Se arrependimento matasse...
"Por que ele e Macau levaram tão a sério um desentendimento e acabaram esquecendo das normas de segurança?" — Tankhun estava revoltado com sua falta de noção. O outro era mais jovem, mas ele era um adulto.
" Por que simplesmente não voltou para a festa depois de conseguir se livrar do primo? Porque esse desespero de, quando sentir inseguro, voltar para a casa e enfiar a cara em doramas e pipocas feito um adolescente imaturo?"
Foi um segundo apenas e de repente, ao entrarem em uma rua errada, foram cercados e arrancados de seus veículos. "
"Eram abutres que viviam sempre esperando um cadáver."
Khun, o mais velho, já tinha passado por isso inúmeras vezes e era sempre uma tortura pior que a outra. Mas agora ele sabe que é infinitamente pior. Tem consciência que sua atitude impensada colocou em risco o primo. Macau, mais novo, já tinha passado por diversas perseguições, mas sem ficar no poder de sequestradores e o primo mais velho não sabe como ele vai reagir.
Assim que conseguiu juntar-se ao primo no depósito onde tinham sido jogados. Tankhun segredou ao outro que precisava apertar o botão do relógio. Estava feliz por ele ter recuperado a consciência.
Os homens que o feriram, pareciam fortes. Khun estava com dó do nojentinho. o local onde o bruto tinha batido com o revólver estava inchado e azulado, mas o menino voltou à consciência tão logo foram jogados no lugar sem cama, cadeira ou qualquer conforto.
Aproveitou um momento de distração dos homens que os vigiavam e disparou o alarme dele e do menino.
Foi Arm quem inventou o dispositivo a pedido de Porsche. Tankhun odiou a ideia, mas quando Arm pediu para uma empresa conhecida criar os dispositivos elegantes e únicos, ele aceitou. Os relógios eram puro estilo.
E os modelos que misturavam couro e seda eram excelentes para compor looks bem estilosos.
Agora ali, presos, Tankhun apertou o de Macau e o dele, satisfeito por ter aceitado a imposição do outro primo. Era só esperar.
Macau nunca prestou atenção no relógio. Era bonito, ele usava. Só percebeu a importância quando Khun explicou.
Se estivesse só, o acessório seria inútil. Entretanto, mesmo com medo, ele não iria dar o braço a torcer para o outro. Sua vida dependia de que o lunático fizesse a coisa certa e ele tinha dito que se fizesse a louca os sequestradores poderiam ferir Macau. E na verdade quem tinha errado primeiro foi ele ao tentar reagir no carro e acabou ferido.
Khun, diferente dele, ficou quieto logo, temendo justamente que ele fosse ferido. Essa consideração fora de hora incomodou o mais novo. Mesmo com a morte do pai e tendo o tio por protetor, ele ainda tinha suas diferenças com o primo mais velho.
Os homens que os estão guardando no cativeiro acreditam que por ser louco, Khun não é perigoso e ele, apesar do desespero, não os impediu de fato que o prendesse. As algemas estavam apertadas e embora eles saibam como abri-las, não podem fazer isso com os malditos ratos olhando.
Desde o momento em que foram sequestrados e colocados naquele lugar horrível, os homens ainda estavam animados com a sua ação. Assim, Khun não tinha tido oportunidade de olhar nada. Mesmo que a janela, que era a maior fonte de luz do lugar, fosse grande, do lado em que foram colocados não dava para olhar lá fora e ver se havia mais homens cuidando da segurança do depósito.
Exatamente porque os homens ainda não tinham baixado a guarda, eles não tinham tido condição de soltar as algemas. No momento elas eram mais responsáveis pela segurança deles do que, de fato, uma prisão.
Só que horas longe de seus familiares e amigos estava cobrando muito de Macau. No começo ele se fez forte e Khun admirou isso. Mas agora, quando o sono pesou, ele chora em seus sonhos. Já chamou pelo irmão, por Pete e pelos avôs.
A única coisa que ele pode fazer pelo primo foi se apertar e, usando os braços como colar, envolver o outro. Ele pensava que ao tocá-lo, o birrento acordaria e talvez o xingasse. Mas ele apenas se ajeitou no estranho abraço e sussurrou algo incompreensível.
Os pensamentos de Khun se moviam em cascata, uma enxurrada de ideias estapafúrdias cozinhavam ali. Anos atrás ele resolveu que se fosse sequestrado outra vez, arrumaria um modo de ser morto. Mas as circunstâncias o colocaram junto com Macau e por mais que o pequeno talarico fosse estúpido e então, ele era família e, o dever dele como o primo mais velho era protegê-lo. Só por isso não tinha reagido violentamente e não tinha simulado um ataque de loucura para acabar realmente morto.
Agora abraçado ao homem que perseguia seu namorado, ele só podia cuidar ouvindo seu choro. Não podia fazer mais nada.
Com o contato com o primo mais velho, os soluços do menor diminuíram. Mesmo que esse fosse um abraço estranho que, algemados como estavam, podiam dar, ele, ainda dormindo, sabia que eram braços confiáveis que o cercava.
Sua voz sonolenta, agradeceu:
— Pete... Que bom que .... — O resto da frase o sono agitado engoliu.
"O sonho deve ter sido horrendo", Khun pensava consigo, tentando acalmar o menino em seu sono agitado e febril. Macau sussurrava algo incompreensível e a cada uma de suas palavras desconexas, seu rosto se tornava pesado. A angústia era a segunda pele de sua face. Khun o protegeria com a vida se preciso fosse, mesmo que depois o matasse.
— Canela! Ele cheira a canela!
Não é o perfume dele, é o cheiro da pele. Uma fragrância inebriante que ele conhecia, mas não a reconheceu porque nunca tinha chegado tão perto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Inesgotável Amor #KhunMacau
FanfictionUma história de amor improvável. Série: Vovô Khorn Livro 1 Sinopse Dois primos enganados resolvem dar o troco no homem que por mais de quatro anos empatou suas vidas. Entre o ódio fenomenal uma necessidade que une os dois para cuidarem...