Capítulo 10-aquele do dia em que rosé quase morreu

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Sua bunda sentia o chão, os braços envolviam suas pernas, as costas se apoiavam na parede fria de azulejos, entre o vaso e o boxe de vidro fosco.

O banheiro rodava em sua volta feito um carrossel, embora, não era nada divertido. Sua visão estava meio cinza e embaçada nas beiradas, mas mantinha seus olhos bem abertos, parecia que se fechassem-os, tudo se intensificava.

Rosé não lembrava quando foi a última vez que se sentiu tão mal na vida, nem mesmo quando deu seu primeiro PT, aos 15 anos na casa de uma amiga na época do ensino médio.

Era bem verdade que não fazia tanto tempo assim. Mas durante esses três anos, a experiência adquirida lhe deu o ensinamento que nunca deveria beber de barriga vazia, ainda mais algo tão forte e da forma como foi feito. E então, fez a mesma nota que todo mundo naquela situação fazia:

Nunca mais iria beber.

Clássico.

Mas de fato, talvez levasse um bom tempo para a próxima...

A pobre coitada só em pensar na maldita vodka... seus órgãos se reviraram, provocando outra enorme ânsia.

Seu corpo se inclinou para frente, uma das suas mãos foi imediatamente para a boca abafando um arroto, e, em um movimento brusco, se agarrou novamente ao vaso. Com os olhos fortemente fechados, seu abdômen definido se encolheu e mais líquidos em tom colorido foram despejados feito um jato.

Ao abrir as pálpebras, tudo que podia ver era uma lagoa azul misturada à água, manchando os arredores do seu vaso branco, desencadeando os três sintomas que vinham em conjunto: tontura, náusea e azia... 

E em seguida, mais vômitos.

Naquela altura, sua garganta ardia, o estômago se comprimia pela queimação, o cheiro era ruim, já não aguentava mais vomitar, e, por um instante, se questionou o quanto havia bebido.

"Caralho!" Ela praguejou mentalmente, mas saiu quase um grito. Sentindo sua cabeça latejar fortemente e seus olhos marejar. 

"Rosé,você está bem?" A voz doce da sua melhor amiga a pegou de surpresa. Mas nem a pau iria se mexer, muito por achar que a imagem já falava por si só, e muito por parecer que sua vida saía do corpo com cada movimento.

Sentiu a presença ficar mais próxima e parar nas suas costas. Seus cabelos foram puxados para trás e amarrados em um rabo de cavalo mal feito em cima da sua cabeça. Aquilo trouxe um alívio momentâneo, porque era péssimo vomitar daquele jeito – com o cabelo solto, que grudava nas suas costas pelo suor. O banheiro não estava quente, transpirava pelo esforço exigido e pelo calafrio causados pelo mal estar.

Na real, rosé suava frio.

"Você poderia pegar uma coca e água, por favor?" Lalisa pediu.

Rosé franziu o cenho, mas estava tão ocupada, colocando tudo para fora que não percebeu com quem ela falava.

Para a australiana, deveria estar sendo torturante, mas diferente do que ela poderia estar pensando, foram apenas alguns segundos naquele processo e depois sentiu as vontades cessarem. Quando percebeu que seu organismo iria lhe dar uma nova trégua, pressionou a lateral do vaso, dando descarga.

Se deixou cair para o lado, sentando-se de volta no chão, com um gosto péssimo na boca, se encostando na parede fria no lugar que passou pelo menos os últimos, longos, minutos.

Foi de lá que visualizou a amiga em pé no meio do seu banheiro, quero dizer, pelo menos duas delas. Ergueu um pouco o queixo, e precisou piscar algumas vezes para focar em apenas uma loira odonto. Obtendo sucesso, notou o cabelo bagunçado, o batom tirado... Aquela típica imagem que lembrava perfeitamente uma pessoa pós-foda. No entanto, antes de fazer qualquer comentário irônico. Ela foi mais rápida.

"Você está se sentindo melhor, baby...?"

"Acho que sim, julgando que eu estou conseguindo ver a camisa da vice-presidente ao avesso... quero dizer, minha camisa..." Seus lábios se esticaram em um sorriso sem mostrar os dentes.

