Capítulo 37

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Acordo na manhã seguinte com olhos pesados e o início de uma dor de cabeça intensa. E isso não é nada comparado à dor em meu peito. A ideia de descer as escadas para tomar café da manhã e sentar à mesa com Hope me faz querer me esconder debaixo das cobertas. O que aconteceu na noite passada? Nós brigamos por causa de Tamsin ou por causa da bolsa de estudos?

Mas então eu penso que, se nossa primeira briga terminou assim tão mal, talvez nunca teríamos dado certo. Talvez sempre todas as brigas terminassem dessa maneira.

Finalmente consigo levantar, mas, quando chego à sala de jantar particular da família, está vazia exceto por alguns amigos de Seb, Daisy e seu namorado. Os garotos apenas olham de relance para mim quando entro, mas Daisy me dirige um sorriso simpático, e eu mexo os dedos acenando para ela antes de ir ao bufê e pegar algo para comer.

O café da manhã escocês não é exatamente o meu favorito, mas agora, quando não consigo imaginar voltar a ter apetite, é bem menos atraente.

Mesmo assim, coloco alguns cogumelos, um tomate grelhado e uma torrada em meu prato antes de ir até a mesa.

Quando me sento, vejo Daisy cutucar Miles - bom, chutá-lo por debaixo da mesa, é o que parece -, e ele limpa a garganta murmurando um "certo", antes de se inclinar e dizer:

- Josie, desculpa ter mencionado a história ontem. Achei que você sabia, ou não se importava, ou sei lá... Bom, todos nós estamos acostumados a ler coisas sobre a gente na imprensa, seja verdade ou não, ao longo dos anos, e eu esqueço que não é assim pra todo mundo.

- E você é um tolo - Daisy completa, ao que Miles suspira, fechando os olhos brevemente antes de dizer:

- E eu sou um tolo.

Sorrindo apesar de tudo, mexo nos cogumelos com o talher.

- Não é não - digo a ele. - Não foi nada.

- Parece que foi um tantinho demais - Daisy diz. - Já que você vai embora essa manhã?

- Não é sobre isso - digo, o que tecnicamente é verdade. - É só que... Eu como um cogumelo para evitar falar por um segundo. - Não é pra mim - digo finalmente, agitando o garfo no ar. - Essa coisa toda. Deixo para os profissionais.

Daisy abre a boca para dizer algo, mas agora é a vez de Miles chutá-la debaixo da mesa e, olhando para ele, ela massageia a canela.

Eu enfio mais um pedaço da torrada na boca e faço um ruído me desculpando antes de basicamente sair correndo da sala de jantar.

Quando chego ao quarto em que fiquei, vejo que minhas coisas já estão arrumadas. A realeza claramente é muito eficiente em te mandar para fora assim que seu tempo acaba.

Dessa vez, não recebo ajuda para carregar a bagagem, ninguém, na verdade, até que saio pela porta de trás e encontro Camille à minha espera.

- Aí está você - ela diz. - O carro acabou de chegar.

E lá está ele, um carro preto aguardando na entrada.

- Quando Hope vai embora? - pergunto, mas Camille apenas me dá aquele sorriso duro, seus lábios muito vermelhos.

- Sua Alteza Real vai retornar aos estudos aqui em Edimburgo. Com o casamento se aproximando, é realmente melhor que ela fique perto de casa agora.

A manhã é fria, cinza e está chuviscando, o que se adequa ao meu humor enquanto estou em pé no pórtico, esperando o carro se aproximar.

Se eu soubesse que a noite passada seria a última que eu poderia falar com Hope...

O pensamento faz minha garganta apertar, mas a última coisa que quero é começar a chorar na frente de Camille. Afinal, tenho uma longa viagem de volta às Terras Altas durante a qual vou poder sentir pena de mim mesma à vontade.

Her Royal Highness   • H O S I E •Onde histórias criam vida. Descubra agora