CAPÍTULO - 9

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A chuva parecia aumentar a cada instante e logo pude sentir que meus sapatos estavam entrando em contato com a lama que se formava no chão.

Ainda podia sentir a dor sufocando meu peito, mas logo percebi que alguém me puxava, girei velozmente a minha cabeça para trás e vi que um dos homens estava tentando me puxar para perto de uma das figueiras .

- Sinto muito garoto, mas precisamos ir .

O que ??? Ele só podia estar brincando, ir embora e deixar a Vic aqui ??? .

- Vamos garoto - ele parecia entender que eu não queria ir embora sem a Vic - não temos como levar o corpo dela, não no meio desse caos, se ficarmos mais tempo aqui, nos acharão.

Eu continuava abraçado à ela, sentia a água escorrer pelo meus rosto causando uma espécie de pequena correnteza .

- Nosso abrigo não fica próximo daqui, teremos que andar uns trinta minutos para chegar até lá, mas se ficarmos por aqui, logo seremos achados ...

- Ouça o que ele está dizendo - o outro homem falou enquanto ajudava Marta a se levantar -, em outras condições certamente levaríamos o corpo da sua irmã, mas não é esse o caso.

Olhei para mamãe e ela continuava a alisar o cabelo da minha irmã, ela parecia não ligar para o que estava acontecendo a nossa volta.

Tudo o que estava se passando naquele cenário fez com que a adrenalina corre-se ainda mais rápido através das minhas veias, assim como uma presa perseguida pelo predador nunca para de correr para não virar comida, eu também precisava cair na real e entender que a decisão mais sensata era sair dali o mais depressa possível.

- Está bem, vamos sair daqui - declarei com a voz embargada .

Em seguida me direcionei para a mamãe e naquele momento eu não sabia quais seriam as melhores palavras para dizer que iríamos embora sem a Vic.

- Mamãe, temos que ir !!! - falei enquanto balançava o braço dela - anda, vamos.

Ela continuou alisando as mechas do cabelo molhado .

- Ela está morta, temos que ir, o papai iria querer que fôssemos embora - falei com um certo desespero na voz .

Mas ela continuou ali, presa à aquele momento. O vento começou a soprar mais forte através da copa das figueiras e próximo dali, ouvi o som de um carro sendo ligado .
Precisávamos sair daquele caos o mais rápido possível, então ainda com lágrimas escorrendo dos meus olhos, juntei minhas forças e puxei a mamãe de perto do corpo, ela não demonstrou qualquer reação contrária, foi como se ela estivesse mergulhada num transe.

Senti o corpo quente dela junto ao meu, não era pesado, devia estar pesando cerca de 60k.

- Mamãe, tudo bem ?

Ela não havia respondido nada, porém em seus olhos pude descobrir a resposta. Nada estava bem, desde o momento em que tínhamos saído do shopping, nada tinha realmente dado certo.

Dentro de uma lembrança que havia despertado em minha mente, tentei procurar meu arco e as flechas que estavam em algum lugar a minha volta, mas no meio de toda aquela chuva e lama, decidi não perder mais tempo tentando achá-los .

- Tony, vamos seguir pela mata e cruzar a avenida - o homem que ajudava Marta a ficar de pé disse para o outro que estava próximo a mim. ele apontava para a região oposta de onde os tiros e gritos estavam vindo .

- Toma garoto - o homem que havia sido chamado pelo nome de Tony falou enquanto me entregava uma Glock25 -, se um daqueles desgraçados aparecer na sua frente, atira sem dó, ok ?

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