A menina que adentrava no ambiente, segurando uma latinha de coca na mão e um copo cheio de água na outra, estancou o corpo no mesmo instante e inclinou a cabeça para baixo, se certificando que a blusa estava do lado certo. Percebendo que havia sido uma brincadeira, soltou um sorriso, revelando seus dentes brancos e perfeitos.

"Me pegou direitinho, park!"

"Ai, Rosé... como você é idiota!" Lisa resmungou colocando as duas mãos na cintura fina e trocando o peso do corpo para a outra perna. 

"Espero que não tenha sido na minha cama..." Forçou ainda mais a linha da sua boca, dando um ar travesso ao seu sorriso.

"A gente não transou, Rosé..." Manoban disparou, mas o rubor no seu rosto foi visível, até mesmo para a australiana, que via algumas Lalisas na sua frente.

"Caralho, estou muito bêbada..." Esfregou as mãos no rosto, e quando as tirou sentiu a latinha de coca gelada encostar nos seus lábios cheios. As meninas fizeram questão de que ela bebesse tudo. A Coca e a água.

"Foi mal... de verdade" Rosé disse de repente, com a voz chorosa. Sentindo-se nojenta depois de vomitar, digo, colocar todos os órgãos para fora. "Eu não queria ter estragado a festa particular de vocês...."

"Você não estragou nada,park" Jisoo lançou um sorriso amistoso. "Eu já estava indo embora..."

A australiana fez que sim com a cabeça, vigorosamente, mas parou com aquilo quando começou a sentir o enjoo aumentar. "Estraguei, sim. Foi mal!"

"Está tudo bem..."Lisa  sorriu com uma certa malícia. "Vai ficar me devendo essa..."

"O quê? Você que ainda me deve... depois de tudo que eu passei com a Jen..." Mas a voz morreu e alguma coisa dentro dela se contorceu outra vez, embora a sensação não era mais de querer colocar tudo para fora, muito pelo contrário, naquele lugar em especial, não havia nada, só um vazio.

E parecendo esquecer por um momento que uma das melhores amigas dela estava bem ali, provavelmente por ainda estar bêbeda, se descuidou...

"Ela ficou com meu irmão, baby..." Sua voz soou fraca com pesar.

"Ué, não era isso que você queria?" Rebateu, mas seu rosto esbanjou um semblante compassivo.

"Era. Quero dizer... não. Não sei mais. Me incomodou. De verdade." Disse de forma pausada, como se estivesse com dificuldade em admitir aquilo. "Puta merda... eu não achei que ela fosse capaz... e... caralho! Você está escutando tudo!" Fez uma careta.

Jisoo emitiu uma gargalhada completamente involuntária e divertida. "Me conte mais,park... vou reportar tudo."

Rosé deu um suspiro audível. Pensou em alguma coisa, mas parecia uma tarefa impossível naquele momento, embora se deu conta que não era bem de vazio o sentimento que possuía dentro dela. Na verdade, ela estava uma bagunça!

No entanto, acabou dando de ombros, se limitando em apenas dizer: "Tanto faz... eu e a garota da Chanel não rola mais mesmo..."


"Eu não teria tanta certeza disso..."

A careta de nojo de Rosé foi espontânea. "Credo, Jisoo... ela está com meu irmão."

Soo se abaixou, dobrando os joelhos, se apoiando nas pernas, ficando quase na mesma altura do rosto da mais nova, e ao ganhar atenção dos olhos castanhos meio nebulosos por conta da bebida e um tanto pelo ciúme, completou:

"Quer um conselho?" Mas ela não esperava uma resposta, e depois de uma pequena pausa, estudando os traços bonitos e exóticos da caloura, continuou: "Não ceda muito rápido..."

Kim Jisoo tinha um sorriso divertido nos lábios em formato de coração, daqueles que Rosé julgava como não confiáveis. Embora não era exatamente diversão o que procurava.

Na verdade, a veterana poderia até estar sendo uma péssima melhor amiga para Jennie no momento, mas criou simpatia pela tailandesa e sabia que no todo, talvez mais para frente, só talvez, poderia estar fazendo o maior ato de amizade. A menina de cabelos escorridos, no fundo, tinha a concepção de que Rosé poderia ser diferente.

Não apenas uma conquista, não só um brinquedinho...

Rosé franziu o cenho, completamente perdida e talvez até alheia a situação. "Ahn?"

Mas a veterana apenas sorriu outra vez, esticando os lábios. "Tchau,park..."

