, eu estava pronto para ir a um lugar mais agitado, escapando assim dos elogios e anedotas ensaiadas que Camille declamava sobre o meu pai. Como se ela o conhecesse para além do que ele queria ser conhecido! Aquilo se repetia todos os anos.

Enquanto isso, Camille já estava claramente pronta para começar outra história e Rebekah pronta para encerrar a vida dela. Então eu e minha adorável irmã nos despedimos, com a desculpa que iríamos a uma boate. Um lugar ao qual a doce dama não suportaria nos acompanhar, por achar impróprio para alguém da classe dela. Como disseram, o preconceito é aliado da ignorância. Se ela não tivesse tanta repulsa, talvez percebe-se que nenhuma boate estaria aberta tão cedo.

- "Se um dia você ao menos pensar em se casar com ela, eu mesma te mato. Me ouviu bem?", rosnou Bekah, enquanto sorria falsamente para o carro no qual a outra loira acabara de entrar.

- "Você é tão gentil! Mas isso não é algo com o qual deva preocupar sua linda cabecinha. Então irmã, está pronta para ir ao parque?"

O parque de diversões sempre foi o lugar com o qual minha irmã e eu sonhávamos em ir quando crianças. Mas nunca pudemos! Não era apropriado para pessoas da nossa classe, respondia "papai", sempre que imploravamos a ele. Por isso, todos os anos, no dia da morte dele, nos esbaldamos em comidas gordurosas e brinquedos com segurança questionáveis.

Ser rico, mas não famoso, tem lá suas vantagens. Roda gigante, x-treme, space loop, barco viking, montanha-russa, cachorro-quente, pipoca, algodão doce, sorvete e umas bolas doces e meladas. Fizemos tudo que não pudemos fazer em nossa infância e o passeio ainda não acabou.

- "Olha Nick, que garotinha mais fofa", exclama Rebekah, atraindo minha atenção para uma criança loira, parada próxima a nós, comendo um sorvete estranhamente colorido. "Olá querida! Meu nome é Bekah, qual o seu?"

- "Minha mãe diz que não devo falar com estranhos", responde a garotinha. Acho que todas as mães do mundo dizem isso aos filhos. Um bom conselho para as crianças, mas uma afirmação um pouco paradoxal.

A resposta deve ter chamado a atenção da mãe da pequena, que, até o momento, estava de costas para nós.

- "Você está mais do que certa! Não se deve falar com estranhos", completa Bekah. "Mas eu sou Bekah e esse meu irmão Nick. Nós achamos sua filha muito fofa. O que vocês estão achando do parque? É um dos lugares que mais amo", continuou minha irmã, com um imenso sorriso.

Pelo menos eu acho que foi isso que ela disse. Eu estava muito ocupado olhando para os olhos mais belos que já tinha visto na vida. Olhos que assombram todos os meus sonhos, estando eu dormindo ou não. Olhos que eu pensava que nunca veria novamente, que eu não merecia ver novamente.

Como sempre, ela se recuperou antes de mim. E não era alegria que eu via refletido naqueles olhos. Não mais!

- "É a nossa primeira vez aqui. Essa pequena é a Hope, MINHA filha. Se nos dão licença, estamos atrasada", respondeu apressadamente, já pegando a mão da menina se virando.

Hope... era esse o nome que brincávamos, o nome que planejavamos...

- "Bonnie, espere. Nós precisamos conversar", afirmo, contente por ter pelo menos achado minha voz.


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⏰ Última atualização: Jun 16, 2022 ⏰

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Amor e covardia - KlonnieOnde histórias criam vida. Descubra agora