capítulo único

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"Haven't got the guts to call him up
Walk around as if you never cared in the first place
But if you never call you'll end up stuck
Without another chance to tell him off right to his face"

Mac DeMarco parecia berrar em seus ouvidos, implorando para que acordasse.

O garoto se esgueirou pela cama até chegar até a cabeceira e desligar o bendito despertador que tocava Watching Him Fade Away, uma música que amava. Só que colocá-la em um despertador para 5h50 da manhã havia sido uma péssima ideia.

Ele pensava todos os dias em colocar o toque padrão do celular, mas só se lembrava disso quando acordava todos os dias de manhã —na maioria das vezes dormia desejando não acordar. Mas as preces de Riki, felizmente, nunca foram atendidas— e se odiava por ser tão procrastinador à esse ponto.

Ficou por alguns segundos deitado, até tomar coragem de abandonar sua cama e seu edredom quentinho.

Ainda de olhos quase fechados e cabelo bagunçado, foi até o banheiro e tirou seu pijama de camiseta branca e calça listrada. Ligou o chuveiro, mas como ainda estava praticamente dormindo, esqueceu que havia tomado banho gelado na noite anterior e recebeu um jato de água fria no rosto. Assim que sentiu o líquido gélido quase o afogar e escorrer por seu abdômem, deu um pulo para trás e quis gritar, mas se conteu com apenas alguns choramingos.

Depois de colocar o uniforme escolar e comer alguma coisa para garantir que não cairía duro no chão, Riki saiu de casa —atrasado, 'pra variar— correndo.

Quando abriu a porta, o frio de Seul o recebeu de braços abertos. Mas Riki fechou os seus, pois seu casaco escolar era tão fino que parecia que ia congelar o pobre coitado enquanto ele corria pelas ruas para chegar a tempo em sua escola.

Era só mais uma manhã na vida de Nishimura Riki, o típico nerd que gostava de jogos, usava camisetas com imagens que ninguem sabia de onde vinham, assistia animes esquisitos e doramas clichês, colecionava livros de protagonistas LGBTQIAP+, tirava notas razoáveis nas provas e tinha sempre um hidratante labial no bolso.

Ao chegar na escola, passou correndo pelo portão, mas foi parado pelo inspetor na porta do local.

—Calma, garoto! Sem correr no colégio! —Um senhor o disse calmamente.

—Bom dia, Sr. Cha! Me desculpe, é que estou atrasado. — Riki riu envergonhado enquanto seu peito subia e descia rapidamente por conta de sua respiração.

O Sr. Cha era um senhor de quase cinquenta anos que trabalhava na escola desde a sua fundação (mais ou menos, vinte anos atrás). Estava sempre encobrindo os atrasos dos alunos mais novos —incluindo Riki— e sempre dava um jeito de esconder as besteiras que os estudantes queriam esconder da direção. Como por exemplo, os namoros.

—Ah, então foi isso. —Respondeu — Aquele garoto do segundo ano passou por aqui hoje, perguntando de você. — Riu baixo — Vocês parecem bem apaixonados.

—Ah! Pode ter certeza, Sr. Cha. Não poderia ter outra pessoa por quem eu me apaixonaria. — Deu um sorriso grande e singelo —Enfim, tenho que ir agora se não vou me atrasar ainda mais! Tchau, Sr. Cha! Nos vemos mais tarde! — Riki se curvou respeitosamente e saiu correndo novamente, acenando e sorrindo.

—Esses jovens de hoje... — Deu uma gargalhada curta.

Riki correu pelos corredores como se sua vida dependesse daquilo, e dependia, pois caso tivesse a sorte de encontrar Sr. Choi num dia ruim, uma bronca poderia ser motivo de um trauma psicológico.

Riki parou na frente da porta de sua sala e respirou fundo, antes de dar três batidinhas na porta e entrar com cautela.

—Com licença... — Disse baixo e franziu a testa ao ver Jungwon, um de seus amigos, segurar o riso enquanto entrava.

School Life; SUNKIOnde histórias criam vida. Descubra agora