"Volto daqui alguns minutos para te dar um banho e te dar remédios... não fuja!" Lisa disse divertida se retirando com a vice-presidente.

Roseanne soltou uma lufada de ar. Como se ela fosse para algum lugar, se dependesse das suas sensações, talvez até dormiria ali. Suas pernas automaticamente cederam, se esticando, e, sua cabeça pendeu para trás, sentindo a parede fria. 

Como prometido, a loira odonto retornou, mas além dos remédios, trouxe também a câmera de Rosé.

O objeto preferido da sua melhor amiga estava entre as mãos dela e se deslocava em posições diferentes conforme tirava as fotos. Não poderia perder a oportunidade de se vingar de todas as vezes em que a australiana fez isso com ela.

"Puta merda, Manoban!" Rosé resmungou tapando o rosto com a mão, mas apesar do mal estar, seu sorriso estampava o rosto. 

Lisa abria o sorriso e o som da sua risada até deixava-a satisfeita, era tão familiar e gostosa.

"Essa ficou ótima, baby!"

Segurando a polaroid revelada na hora em seus dedos finos, entre o polegar e o indicador, balançava a foto freneticamente enquanto seu nariz enrugava com o sorriso.

Rosé emitiu uma risada que logo foi acompanhada pela melhor amiga. Riram alto.

Depois de toda a resenha e de tomar os remédios que fariam Rosé acordar melhor no outro dia,lisa a ajudou a ficar em pé, colocando um braço ao redor da sua cintura para dar apoio.

Claro que quase caíram algumas vezes!

Muito pelo estado da australiana, muito, e, principalmente, pelo jeito desastrado da loira. Mas conseguiu dar banho, ajudou a retirar suas lentes também. Essas, inclusive... Rosé definitivamente não iria achar nunca mais, já que Lalisa fez o grande favor de derrubar o minúsculo objeto transparente em algum lugar do quarto, aumentando seu recorde pessoal de lentes perdidas da amiga. Contudo, para a sorte da australiana, ela tinha outra de reserva.

Depois de todo aquele papelão, levou-a para a cama, onde deixou sua melhor amiga cair sobre as cobertas.




Quando acordou pela primeira vez, o quarto estava silencioso, Rosé só conseguia escutar o som do ar condicionado trabalhando harmonicamente. Um filete de luz atravessava as laterais da cortina grossa, ainda sim, o escuro predominava.

O ambiente estava gelado, e seu corpo se contorceu com o frio. Ao descobrir que Lisa havia puxado todas as camadas de lençol, a amaldiçoou mentalmente.

Toda vez era aquilo!

Reclamou o que deveria ser seu, puxando o cobertor com delicadeza para não acordar a loira odonto.

Os cantos dos seus olhos enrugaram assim como seu nariz e ela demorou alguns segundos para visualizar o relógio ao lado da cabeceira que marcava onze horas. Agradeceu mentalmente por se tratar de um sábado, mas xingou sua outra amiga de infância por conta da bebida.

O que diabos tinha naquela coisa para fazê-la se sentir daquele jeito?

Estava mal...

Péssima! 

O enjoo continuava bem ativo, embora, para dizer que ela não estava nenhum pouco melhor... não estava mais tonta. Por outro lado, sua cabeça parecia uma escola de samba de tanto que latejava

Quase insuportável.

Esperando poder curar a ressaca com mais algumas horas de sono, voltou a dormir. Fechou as pálpebras, se virando para o outro lado se cobrindo ainda mais.

Eram quase duas horas da tarde quando despertou. Não sentia mais a dor de cabeça, mas ainda passava mal, aquele maldito enjoo sempre presente.

Com a sensação que seu corpo pesava 763945 kg, se levantou lentamente quase em efeito slow motion, encostou as costas na cabeceira da cama e finalmente abriu os olhos.

Seu bocejo foi audível enquanto esticava os braços, se espreguiçando, depois, precisou secar os contatos dos olhos.

Demorou quase uma eternidade para focar seu quarto e conseguir enxergar as formas. Somando a ressaca Hardcore, Rosé era quase cega. Decerto, o que ela visualizava de longe, sem suas lentes ou óculos, era apenas a familiaridade das coisas, a memória dos objetos na cabeça.

Antes de sentir falta da Loira desastrada, sentiu uma queimação no peito se expandir e dominá-la por completo.

