Indo para o inferno
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Eu o amei! Tudo que fiz foi amá-lo. Veja o que ele me fez fazer!!
Um erro pode justificar o outro?
Nos últimos quatro anos me dediquei a Marcos. Tínhamos um bom relacionamento, éramos felizes, casaríamos. Mas ele jogou tudo para o alto, largando-me sozinha.
Quando voltei do trabalho naquela quinta à noite, encontrei o apartamento vazio. Marcos nunca deixou de avisar-me caso fosse demorar a chegar. Ingênua, acreditei que após algumas semanas ausente devido ao trabalho, armaria uma surpresa. Ansiosa com a possibilidade de um jantar ou um passeio, tomei um banho demorado com óleos florais, certificando-me de escolher o perfume que ele mais gostava, mas ao abrir o guarda-roupa, minha surpresa foi outra. Dentro do armário de porta dupla meus vestidos pareciam solitários sem as camisas ao lado, a ausência de peças de roupas masculinas deu ao móvel um aspecto muito maior.
Não restaram camisas, calças, sapatos. Meus pés descalços correram rapidamente pelo apartamento. Seus livros haviam sumido, junto ao computador e ao maço de cigarro que vivia na mesa de centro.
Abalada, retornei ao quarto e sentei na cama, ainda enrolada na toalha. Tateei o colchão até encontrar o celular e discar seu número, a chamada não completou. Um nó se formou em minha garganta e o choro veio em sequência, alto e forte. Nenhuma mensagem, telefonema, bilhete. Nada. Marcos apenas pegou suas coisas e foi embora. As lágrimas rolaram compulsivamente pelo meu rosto, incessantes, a dor dilacerando meu peito. Meu coração estraçalhado pelo homem que amei.
Dormi embalada pela tristeza da rejeição, porém, ao acordar e perceber que ainda estava de toalha na cama, perfumada, com o rosto marcado e sozinha, um sentimento mais forte me possuiu: o ódio.
Marcos não foi o primeiro a deixar-me, mas seria o último. Eu não seria a única a sofrer. A dor que me avassalava seria partilhada.
Nos dias subsequentes a obsessão tomou conta de mim, a raiva crescendo e esmagando o que antes sentia de bom e doce a seu respeito. Olhava compulsivamente suas fotos, nossas fotos, imaginando cenários diversos, enquanto buscava informações do ocorrido. Marcos poderia não atender minhas ligações, mas seus amigos eram fontes fáceis de respostas e duas cervejas bastaram. Não me surpreendi ao saber que estava com outra moça, e a punhalada da traição açoitou o que restava em meu peito.
- Ele voltou para o apartamento no Centro, fomos lá no final de semana - Lúcio confessou, na metade da sua segunda long neck.
Continuei a bebericar o coquetel de frutas, mesmo sentindo a bile subir pela minha garganta, ouvindo atentamente o rapaz, que esteve tantas vezes em minha sala com os outros amigos de Marcos, falar sobre a festinha. Seu apartamento no Centro fora alugado poucos dias depois dele ter ido morar comigo, sendo uma parte do aluguel destinado para nossa viagem de lua de mel. Marcos não me abandonou às pressas, em um ato impulsivo, ele planejou. A verdade trouxe um gosto amargo a minha bebida: sua ausência não foi causada pelo trabalho, e sim por sua falta de interesse em mim e o desejo por outra mulher.
Ao final de nossa conversa, Lúcio parecia envergonhado por ter deletado o amigo e não pela minha miséria.
Mais tarde naquele dia, deitada em minha cama vazia, meu coração partido doeu mais do que na noite em que me vi abandonada, a angústia esmagando-o, contudo, não chorei. Fechei os olhos e apertei com força o travesseiro em que antes a cabeça de meu amado repousava, sem carinho algum em meus braços.
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Oito palmos
Horror- Padre, tenho uma confissão a fazer. Por detrás da fina madeira do velho confessionário, o padre ouviu o sussurro e pode ver, por entre as frestas poligonais, a mulher ajoelhada e de cabeça baixa, um véu negro a cobrir o rosto. Uma cena comum em s...