Kakucho era um idiota

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-Você não vai se divertir, Kakucho? -perguntou Ran. Ele estava mais que bêbado e tinha pelo menos duas garotas agarradas em si.

O Haitani adorava toda aquela atenção e utilizava de seu poder como executivo do maior sindicato o crime japonês, para obter exatamente a atenção que tanto queria e desejava. Rindou apenas apreciava mais um drink, quieto. Qualquer pessoa diria que ele era o único sóbrio dos irmãos, mas Kakucho conhecia muito bem a vermelhidão nas orelhas do outro para saber que ele estava muito mais para lá que para cá.

Os sóbrios, além do próprio Hitto, eram Kanji Mochizuki e Takeomi Akashi que apenas conversavam em seus assuntos de velhos fofoqueiros. Haruchiyo Sanzu se esforçava muito para manter a pose enquanto se punha atrás de Mikey o tempo inteiro, como se algo o pudesse atacar se ele piscasse. Mas Kakucho já havia visto ele engolindo alguns comprimidos e seu rosto risonho confirmava isso.

-Eu não estou aqui para me divertir. É trabalho para mim. -disse Hitto, depois de espantar mais um pretendente.

Ele era muito cobiçado, não só por sua beleza, mas pela sua posição e status. Kakucho era famoso, tanto quanto os outros. E meio mundo sabia que era era o segundo no comando de Mikey, oque fazia ser assediado sempre que possível. Ele não precisava de esforço para resistir aquelas investidas, ele tinha alguém em sua cabeça e seu coração. Inclusive, tatuado nele para sempre. A simples imagem do rosto negro do filipino o faziam esquecer que poderia existir alguém mais bonito ou interessante que Izana Kurokawa.

-Até parece que é casado. -alfinetou Rindou, apontando para ele com a taça, antes de virar todo o líquido goela abaixo.

-E eu sou. A mais de 10 anos. -disse ele. Cansado dessa conversa, que não levaria a lugar nenhum, ele se levantou. -Ainda precisa de mim, Sano-sama?

Mikey o olhou com o rosto de desinteresse. Kakucho não o conheceu antes da luta entre Toman e Tenjiku. Entes daquilo... Mas ele poderia muito bem ter certeza que Manjiro era bem mais legal que aquela casca vazia que ele se tornou. O, antes cheio de vida, Mikey nem se dignou a responder, apenas desviando o olhar. Foi Sanzu que fez um pequeno aceno para que ele fosse. Kakucho se curvou e saiu. Ele pôde sentir suas costas queimarem nos olhares de seus colegas e de algumas pessoas que dançavam.

Hitto se encaminhou rapidamente para fora da boate, desviando de qualquer investida. Ele odiava ter reuniões naqueles lugares, mas era inevitável que acontecesse quando era a "inauguração" de uma das fontes de lavagem de dinheiro da gangue. Ele entrou no próprio carro e apertou o volante com as mãos. Não gostava de participar daquelas atividades, não gostava de pertencer a Bonten, não gostava de obedecer a Mikey, não gostava de Sanzu, nem dos Haitani, de Mochi ou Akashi. O único suportável era Kokonoi, mas ele estava sempre tão consumido pelo trabalho, que Hitto mal o via.

"Preciso chegar em casa!", pensou ele. Kakuchou ligou o carro e arrancou com força. Tóquio estava silenciosamente calma. Com a presença de uma gangue onipotente e onipresente como Bonten, a cidade se tornou o mais perto de tranquila possível. Os restaurantes estavam lotados para o dia dos namorados. Casais esfregando a sua felicidade e liberdade de amar na cara de qualquer solteiro amargo. E de Kakucho, que nunca seria livre para amar como queria e poderia.

O motor de outro carro roncou ao seu lado quando ele parou no sinal. Um adolescente com cara de delinquente estava literalmente lhe chamando para um racha, mas Hitto apenas fechou o vidro. Não satisfeito, o garoto jogou algo no vidro de Kakucho, que suspirou. Pessoas podem ser muito chatas as vezes. Ele desceu lentamente o vidro. Quando o garoto estava prestes a lhe lançar outra coisa, ele apenas puxou a sua arma e apontou para o rosto do jovem. Branco se pavor, ele avançou o sinal, sem se importar se ainda estava vermelho.

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