Rosé era uma bêbada meio consciente, agia de forma quase normal, quero dizer, ria com bem mais facilidade, mas sabia se comportar e nunca foi daquelas que culpava o álcool pela maneira de agir, e o pior de todas essas características, ou o melhor... dependendo da opinião; lembrava das coisas.

Roseanne lembrava de tudo.

E então, conforme se recordava da noite anterior, seu coração se apertava. Ela deveria estar feliz, não deveria?

Bem, por um lado ela estava, mas era inegável que em parte se sentia completamente frustrada. Afinal, havia entregado a garota pela qual estava muito interessada e sentia uma atração visceral, quase de bandeja ao irmão e isso significava que ela e Jennie não rolaria mais.  

Era uma situação até nojenta para tailandesa.

Quem ficaria com a ficante do irmão?

Argh!

Com um certo esforço e um suspiro que fez seu corpo todo estremecer, arrastou as pernas pela cama, e quando sentiu o chão, se levantou devagar para evitar uma possível tontura. Diferente do seu ritmo anestesiado, tomou um susto quando Lisa atravessou a porta completamente eufórica.

Chae ao se deparar com a tailandesa com os cabelos bagunçados, a cara amassada e uma das mãos na frente da testa, em uma nítida e monstruosa ressaca, segurou o sorriso.

"Você não vai acreditar..." Sua voz saiu ofegante, como se ela tivesse subido até ali nas carreiras. O que de fato tinha acontecido.

"Não sei se quero saber... acabei de acordar e ainda estou discutindo com a possibilidade de voltar para cama e ser qualquer coisa inanimada." Resmungou seguindo para o banheiro.

"Bem, então acho que você vai pensar outras vezes nessa possibilidade..." Sorriu de forma amistosa ganhando pela primeira vez realmente a atenção de Rosé.

A tailandesa fechou os olhos em uma briga interna se deveria ou não saber, mas acabou perguntando mesmo assim: "O quê...?"

"As meninas da fraternidade estão aí... a Jennie está aqui... então se você não quer ter uma visão do paraíso..." Pareceu repensar. "Quero dizer... no seu ponto de vista, do inferno, não abra as cortinas..."

Rosé franziu o cenho, demorando a raciocinar sobre aquilo, depois arregalou os olhos e sua voz alta causou um incômodo na sua própria cabeça. "Puta merda, Lisa! Não vai me dizer que ela está de biquíni na minha piscina?"

Lisa apertou os lábios segurando a nítida vontade de rir da desgraça da amiga, e acenou com a cabeça. "E sinceramente? A Jennie é... puta que pariu! Uma delícia, embora Jisoo definitivamente é mais!"

"Ok, me decidi. Vou ficar por aqui. Boa noite!" Fez o caminho contrário, voltando a se deitar na cama.

"Ah! Qual é Rosé ... está todo mundo lá embaixo, até a Sorn!" Resmungou, indo na direção da morena, segurando seu pé. "Eu vim aqui te contar para não ser tão desastroso para você... mas..."

"Vocês são umas traidoras!" Resmungou interrompendo a amiga enquanto enfiava o rosto nas cobertas.

"Ei, qual é? Esse drama é meu! Nem combina com você. Agora vem, precisa comer alguma coisa." Continuou puxando seu pé.

Mas ao escutar a amiga mencionar comida, seu estômago se revirou. "Não quero comer, Lisa. Sério, eu estou mal."

"Precisa se alimentar, baby. Qual foi a última coisa que você comeu?"

"Acho que foi seu sorvete..." Sua voz saiu abafada já que seu rosto estava enfiado no colchão.

"Meu Deus, Rosé ... por isso você ficou daquele jeito ontem. Vem, eu faço um suco para você."

"Eu vou tomar um banho, sei lá, você só me enfiou na água ontem! Me sinto nojenta ainda..." confessou, mas voltou a se levantar e se sentou na ponta da cama em movimentos contidos e lentos. 

"Você é uma mal-agradecida!" Resmungou fazendo um bico enorme enquanto cruzava os braços.  

E Rosé sorriu com aquilo, e puxou a loira pelo punho, obrigando-a se desfazer do gesto. "Obrigada por ontem, baby."

"Você sabe onde está meu biquíni? Tenho certeza que deixei um aqui..." disse aquilo entrando no closet da amiga com Rosé um pouco atrás.

"Deve estar junto das suas coisas... na última gaveta..." Falou passando por ela, apontou para o local, mas antes de entrar, se virou.

Seus olhos imediatamente caíram para lisa revirando a gaveta e um grande vinco decorou seu rosto exótico. "Ela dormiu aqui...?"

Lisa deu um pulo quando achou seu biquíni, o sorriso surgiu exatamente como uma criança que acabou de ganhar seu brinquedo preferido, e com a roupa de banho nas mãos se virou para Rosé. "Não, idiota! Elas acabaram de chegar."




A ponta dos seus pés descalços tocavam a madeira fria dos degraus da escada. A calça moletom azul marinho, com listras nas laterais e de cintura baixa estava arregaçada até as batatas, roçava no meio das suas pernas enquanto seus passos eram lentos, se esforçando para manter os níveis altos de discrição.

Rosé usava uma blusa regata branca de tecido leve, deixando uma pequena parte da sua barriga chapada exposta, inclusive o umbigo. Seus cabelos caiam ainda meio úmidos por seus ombros e costas. Arrumava a franja rente a testa enquanto seguia para a cozinha em puro silêncio. 

Observando sua amiga fazer uma vitamina de morango, com uma saída de banho branca de renda, por cima do seu biquíni verde. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque sem muita firmeza no topo da cabeça, enquanto mastigava provavelmente um morango e fazia uma dancinha ao som de algo que só devia existir na cabeça dela.

Rosé se sentou na bancada, ajustando a armação fina dos seus óculos de grau e respondia algumas mensagens no celular. A vista da australiana desviou do aparelho para mirar sua amiga. "Você viu minhas lentes?"

A pergunta fez a loira odonto parar o que estava fazendo e um sorriso sem jeito estampou seus traços bonitos. "Eu... eu meio que derrubei elas no chão..."

Rosé soltou um suspiro conformado, voltou atenção para o celular, depois repousou o aparelho em cima da bancada de nanoglass branco, fazendo o mesmo com sua cabeça. "Ainda estou passando mal... só tenho sede... muita sede."

"Mas vai tomar tudinho..."

Park não reconheceu a voz e ergueu a cabeça, com o queixo ainda apoiado na mesa em um gesto rápido, se arrependendo um tanto com o ato. Ainda estava meio sensível a movimentos.

Viu a presidente da irmandade desfilar por sua cozinha com um short jeans branco e extremamente curto, prontamente sentiu um tanto impressionada, enquanto secava a barriga lisinha dela. Subiu a vista e se deparou com um biquíni roxo preso em um laço nas costas e no pescoço.

"Além de glicose, precisa tomar muita água também para hidratar..." acrescentou, repousando uma garrafa de vinho em cima da mesa do centro da cozinha, em seguida prendeu seus cabelos em um rabo de cavalo com um prendedor de laço, deixando ainda mais evidente o óculos de grau com armação fina e redonda que decorava seu rosto de traços muito bonitos.

Irene podia ser um diabo! Mas ainda sim um demônio lindo e aqueles óculos combinavam perfeitamente com ela.

De fato, não era nenhum pouco cansativo olhar para ela.

"Escutou?" Lisa disse depositando o copo comprido de vidro contendo a vitamina na sua frente, junto com um de água.

"Senti sua falta ontem..." Rosé disse e sorriu em agradecimento para sua melhor amiga. Depois emendou. "Muitas experiências?" Seu tom era divertido e mirava o rosto lindo da presidente da irmandade, depois de volta para os copos e estranhou a sensação de apetite criando forma dentro dela. A vitamina tinha uma cara boa.

"Preciso de um abridor de vinho..." Bae disse para a Loira que logo abriu um das gavetas, arrumando um para ela. Irene sorriu, mostrando seus dentes perfeitos voltada para Rosé, enquanto abria a garrafa de líquido caro. "Sentiu? Não deu para vir... estava de plantão." Depois respondeu a outra pergunta. "Realmente, morar com um bando de tresloucadas me trouxe experiência." Acrescentou terminando seu serviço. Se aproximou da tailandesa. "Mas sou quase uma médica, preciso saber de algumas coisas...." Deu uma piscadela passando por ela e seguindo em direção ao terraço.

