𝐈𝐕

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Era pouco mais de 6:30 da manhã quando Taehyung acordou um espirro de água em seu rosto e o cobertor sendo tirado de si.

– Vamos, levanta cachorrinho – a voz irritada de Yoongi assustou o Kim, que sentiu mais água sendo jogada em seu rosto.

– Yoongi! Eu disse para não o acordar assim! – tirou o borrifador das mãos do moreno e lhe deu um soquinho no ombro. Hoseok era um anjo para o Kim, e ele nem sequer acreditava que eram reais.

– Que horas são? – perguntou sonolento limpando a água em seu rosto.

– São 6:38, é bom que você se arrume até as 7, temos que pegar o voo – disse seco saindo do quarto, Hoseok abriu as cortinas iluminando um pouco o quarto, suspirando pelas atitudes do colega.

– Perdão pelo Yoongi Tae, ele não gosta muito da ideia de morar um com ex-criminoso. Ele mal dormiu essa noite. Mas eu confio em você, o Yoon vai aprender a confiar e gostar. Agora vá se vestir e fazer as malas que temos que sair logo logo.

Jung saiu do quarto fechando a porta e dando privacidade ao garoto. Taehyung tomou um banho e vestiu uma calça beje e um casaco cinza, penteou os cabelos e calçou um sapato qualquer que havia entre seus novos objetos pessoais. Não fazia a menor ideia de qual a previsão do tempo da Venezuela nos próximos dias, enquanto pensava em que roupas levar ouviu um som familiar, como o toque de um celular, procurou de onde o som vinha até notar a gaveta do móvel ao lado de sua cama com um post-it amarelo em branco, os mesmos que Jung usava. Torceu para não ser nada que o matasse.
Abriu a gaveta vendo uma caixa de celular com outro post-it em cima, dessa vez com algo escrito: "Troquei de aparelho há quase uma semana, e não vou mais usar esse, pensei ser uma boa ideia lhe dar de presente. Tem meu número, do Yoon e dos chefes caso precise. Faça bom uso. – Hope." sorriu e pegou o objeto o observando, era quase novo, e a tela havia sido trocada recentemente para o Kim. Aproveitou e fez a pesquisa que precisava para terminar de arrumar sua mala.

Assim que saiu do quarto, faltou uma almofada ser jogada em sua direção, Yoongi não aguentava mais o esperar, porém, Tae apontou para relógio da sala, que marcava exatamente 6:59 da manhã. Yoongi queria o matar. Mostrou o dedo para o moreno que levou na brincadeira, e seguiu o caminho para fora do apartamento junto de Hobi, que balançou a cabeça sem saber o que fazer.

– Está tentando ser amigo dele ou o levar pra cama? Não está conseguindo fazer nenhum dos dois sabia? – falou aproveitando que Yoongi já estava chamando o elevador enquanto fechava a porta.

– Talvez os dois Hobi, mas relaxa, até o fim dessa missão eu já consegui pelo menos um beijo dele

– Quis dizer um soco, não? – os três entraram no elevador e esperaram chegar ao térreo do prédio. O que não demorou, quase não havia circulação de pessoas naquela manhã, como de costume.

Hope colocou as malas no carro enquanto Vante atormentava Agust, até este permitir que Vante fizesse tranças em seu cabelo. Claro que Vante ouviu um belo esporro antes, mas o que importava era o resultado. O caminho até o aeroporto e o avião pareceu menor pelo fato de Tae estar quieto brincando com o cabelo de ambos. Yoon agradeceu pela paciência que tinha.
Como de costume, Yoongi viajou dormindo, enquanto os outros dois conversavam aos montes. Hoseok confiava em Taehyung, e como ele conhecia a área, preferiu deixar que ele ficasse no comando dessa missão. E Taehyung se sentia honrado em ter a confiança do mais velho, mesmo sabendo que o restante de seus colegas de trabalho não tinham essa confiança. Pela pequena janela, era possível ver o litoral nordestino brasileiro, faltava pouco, bem pouco para chegarem no país vizinho, os três torciam para essa missão ser um sucesso. 

Quase duas horas após passarem pelo litoral brasileiro, os três garotos se encontravam numa pousada, a pelo menos três quadras de onde se encontrava o ponto de tráfico. Hope se doía em imaginar os maus tratos aos pobres animais, animais em extinção, que sem sua presença no ecossistema poderiam desencadear um problema gigantesco no ambiente. 

