Reticências

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Obviamente eu não fui para Coreia.

Não estamos falando de uma cidade aqui do lado. Estamos falando de atravessar o mundo.

Mas, após minha conversa com yoongi, eu sabia que minha história com Jin estava cheia de reticências.

Eu precisava por um ponto final.

E isso só seria possível pessoalmente.

Eu precisava reavaliar o caso da Morena pessoalmente, afinal ainda não haviam se passado os 5 anos para que a minha paciente fosse considerada de fato curada.

Falando de forma leiga.
...

Cheguei na Coreia em meio a toda a disputa judicial que jk e sua ex estavam travando para decidir quem ficaria com a guarda de seu filho.

Um neném coreano de quase dois anos.

Acabei envolvida com toda a situação por causa de morena e yoongi. Inclusive, fui para última audiência.

A ex de jk, uma coreana extremamente jovem, passou mal e eu a socorri, a acompanhei até o hospital.

Eu sei, vocês devem está se perguntando: mas e o Jin?

Nos vimos, mas o meu ex agiu como se nada tivesse acontecido.

Aparentemente o Jin que eu conheci, não existe mais.

Resolvi tudo que estava por resolver em relação ao acompanhamento do quadro médico  de Morena, que felizmente está excelente.

Mas eu precisava resolver minha história com Jin, não suporto a sensação de algo mal resolvido.

Os "e se" sempre martirizam demais.

Eu precisava conversar com Jin, mesmo que fosse para colocar um ponto final na nossa história.

Eu pedi para que yoongi falasse com Jin, já que o mesmo ignora minhas mensagens ou ligações, mesmo aqui na Coreia.

...

— Eu acho que a gente não tem mais o que conversar Maria. — Jin me olha sentado na sala de seu apartamento. Impossível não lembrar da primeira vez que vim aqui.

— Eu só quero entender onde a gente errou ou eu errei, a ponto de você simplesmente sumir. — pergunto, me sinto horrível. A sensação de estar me humilhando me deixa mal.

— Se eu falar que você não errou, que eu sou o erro, eu sei que não vais acreditar. Mas essa é a verdade. — o coreano finalmente fita meus olhos.

— Eu queria que tudo fosse fácil, como nas fanfics que escrevem sobre mim, mas não é Maria. — Jin está nitidamente exausto.

— Eu só preciso saber o porquê. — me aproximo de Jin e sento ao seu lado.

— Eu ouvi tudo Maria — fito Jin sem entender — sua família, nunca me aceitaria. — eu finalmente entendo o motivo do Jin sumir.

Mas não consigo aceitar que o homem que eu amo desistiu de mim por causa da possível rejeição da minha família.

Parece algo tão pequeno.

— Então você está falando que desistiu de nós por causa da possível rejeição dos meus avós? — eu sei que eu deveria ser compreensiva, mas acho que Jin está sendo covarde.

— Talvez você me ache um covarde — o coreano fala, como se pudesse ler meus pensamentos.

— eu mesmo me achei, mas eu já passei por rejeição durante toda a carreira e, sinceramente, por mais que eu te ame, não sei se sobreviveria a mais uma rejeição. — Jin não me olha, mas sua voz denuncia sua tristeza — eu não seria a melhor versão de mim, eu iria ferir a mim e a mulher que eu amo, você Maria. Eu não quero isso pra nós.

— Eu não posso pedir para você aceitar a rejeição da minha família, também não posso mudar minhas origens. Mas você e eu nem sabemos se haveria essa rejeição. — falo em um fio de esperança.

— Maria, você e eu estamos separados há mais de um ano e você quer que eu acredite que sua família mudou de opinião em relação a homens coreanos? — Jin ri sem humor.

— eu quero ser pai, quero uma família, quero cozinhar pros meus sogros... Enfim Maria, além disso, não quero que você abra mão da sua carreira. Eu cogitei abrir mão do BTS e ir para o Brasil reconquistar você e conquistar sua família.

—Mas eu sei que em algum momento um de nós culparia o outro por tudo que abriu mão para ficarmos juntos.

— Eu estava preparada para ouvir sua rejeição, seria mais fácil ou melhor, menos difícil abrir mão de nós dois, se eu soubesse que não me amas. — falo desistindo.

— Mas nós dois somos a prova que não adianta só amor pra ficarmos juntos. — dou um sorriso enquanto meus olhos enchem de lágrimas.

— Eu não queria que você sofresse eu preferi que você achasse que eu era um idiota egoista, por isso fugi dessa conversa. — Jin limpa meu rosto e beija minha bochecha eu o abraço e choro.

— É um adeus... — sussurro em seu peito, sentindo seu cheiro enquanto molho a blusa social que veste.

— Não. Sou egoista, não consigo abrir mão de você. Mesmo que te faça sofrer, mesmo que a gente nunca se case. Mesmo que, ainda que, Eu te amo.

— Ainda que, eu te amo.

E ali eu e Jin entendemos que algumas histórias de amor, não vivem de pontos finais, mas sim de reticências...

A noite de inverno que nunca esqueci (Livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora