*Hendrick*
Depois de tomar meu café e meu banho, vesti uma calça moletom cinza e uma camisa preta, como era final de semana iria descansar durante o dia e pensar aonde levar a Júlia à noite.
Desde a cena que fizemos no meio da rua para pedir que ela fosse ao baile comigo, nós trocamos poucas mensagens pois ela estava ocupada com a organização.
Sorri ao me lembrar do que fizemos, tudo foi ideia do nosso pai, Carlos. Ele nos perguntou se já havíamos feito o pedido, eu ia fazer no jantar de hoje mas ele odiou todos os pedidos simples que iríamos fazer e contou a história de que quando foi pedir a mamãe para acompanhá-lo ele fez um pedido em meio ao público em um parque e com direito à serenata e balões voando por todo lado.
E então surgiu a nossa ideia de fazer isso, foi divertido fazer toda a organização, exceto a parte em que tivemos que nos juntar para convencer Miguel a não comprar uma loja inteira de ursos de pelúcias para a Ana, foi um verdadeiro caos até conseguirmos convencê-lo e mostrar os contras dessa ação.
Bati na porta do apartamento do Peter e o mesmo logo a abriu, havia dias que queria conversar sério com ele mas pelo visto ele sabia do que se tratava pois não parava de fugir de mim.
- Fala sério Kavinsk, hoje não, tô de saída - se virou e foi para a sala pegando seu relógio em cima da mesa e colocando-o no pulso.
- Para onde você vai? - perguntei me sentando no sofá.
- Vou sair para tomar café com uma pessoa, só isso.
- Helena?
- Não, não é a Helena - respirou fundo e colocou a carteira no bolso - não me olha assim, eu não tive nenhum caso com a mulher que vou encontrar.
- Então é uma mulher? - arqueei as sobrancelhas - interessante.
- É a Kananda, só para você saber. - passou a mão no rosto buscando por paciência.
- Eu nem perguntei e também não sei porque está tão bravo, aliás, como ela está?
- Bem, mudou de vida e agora está melhor, faz tempo que não a vejo e marcamos de nos encontrar para passar o dia juntos hoje.
- Uma pena que você não vai comparecer agora pela manhã, diga a ela para saírem pela tarde juntos - levantei-me calmamente e fui ao frigobar em seu apartamento me servindo de uma dose de whisky.
- Eu não vou fazer nada disso, completamente fora de questão, termine seu whisky e saia - me virei e arqueei a sobrancelha.
- Eu não estou pedindo, Peter. Não adianta, você não vai fugir mais uma vez dessa conversa, sente-se agora mesmo - ele hesitou por alguns segundos e logo desistiu sentando-se à poltrona em minha frente respirando fundo.
- É sobre a Helena - ele ponderou por uns minutos e tombou a cabeça para trás.
- Eu gosto dela, mas eu não sei se consigo, Hendrick, é mais difícil do que eu pensei e eu me sinto um fodido de merda - cobriu o rosto com às mãos e calou-se.
- Eu sei que seu passado ainda influência muito em suas atitudes no quesito relacionamento, Peter. Mas você também precisa estar ciente que está lidando com os sentimentos e as emoções de outra pessoa, eu só quero que pense bem, ninguém merece ter o coração partido, você sabe muito bem como dói.
O ouvi soluçar e percebi que estava chorando, o que era raro de acontecer.
- Eu me sinto bem com ela mas do que me senti com qualquer outra mulher em toda a minha vida - confessou entre os soluços.
- Então tente - viramos e vimos Miguel encostado na porta de braços cruzados, estávamos tão centrados que nem notamos ele entrar.
- Você fala como se fosse fácil - diz Peter.
- Eu só quero o seu bem, meu irmão. Mas eu não posso aceitar que você magoe alguém - Miguel aproximou-se e sentou na ponta do sofá e continuou - eu não sei como ajudar você a superar essa dor que lhe foi causado, mas a Helena não tem culpa e nem merece sofrer por causa dos seus traumas que você nem se quer superou, sinto muito lhe dizer isso, mas é apenas a verdade, você não está disposto a se abrir com ela, ou está? - perguntou.
- Não.
- Então acho melhor você repensar sobre isso, leve o tempo que for preciso - terminei meu whisky e pus meu copo sobre a mesa.
- Sabe, nem todas vão agir da mesma forma com você.. - comentou Miguel.
- Não vou cometer esse erro de novo.
- Tudo bem - dissemos em uníssono e fomos abraçá-lo.
Assim que o soltamos Miguel virou-se para mim e disse:
- Renata está de volta né?
- Está? - perguntou Peter.
- Sim, ela está. Mas não se preocupem quanto à isso.
- Eu não estou, só fique esperto - diz Miguel, por fim.
*Maria Júlia*
Estava voltando para a casa depois de ter ido correr, essa manhã acordei com uma sensação no peito muito ruim, odeio quando isso acontece pois me sinto incapaz de fazer qualquer tarefa e me sinto indisposta para tudo.
Passei pela portaria cumprimentando o porteiro e estranhei não encontrar o gerente por aqui e segui para o elevador, tomei café na rua hoje pois Helena estava trabalhando muito na nova reforma do seu restaurante que irá fazer e Ana saiu cedo para um ensaio do próximo desfile que irá ter.
Entrei no apartamento e ia à caminho da cozinha mas senti como se algo nele houvesse sido mudado, estava com um ar diferente, ignorando isso continuei e peguei uma garrafinha de água à tomando quando sua voz surgiu, a voz que eu não esperava ouvir nunca mais, a voz que me assombrou durante anos e se permanecia presente em minha mente.
- Acho que precisarei lembrá-la de quem és
Minhas mãos fraquejaram deixando a garrafa de água cair no chão, meus lábios tremiam e meus olhos encheram-se de água, virei-me para olhá-lo e lá estava, com a postura impecável que sempre teve, os olhos brilhavam com algo que eu conhecia bem e temia, era ódio.
- Como um verdadeiro bichinho acuado, você não mudou nada mesmo - sorriu e se levantou vindo em minha direção.
- Como você conseguiu entrar aqui? - perguntei baixinho e fraco, quase em um sussurro
- Isso não interessa à você, sua maldita de merda - fechei os olhos enquanto meu corpo tremia, meu coração doía, era como se tivesse regredido e vivendo tudo novamente, meu corpo travou, eu não conseguia fazer absolutamente nada..
eu sou mesmo uma covarde..
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pessoal, agora nós iremos conhecer mais um pouco do lado sombrio de Júlia e entender de uma vez porque ela é assim em quesito relacionamentos
votem e comentem. 💖
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Meu verdadeiro amor - Livro 1 da saga: Os cavalheiros
RomanceTodo mundo merece a chance de viver um amor clichê como nos livros, todos merecem uma nova chance de ser feliz novamente. Mas será que Maria Júlia Romano conseguirá se entregar ao amor depois de tantos traumas? ela será capaz de deixar o passado de...