Seus olhos se incomodaram quando atravessou a porta de correr que dava ao espaçoso ambiente ao ar livre. Apesar de estar na metade da primavera, o céu estava aberto, bem azul e sem nuvens aparente. O sol estava no seu esplendor e o clima estava bem quente para a estação.

E puta merda! Não havia dado tempo de reclamar, sua vista estancou assim que viu Jennie sentada, meio que de perfil no meio da piscina, na parte rasa, segurando uma taça de vinho e seus pés afundados na parte funda balançavam, criando algumas ondulações. 

Seu boné roubado cobria parcialmente o rosto dela, deixando só o nariz fino e a boca chamativa de fora. Os cabelos estavam soltos e molhados, caídos sobre os ombros e colo.

O biquíni vermelho tomara que caia – tomara que cai mesmo! Sustentava os seios pequenos e arrebitados. A pele perolada exposta revelava uma barriga completamente chapada e definida.

Rosé engolia em seco conforme se aproximava da piscina.

Jennie kim definitivamente era uma sereia. Exatamente daquelas das lendas dos pescadores; onde eles eram hipnotizados por elas e levados para afundar nas profundezas do mar.

Porque era assim que Rosé se sentia.

Não estava tendo contato com nenhuma água, mas se sentia no sexto e último grau de afogamento, tendo uma parada cardiorrespiratória. Em outras palavras, estava quase perdendo a consciência caracterizado pela interrupção do funcionamento do coração e da respiração.

Senhor! Lalisa manoban tinha toda a razão... Jennie kim era deliciosa. 

Uma desgraçada! Mas ainda sim deliciosa!

No entanto a tailandesa voltou a si quando observou Jisoo diante da (deliciosa) companheira de irmandade. As duas pareciam entretidas em uma conversa animada. Onde a morena de cabelos escorridos falava sem parar.

O óculos de sol bonito apontou para Rosé, e o sorriso em formato de coração abriu quando percebeu a presença da tailandesa.

Jennie acompanhou o gesto da amiga, seguindo a mesma direção. Ao identificar o motivo do sorriso dela, empinou o rosto arrogante. Seus olhos de gato acenderam e o sorriso gamoso da garota da Chanel surgiu, revelando seus dentes em formato arredondados, pequenos e maravilhosos.

Rosé estremeceu, mas conseguiu desviar a visão daquele lugar... perigoso ao escutar a Sorn quase gritar:

"Está viva!?"

Mal sabia ela que Rosé quase acabou de morrer de novo.

Forçou um sorriso sem mostrar os dentes. "Não sei..." Admitiu dando de ombros.

Sua amiga de longas datas tinha uma long neck na mão enquanto fazia companhia ao RM e a Bae que estavam sentados nas espreguiçadeiras, protegidos por um guarda-sol enorme e foi para lá que rose marchou junto da sua melhor amiga.

Kai conversava algo com Sehun do outro lado, sentados na borda da piscina, ambos os garotos só usavam bermudas e, juntos, somavam 12 gominhos. O armador do time da faculdade assim que viu Rosé abriu um sorriso.

Rosé sorriu de volta, meio desanimada, realmente não estava nas melhores condições.

Deduziu ser mais seguro ficar de costas para Jennie. Definitivamente, muito mais seguro. Por isso, sentou-se em uma das espreguiçadeiras disponíveis ali, encostando no encosto acolchoado. Viu sua melhor amiga imitar seu gesto, sentando-se na sua frente, na ponta.

"Ressaca do caralho! Me lembra de nunca mais beber o que você prepara".

"Ah! Rosinha... vodka não faz mal a ninguém... pelo contrário, anima!" Se defendeu, cruzando as pernas sobre a cadeira longa e arrumando a parte de cima do seu biquíni. "O problema é a quantidade e a forma que se bebe..."

Rosé respondeu com uma careta que fez Sorn rir. "Você não faz ideia. Eu não sabia que tinha bebido tanto". 

"E essa ressaca, como está?" Rosé escutou Jennie perguntar em pé ainda dentro da piscina.

Seu pescoço virou mecanicamente. Deu para escutar as engrenagens funcionando.

Vocês escutaram?

Seus olhos se arregalaram imediatamente, e seu queixo caiu. O olhar cruzou com o de Jennie e as sobrancelhas se ergueram. "Puta merda!"

Ela estava somente com seu biquíni vermelho, minúsculo, vale ressaltar. Sua pele ainda estava molhada com as gotas de água, e seus cabelos castanhos pingavam.

