〖 Ouvindo sofrimento marinho

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"Durante muitos anos, a caça à baleia-azul foi intensa, levando a espécie quase à extinção.
Em 1966, a Comissão Baleeira Internacional (CIB) passou a proteger essa espécie, e sua caça
foi cessada nos anos de 1970.
Atualmente, é crime."

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Inquieto. Dedos ansiosos batucando contra a mesa espaçosa e fria do laboratório. Desse jeito que eu me encontrava nesse exato momento.

Depois do episódio da baleia-azul morta na praia, tive que seguir com minha rotina de trabalho normalmente. Por mais que fosse mais que compreensível minha mente estar nisso, afinal, era meu trabalho. De alguma forma, era como se fosse completamente coerente se eu ficasse ali paralisado com isso, sem conseguir fazer mais nada.

Porém não, mesmo que a situação e a ansiedade de ter acesso ao corpo morto tomasse conta da minha mente em muitos momentos, eu consegui me disciplinar e dar uma olhada em alguns casos de violação ambiental marinha. Especialmente a do aquário de Wellington, capital do país. Situação que Charlie e Elena estão lutando bravamente para resgatar alguns animais que residem lá por possíveis maus tratos, e que essa semana teremos a inspeção aqui em Ocean Care para provar a coerência da causa.

Estava tentando me envolver mais nas situações já existentes de Ocean Care para conseguir me integrar em tudo, especialmente pelo fato de ter chego a somente três dias. Mesmo que minha pesquisa sobre as baleias fosse de suma importância, eu queria ser útil em outros pontos do cargo também.

O relógio marcava quase cinco horas da tarde, minha parceira de trabalho Charlie estava do outro lado da mesa do laboratório e o silêncio da espera pairava no ar. Eu gosto do fato de mesmo nos conhecendo a pouco tempo, o silêncio não se tornar constrangedor. Porém nesse momento, estava tenso. Eu provavelmente devo ter suspirado umas cinco ou seis vezes desde o episódio de horas atrás. Aquilo não saia da minha cabeça.

— Torturante, não é? Essa sensação de aguardar autorização para continuarmos nosso trabalho. — repentinamente, a voz de Charlie soou se direcionando à mim e eu devolvi meu olhar. — Compartilho disso também.

Apenas fechei os olhos por um momento e assenti, largando um pouco daqueles papéis de casos que eu conferia, tentando me distrair.

— Quero confirmar de uma vez por todas o que vi. Depois dessa análise, sei que vou ter o que preciso para uma denúncia. — compartilhei o que vagava pela minha mente, ajustando meus óculos que estavam escorregando do meu rosto. — Aquilo não foi encalhamento, Charlie. Mas quero ter certeza.

Ela me fitou por um instante e assentiu algumas vezes, após isso pude vê-la alongando um pouco suas costas. Ficar muito tempo sentados, resulta nisso.

— Eu acredito em você, Jimin. Sei do que o ser humano é capaz. — a loira respondeu — Por mais que Nova Zelândia seja um dos países atualmente mais protetores da população marinha, de verdade... Não acho improvável.

Por um lado, eu ficava grato pela parceria dela. Mas não estava satisfeito, digo, eu queria muito mostrar para ela. Afinal, tudo o que eu vi com Jungkook foi muito vago e sem uma análise completa, então eu queria muito que nos liberassem o corpo.

E como se o destino tivesse ficado com um pouquinho mais de pena de mim por tantas horas de agonia, repentinamente a manda-chuva Elena adentrou o laboratório com sua típica prancheta em mãos.

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