Pelas duas semanas seguintes, um cantinho da minha cabeça está sempre na Escócia, esperando e imaginando. Enviei os papéis de inscrição da bolsa no dia seguinte ao da conversa com meu pai, completos com uma redação sobre por que eu sou a Garota Perfeita Para Gregorstoun (que consistiu basicamente em "Olha minhas notas de GPA e PSAT"). Revi Os mares do tempo, li guias de viagem e comecei a me imaginar vestindo mais roupas xadrez.
Mas, a não ser pelo ruído baixo e constante de "Escócia Escócia Escócia" ecoando na minha cabeça, o verão se desenrola normalmente.
Amigos, cuidar de Lizzie, trabalhar na biblioteca três vezes por semana.
Evitar Penélope.
Isso tem sido fácil de fazer, já que ela e o Mg estão Totalmente De Volta, então, ela não está passando muito tempo com Jed e Jade como costumava fazer.
Bom, não com o Jed, pelo menos. Eu vi algumas fotos dela com a Jade no Instagram, e minha última mensagem para a Jade estancou em "Lido" há dois dias, sem resposta.
Então, no geral, eu aguardo e tenho esperança. Gregorstoun deve me enviar uma carta dizendo o quanto das minhas despesas escolares eles estão dispostos a cobrir – tão tradicional da parte deles –, o que significa que eu fico de tocaia na caixa de correio todos os dias, desejando que não tivesse demorado tanto para me inscrever na bolsa, desejando que meu relacionamento com Penélope não tivesse determinado uma decisão de vida tão grande. Eu confiro a caixa de correio de novo quando saio em direção à biblioteca numa manhã quente no im de julho, mas é cedo demais para que o carteiro já tenha passado.
A biblioteca fica a apenas alguns quarteirões da minha casa, daí boa parte do atrativo desse trabalho, e eu estaciono meu carro na vaga de funcionários. Tecnicamente, é o carro da Caroline, mas posso usá-lo aos fins de semana, o que é legal.
Quando estou saindo do carro, uma das bibliotecárias, a sra. Ramirez, está destrancando a porta da frente e acena para mim.
— Tem notícias? — ela pergunta, mudando a bolsa de um ombro para o outro.
Com seu corte de cabelo moderno e os óculos num tom forte de rosa, a sra. Ramirez é #goals total e eu queria ter boas notícias para compartilhar com ela.
— Nada ainda — digo. — Mas ainda tenho tempo.
Seu rosto muda para uma expressão de simpatia enquanto ela me dá um tapinha no ombro.
— Qualquer colégio que não te der uma chuva de bolsas não é digno da sua presença — ela diz.
Eu sorrio, mas vacilo um pouco.
— É o que eu acho também — respondo antes de entrar na biblioteca.
A minha tarefa de hoje é reorganizar os livros devolvidos nas prateleiras, então, assim que entro, tomo meu rumo até a sala dos fundos, pego o carrinho de metal cheio de livros e o empurro entre as pilhas.
Depois de mais ou menos uma hora, estou no fundo da biblioteca, meu lugar preferido, onde o cheiro de livros velhos é mais forte.
É um lugar silencioso, o que é sempre uma vantagem, e é um dos pontos mais frescos do prédio inteiro.
E digo isso literalmente. O ar-condicionado parece que é mais forte aqui do que em qualquer outro lugar na biblioteca.
Eu deveria estar organizando alguns livros antigos de referência, mas, na verdade, estou olhando meu e-mail a cada cinco segundos. Talvez eu não receba a resposta pelos correios. Talvez, no fim das contas, eu receba um e-mail. Até mesmo colégios internos antiquados nas Terras Altas da Escócia precisam fazer parte do século 21, certo?
Mas, a não ser por uma mensagem do Jed perguntando se quero sair para tomar um frozen yogurt mais tarde (eu quero, óbvio), meu celular está em silêncio.
Acabo de guardar o último livro do carrinho quando ouço passos.
Provavelmente é alguém querendo usar uma das salas de estudo, mas também poderiam ser pessoas em busca de um lugar discreto para... fazer o que for (acredite, já vi de tudo), então eu me preparo para isso ou aquilo.
Mas não é um jovem estudioso ou estudantes excitados.
É o meu pai.
E há uma carta em suas mãos.
— É a... — pergunto, mas eu sei que é.
Meu pai não viria até aqui para me entregar uma carta irrelevante.
E, quando ele vira o envelope para mim, eu vejo o unicórnio de Gregorstoun no canto superior.
— Aimeudeus — digo baixinho e meu pai concorda balançando a cabeça.
— Ai, meu Deus, de fato.
Eu dou alguns passos para a frente com a mão estendida e ele abre um sorriso de leve.
— Josie, você sabe que isso é só um colégio, né? Isso não é a sua carta pra Hogwarts.
— E você não é uma coruja — eu o lembro —, mas isso é o mais próximo que eu vou conseguir chegar de receber uma carta de Hogwarts na vida, então me dá.
Meu pai me entrega a carta, mas seu sorriso se apaga um pouquinho.
— Josiepeia, se eles não oferecerem nada, ainda podemos achar um jeito de fazer isso dar certo. Ou podemos tentar achar.
Eu me obrigo a sorrir, mesmo sendo difícil. Eu preciso ter conseguido a bolsa. Gregorstoun estava me chamando por algum motivo, eu sei, e lugares não chamam pessoas apenas para rejeitá-las, certo?
Mas minhas mãos ainda tremem quando abro o envelope, meu peito se contrai enquanto meu olhar varre a carta, pousando na parte que diz:
Estamos felizes em oferecer uma bolsa integral para a próxima...
O grito que eu deixo escapar provavelmente é a causa de pelo menos três ataques do coração na sala de leitura, e ouço um dos velhos nas poltronas reagir com um "quem-está-aí?" assustado.
Tapando a boca com as mãos, eu olho para meu pai, mas ele está rindo sem fazer barulho, seus ombros sacudindo enquanto ele enxuga os olhos com a mão.
— Imagino que você conseguiu, então? — ele pergunta quando acaba de rir e eu olho para o papel, relendo com cuidado, na esperança de não ter lido nada errado por engano por querer demais aquilo.
Mas, não, está lá em preto e branco.
A viagem completa, acomodações, tudo coberto.Eu vou para a Escócia.
Ah.
Eu vou para a Escócia.
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Her Royal Highness • H O S I E •
عاطفية[CONCLUÍDA] ᴇʟᴀ ᴇ́ sᴜᴀ ɪɴɪᴍɪɢᴀ. ᴇʟᴀ ᴇ́ sᴜᴀ ᴀᴍɪɢᴀ. ᴇʟᴀ ᴇ́ sᴜᴀ... ᴄʀᴜsʜ? Josie Saltzman fica arrasada quando descobre que sua meio-que-melhor-amiga / meio-que-namorada tem beijado outra pessoa. De coração partido e pronta para uma mudança de vida, e...