Capitulo 4- aquele do sorriso que não pode confiar

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Era apenas onze horas da noite quando a australiana desabou no sofá de casa com o corpo todo esticado. Sua bochecha pressionava contra o estofado confortável. Um dos braços estava para fora e quase conseguia encostar os dedos no tapete felpudo de coloração clara que cobria quase o cômodo inteiro.

Roseanne ficou deitada ali por um tempo em silêncio, lutando contra sua própria consciência enquanto fragmentos daquele beijo fodidamente gostoso passavam de instante em instante ativando sua memória de forma boa e cruel ao mesmo tempo.

Aquilo era possível?

Bem, talvez.

Mas era evidente que ela tinha dificuldade de distinguir ou se decidir. De qualquer forma não deixava de ser torturante.

"Rose?" A voz da sua mãe interrompeu seu conflito interno.

Levantou a cabeça para procurar a empresária bem sucedida pelo meio da sala, mas além de vê-la com suas roupas formais, sentiu seu cheiro familiar e o sofá próximo a sua cintura afundar.

"Você chegou agora?" Quis saber procurando seus olhos.

Sua bochecha voltou a encostar no estofado macio e deslizou conforme seu rosto se mexia em um gesto de aceno positivo, confirmando.

"Cadê seu irmão?"

A mulher com rosto bonito e jovial, embora já tivesse quase cinquenta anos, perguntou ao mesmo tempo que deslizava a mão pelo seus cabelos castanhos em um carinho suave.

Os dedos da mais velha se enfiavam em seu couro cabeludo, embalando a australiana para uma leve moleza. Rose desfrutou do gesto, se deixando levar e fechou os olhos.

"Deve ainda estar com o pessoal do basquete." Sua voz soou fraca, saiu quase em um filete de voz, muito pelo sono que lhe dominava no momento, muito por pensar no irmão com um certo pesar.

Mais uma vez se deixou levar pelas suas divagações.

O Jongin era seu irmão, mas a relação deles era algo bem além disso. Eles eram companheiros de todas as situações, inclusive cúmplices na hora de livrar um ao outro do castigo. Contavam tudo sobre a vida um do outro e, apesar do menino ser quase um pai para ela, com todo aquele instinto de proteção, não lembrava de ter escondido nada dele, inclusive sua descoberta sobre sua orientação sexual e como aconteceu sua primeira vez.

Sua mãe não pareceu notar seu corpo se mover em um suspiro sôfrego, em uma pura lamentação.

Como contaria para ele o que havia ocorrido? Como poderia dizer que beijou Jennie. Quero dizer, ela deveria contar, não deveria?

"Tudo bem. Vou me recolher, preciso urgentemente de um banho e você deveria fazer o mesmo, vai terminar dormindo aí... ainda mais com a lente de contato..." Seu corpo se inclinou em direção a ela, depositando um beijo no topo da sua cabeça, em seguida se ergueu.

"Boa noite, querida." Acrescentou deixando Rose sozinha.





"Pirralha..." Seus olhos abriram lentamente e, sentiu prontamente uma irritação neles, mas no fim das contas conseguiu focar e viu o rosto do irmão se materializar bem diante dela.

Quando recuperou a consciência, se deu conta que acabou cochilando no sofá, comprovando as palavras da sua mãe. O Kai estava abaixado, apoiado sobre os joelhos, e conforme crescia na sua frente, o sorriso, que era capaz de fornecer uma felicidade instantânea, surgia no rosto de traços bonitos.

"Ei você... vem, vamos para o quarto." Seu tom foi suave enquanto ele dava leve tapinhas em seu ombro.

Rose se levantou devagar, ainda meio atordoada. Ficando sentada, pressionou as pálpebras com as pontas dos dedos, e, emendou um bocejo. Depois fitou as costas do irmão se movimentar pela sala. "Que horas são?"

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