Não conseguia evitar de medi-la de cima abaixo e enrubescer com o modo pelo qual ela conseguia fazer o seu coração disparar, ou parar – Rose ainda estava decidindo. Apenas com sua presença.

"Gosta do que ver,park?" Jennie voltou a dizer, com um sorriso presunçoso no rosto.  "Eu posso ficar aqui, bem diante de você por mais tempo, se preferir..."

Rosé franziu a testa.

Jennie seria seu fim. Que aliás, estavam bem próximo. E meu Deus, lógico que roseanne preferia que ela ficasse daquele jeito, ali a sua mercê. Quero dizer! Não! Estava confusa, sentindo um pouco desnorteada, por isso fechou os olhos fortemente atrás da suas lentes de grau, antes de os abrir novamente e sorrir sem humor. 

Ignorou aqueles comentários convencidos e apenas se limitou a responder como estava.

"Melhor...  vou sobreviver..." Sua voz soou um pouco rouca. Limpou a garganta.

Jennie pareceu segurar o sorriso, mas em seus olhos era nítido o divertimento. Se aproximou, o corpo se inclinou um pouco para baixo, revelando a visão maravilhosa do seu decote e estendeu a mão com a taça em direção a presidente.

Irene pegou a garrafa no balde cheio de gelo na pequena mesinha que havia entre elas e encheu a taça de vinho.

Mas Rosé estava concentrada demais mirando o colo magro e elegante, o vale dos seios da coreana. Por um instante imaginou se ela era capaz de ouvir seu coração aos pulos.

Bem, provavelmente.

A desgraçada sabia exatamente o efeito que provocava nas pessoas, vulgo mero mortais.

Sua língua deslizou pelos seus lábios cheios, umedecendo antes de finalmente conseguir desviar. Instintivamente observou o irmão do outro lado da piscina, notando o quanto o mesmo estava na mesma situação dela. A diferença que ele olhava a bunda dela. Causando uma leve contração no músculo da mandíbula da australiana acusando o desconforto. Ela só não sabia exatamente o motivo dele.

"Obrigada!" Kim agradeceu, ajeitando a postura olhando-a de lado com aqueles olhos de gatinho penetrantes.

Seu suspiro de alívio foi audível quando Jennie finalmente se distanciou e saiu do seu campo de visão. E então, percebeu que não estava sozinha, suas amigas estavam bem ali, inclusive Irene que lhe lançava um olhar avaliativo. Mas para sua sorte, RM já estava do outro lado da piscina, se juntando ao seu irmão e ao armador do time, somando 18 gominhos agora.

"Limpa aqui..." Lisa disse indicando com o dedo o canto da boca da tailandesa.

Ela riu, mas ainda conseguia encará-la com uma expressão séria e dizer um 'ha-há... muito engraçadinha' em tom sarcástico.

"Park, quer um conselho?" Irene falou, levantando-se e tirando o óculos de armação delicada, repousando-o na mesinha. Rose acompanhou aquele movimento dela, depois para ela de novo criando uma certa expectativa.

Irene colocava os pés na água, ao mesmo tempo que bebericava sua taça com o líquido transparente.

"Não ceda muito rápido..." Acrescentou com um sorriso amistoso fazendo o mesmo caminho de Jennie, deixando a australiana com a sensação de déjà-vu.

"Meu Deus... É tão óbvio assim?" Disse com um vinco entre as sobrancelhas.

Sorn estava sentada na mesma posição que ela, embora agora suas pernas estavam esticadas, do outro lado da mesinha e Lisa, na sua frente, se entreolharam e sorriram de forma compassiva para Rosé.

"Rosinha, sinceramente não sei como o Kai ainda não percebeu." Tomou um gole de cerveja da garrafa antes de completar: "A química de vocês é muito surreal!"

Rosé gemeu, aspirando o ar em volta com seus pensamentos totalmente desorganizados. Precisava se convencer que tudo que havia acontecido dentro dela não deveria existir.

Jennie era página virada!

Tinha que superar aquilo, seguir em frente e sobretudo; precisava tomar cuidado.

A voz da sua amiga de infância lhe tirou do estado abstraído. 


"E a vice-presidente, Lisinha?"

Manoban emoldurou o rosto com as mãos e emitiu um gritinho de felicidade.

Isso deveria responder à pergunta.

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