– Tomara que a gente consiga completar essa missão e resgatar os pobres animaizinhos...  Eu não gosto de ver os animais sofrendo 

– Você comeu bife de boi no almoço Hoseok

– Não fode Yoongi! – o acastanhado jogou um travesseiro no garoto que estava deitado na cama. Taehyung só conseguia rir, até receber uma travesseirada no rosto vinda do moreno. 

– Não me bate Yoongi! 

– Tudo eu, tudo eu! – Jung e Kim jogaram os travesseiros no mais velho para o fazer parar de drama. 

– Olha, eu vou dar um pulo lá fora, matar a saudade daqui. 

– Não Kim. – disseram em uníssono e Hoseok trancou a porta. 

헤이 𔓘 ִֶָ

Passados dois dias desde que o trio se instalou temporariamente no país latino, Yoongi finalmente aceitara que Taehyung comandaria a missão, mesmo que ainda desgostasse da ideia. Já haviam feito uma análise de todo o local, inclusive na construção que Tae comentou, e o grupo estava lá, já foi confirmado. Tinham a intenção de agir hoje no final do dia.  
Hope notificou a sede mais próxima e pediu para enviar  agentes para o local, já que o trio agiria primeiro, tudo sobre as ordens de Vante. 

– Eu subo primeiro, vou lhes dar um sinal quando for para subirem, fiquem atentos e se disfarcem – Vante saiu do quarto seguindo o caminho da estrada, logo depois, Hope e Agust.
Os dois caminhavam juntos, até chegarem numa barraca, onde pediram algo para comer enquanto conversavam. 

– Ugh... Eu não gosto disso. – disse em seu idioma nativo bebendo o café no copo plástico descartável

– Problema, aprenda a gostar – Hope respondeu seco – Yoon, ele é parte do grupo agora, aceita isso, e lembre-se, se ele fizer algo contra a empresa, podemos matá-lo. Fica aqui. – beijou a bochecha do moreno e começou a andar pelas ruas, sem perder o prédio de vista. 

                                                                                    헤이 𔓘 ִֶָ

Vante bateu na porta da única casa no andar. Foi atendido por uma garota, que o olhou desconfiada e logo perguntou: 

– Boa tarde. Quem é o senhor? – entretanto foi educada.

– Ah você deve ser a Anna! Como você cresceu! Meu nome é Luan, sou amigo de seu pai, ele não deve se lembrar bem de mim, pode chamá-lo pra mim? – a garota fechou a porta, e alguns instantes depois fora aberta novamente. Um homem moreno da mesma estatura do Kim o recebeu. 

– Quem deseja hablar comigo? 

– Lembra de mim? O Luan da turma de 2010, viramos amigos nos dois últimos bimestres – o homem pensou um pouco e sorriu, abraçando o Kim em seguida. 

– Tu não foi preso no Brasil panaca? – deu um tapinha nas costas do colega e o puxou para dentro da casa, servindo água do filtro de barro para ele. 

– Fui sim irmão, mas fui solto, foi um porre pra vir aqui te ver, a polícia tava no meu pescoço, papo reto, foi um saco! Mó burocracia fodida Miguel

– Tô ligado irmão, semana passada os tira bateram aqui, quase prenderam eu e o Manoel, e a gente ainda apresentou a licença de arma. Ser negro é foda – a atenção dos dois foi levada para o canto da sala quando ouviram um som de um rifle ser destravado, apontado para Vante – Anna, cariña, ponha isso no lugar. 

– Ele tem uma arma, eu vi. 

– Mi hija, ele é amigo do pai, ele é dos nossos, mostra a ararinha que o pai trouxe pra ele mostra – a garota abaixou a arma e a deixou na mesa, indo pro quarto, voltando depois com uma arara azul jovem, com a asa ferida e a ponta do bico quebrada. Taehyung sorriu forçadamente para a agradar, eles realmente tinham os animais. 

– 'Cê tá colecionando bichinhos agora? 

– Num tem nem ideia Luan, tem um monte de lá do Brasil.

– Crianças, querem um café? – a mulher loira apareceu com a garrafa de café e três copos de vidro na mão. 

– Luan não bebe café não mãezinha, fresco, palhaço, hijo de una cadela – a mulher bateu na nuca do filho. 

– Palhaço és tu! 

Wings: Meeting The EvilOnde histórias criam vida. Descubra agora