Capítulo 21

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— E então, como você pode imaginar, ninguém na família McGregor nunca mais comeu uma truta.

— Totalmente — murmuro em resposta à história do sr. McGregor, mesmo só tendo ouvido metade.

Estou sentada no banco de trás de um Land Rover com Hope, nós duas – bom, nós três, contando com o sr. McGregor – estamos voltando para Gregorstoun na escuridão. Graças a Saks e Elisabeth, que estavam com suas mochilas e dispararam sinalizadores, razão pela qual o sr. McGregor está nos levando de volta ao colégio.

— Só estou dizendo, meninas, que vocês tiveram sorte que foi um veado e não uma truta — ele continua dizendo antes de sacudir a cabeça com tristeza. — Pobre Brian.

Agora eu queria ter prestado atenção à história, mas já estávamos chegando ao estacionamento do colégio, com todas as luzes acesas, fazendo o prédio brilhar na escuridão.

Eu daria um suspiro de alívio diante dessa visão se a dra. Tulle não estivesse em pé nos degraus de entrada, com os braços cruzados sobre o peito.

— Droga — Hope murmura ao meu lado, e eu concordo.

— Droga demais.

Estou cansada e molhada e com frio e sem a menor vontade de tentar explicar toda essa situação para a dra. Tulle.

Mas, quando saímos juntas do carro, ela simplesmente diz:

— Vamos conversar sobre isso amanhã.
E então volta para dentro do colégio.

Olho para Hope, que apenas dá um longo suspiro antes de dizer:

— Bom, vamos nos preocupar com isso mais tarde, o.k.? Vou tomar um banho. Talvez eu nunca consiga tirar o cheiro de rio do meu cabelo.

Mas a convocação para comparecer ao escritório da dra. Tulle não vem na próxima manhã. Ou na manhã seguinte. Apenas quando todo mundo retorna do Desafio e eu finalmente começo a relaxar, pensando que talvez não levarei uma bronca desta vez, é que o dr. Flyte me impede de entrar na aula de história e me diz que a dra. Tulle quer me ver.

E assim, mais uma vez, estou sentada ao lado de Hope na frente da diretora.

Desta vez, nós nos encontramos em seu escritório em vez da capela, e, mesmo que Hope estivesse certa de que sua mãe apareceria de novo, não há procissão real alguma.

Apenas nós.

Sentada do outro lado da mesa, ela nos observa com a testa franzida de leve.

— Moças — ela começa, e se interrompe, sacudindo a cabeça. — Desculpa, eu não sei nem como começar, já que as histórias que ouvi da senhorita Worthington e da senhorita Graham foram um pouco confusas e envolviam um veado.

Hope acena com a cabeça.

— Sim, nós fomos atacadas por um veado e foi assim que perdemos nossas coisas. Foi muito traumático. Não foi, Salvatore?

Por mais que eu tenha dito que não seguiria o plano estúpido de Hope, me vi concordando com a cabeça.

— Um veado. Trauma — digo, e a dra. Tulle solta um suspiro.

— Senhorita Salvatore — ela diz, me encarando. — Você não estaria mentindo pela princesa, estaria?

Como ela sabe? Ela tem poderes psíquicos ou eu sou uma péssima mentirosa?

Mas então a dra. Tulle começa a arrumar os papéis sobre a mesa e diz:

— Porque a amiga da senhorita Baird, a senhorita McPherson, insistiu que duas semanas atrás a senhorita Baird contou a ela que não planejava continuar em Gregorstoun durante o outono e que tinha um novo plano para tentar voltar para casa. Isso é verdade?

Her Royal Highness   • H O S I E •Onde histórias criam vida. Descubra agora