Bom, nunca tinha parado pra refletir sobre mim, sobre meus atos nesse mundo tão cheio de possibilidades.
Sempre convivi em meio a história de todos, contando como foi sua experiência de vida e como eles conseguiram chegar até ali, e bem, nunca tive saúde mental pra isso, nunca fui autêntica ou narcisista o suficiente pra falar de mim em grande escala, mas acho que minha hora chegou... então senta que lá vem história.Nunca fui de ME notar... realmente nunca prestei atenção em mim, mas algo que não fugia da minha mente era que de jeito nenhum eu gostava de ROSA.
Desde criança estudei em escola particular, e minha mãe por ser mulher "da roça" sempre foi certinha com essas coisas de MENINO VESTE AZUL & MENINA VESTE ROSA.
Essa parada nunca colou comigo, nunca gostei de rosa.
No meu aniversário de 1 ano de idade, minha mãe me levou para escolher uma roupa, e bem obviamente era ROSA, e eu bem plena e decidida joguei a roupa no chão e falei que queria a azul do HotWeels, e bem ela com certeza disse um belo NÃO.Bem vemos na foto acima que ela não conseguiu colocar um vestido rosa em mim.
um a zero pra mim!Com o passar o tempo, essa questão de azul e rosa foi ficando mais seria... mas não só por conta da cor e sim pelo contexto que a sociedade utiliza para denominar meninos e meninas.
Eu tinha dito que sempre estudei em colégio particular, então as Meninas tinham que praticar Ballet ao menos 1vez por semana, e os meninos praticavam futebol. Eu como uma criança arteira, longe dos olhos de minha mãe, não queria fazer ballet, e também nem futebol.
Parti pra aula de música, que curiosamente me atrai até hoje.
Essa particularidade herdei do meu pai, por mais que nunca fomos tão próximos ele me ensinou a mexer com equipamentos de som, a concertar coisas que envolvem eletricidade ou sonoridade. Desde pequena já observava ele consertando chuveiro, ou as máquinas de costura que o velhote tinha então ele sempre me ensinou isso... e mesmo sem falar nada, foi o único contato pai e filha que tivemos, mas nos dias atuais eu que ensino ele a arrumar o celular dele kkkkkkk.Voltando a história.
então eu ia para as aulas de música, mas mesmo assim dona Célia (vulgo minha mãe) me obrigava a ir às aulas de ballet.olha a cara de felicidade da criança.
nessa época eu tinha 3 anos, e bem, isso continuou até meus 7 anos...Após isso, família faliu e eu fui para uma escola pública no bairro do JARAGUÁ, TERRA PRECIOSA.
Bem preciosa por sinal, lar de projeto traficante, mandrak, baile, talaricagem a todo momento e eu tenho certeza que todo mundo é parente aqui porque é um rolo tão grande.
Mas a pesar de tudo somos uma grande família, amo morar aqui por sinal.
Então fui eu para a escola Oscar Dias, fiquei lá do primeiro ao sétimo ano. Lá conheci muitas pessoas, pessoas que não tinham aquela mentalidade de Azul e Rosa que falei no início, senti que aquelas pessoas me entendiam realmente, mas como fui criada por uma mãe SUPER azul e rosa, fiquei limitada pois ela dizia que eu não podia ser aquilo se não podia fazer ela chorar.
Assim que cheguei na escola, conheci um grupo de meninas,
Júlia P.
Patrícia
Giulia
Beatriz
Com essas meninas criei uma amizade muito grande, mas limitava somente a escola.
Conforme o tempo foi passando, fui conhecendo mais da vida, e vi que todos tínhamos segredos e que não fazia mal os escondê-los para nosso bem.
Sempre tive um crush na Júlia P. e curiosamente nunca contei isso pra ninguém, nunca tive melhor amiga.