Nada Melhor que a Verdade!

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A vida seria muito mais fácil se não tivesse o amor?! Ela perguntou isso a si, mas achava puro engano acreditar nisso. É verdade que o amor é a causa de muita dor, no entanto, o amor é o que dá sentido ao homem. Alguns por desilusão acreditam que o amor é uma doença que infecta a alma, os tornando pessoas diferentes daqueles que são, outros acreditam que o amor é o motor principal da vida e ela simplesmente não pensava que o amor fosse isso, nem que fosse uma doença, mas tinha sua opinião formada a respeito, acreditava na crueldade de quem não sabe amar e de pessoas que confundiam uma simples paixão, que é passageira com o amor.
O amor em sua opinião é um dos sentimentos mais puro, muitas das vezes utilizado para justificar atitudes insanas, o tipo de amor entre duas pessoas, muitas das vezes se esquecendo de alguém importante e esse alguém importante quem é?
Na opinião dela, para amar de verdade alguém você precisa primeiramente amar a si mesmo e ser feliz em companhia própria, pois só assim, sem receio, não fará da outra parte sua razão de existir e nem sofrerá tanto com um término ou com a partida repentina do ser amado.
Se perguntava, o porquê de estar pensando isso justamente agora, talvez fosse pela cena que presenciava, onde tinha um encaixe perfeito com seu ponto de vista.
Estava ali parada, olhando tudo em câmera lenta ao que parecia ser mais uma desses amores arrebatadores e ela querendo lembrar em que instante, havia perdido o controle da situação, talvez no momento em que infelizmente pegara o suposto amor de sua vida, transando com o melhor amigo dele.
Parando para analisar a situação de verdade seria até cômico, se não fosse trágico, ao seu lado estava Heloísa a futura esposa do amigo do seu marido.
Ela ali parada como se nada estivesse acontecendo, olhava sem entender, enquanto a confusão desenrolava entre Helô o seu marido e o melhor amigo dele Francisco, que inferno era aquele, parecia um pesadelo, mas se fosse a qualquer momento acordaria, ao lado do marido e lhe diria: — Que merda de sonho era esse!
Um sorriso desconcertado surgiu em seus lábios, aquilo só podia ser mesmo um pesadelo, uma brincadeira de mal gosto, não podia acreditar, até ver objetos sendo lançados em direção a cama, sua cama a mesma que planejava um futuro que jamais ia se concretizar.
Ouviu gritaria não sabendo ao certo definir.
Helô gritando sobre a cama feito louca e Pedro tentando proteger os dois dos objetos atirados em sua direção.
— Filhos da puta! — ela esbraveja jogando qualquer coisa que estivesse ao seu alcance.
Em determinado momento, Manuela acordou do torpe que a afetará e isso aconteceu ao ver sua coleção da Nora Roberts, nas mãos da noiva de Francisco, pronto a serem lançados em direção aos dois traidores, isso acabou sendo motivo suficiente para lhe tirar daquele momento de inércia.
— Não pelo amor de Deus! — a segurou tentando contê-la. — Não estrague meus livros.
— Mas — ela gaguejou, Manu segurou o rosto de Helô e falou de maneira calma e controlada, a verdade era que queria matar os dois, mas alguém precisava manter o sangue-frio.
— Heloísa guarde as tuas forças para a explicação futura que com certeza vão nos dar. Estou contigo, não está sozinha nisso, se acalma que perder o controle não é um bom conselheiro.
— Quero matar os dois, não consigo ser tão compassiva como você.
— Não sou compassiva. — A soltou. — Mas tenho consciência de que alguém precisa manter a calma.
Olhou para o marido e depois para o melhor amigo dele.
Quando chegaram àquele ponto e como não notará nada? Sentia-se como uma idiota, porque notará sim, a mudança em seu marido, preferindo fechar os olhos ao fato dele andar a cada dia mais distante, buscando pretextos para não está em casa, para não fazer amor, mas preferiu fechar os olhos para realidade e botar culpa no estresse, no quão ocupado era o Senhor Pedro Andrade, seu esposo.
Lembrou também do dia em que conheceu Heloísa e como seu marido estava incomodado com sua presença.
— Há quanto tempo vocês têm um relacionamento? — Manu perguntou a ele em tom frio.
— Amor, deixa eu explicar?! — pronunciou Pedro.
— O que vai explicar? Vai dizer que isso não é nada do que estou vendo. — Sorriu irônica. — Pelo amor de Deus! Me acha estúpida ou quê?! Quero saber a quanto tempo, transam em minha cama Pedro e como pode violar nossa casa?! — até aquele momento não notará como as lágrimas corriam em sua face livremente, pegou um short qualquer e jogou sobre a cama. — Vistam-se! Esperamos vocês na sala e quero que cada pergunta minha seja respondida. — Enxugou o rosto.
A parte nua e crua do amor é que sempre em uma relação tem alguém que sofre mais, sente mais, o amor era duro e cruel, amava seu marido, porém naquele momento, o desconhecia.
Segurou Helô, pela mão a puxando para fora do quarto.
A menina estava uma fera, arfava de ódio e de repente a viu tremer toda, tadinha era nova e cheia de ilusões com o noivo e agora aquilo.
Manuela tinha 34 anos, era dona de uma butique de modas era de estatura mediana, um pouquinho acima do peso, se bem que tinha belas curvas e um cabelo de dar inveja de tonalidade preta, não tinha filhos, ainda, não os queria, talvez o que estivesse acontecendo fosse por sua culpa, já que seu marido lutava para ter uma família completa.
O que estava pensando? Sua culpa, jamais. Se fosse sua culpa seu marido estaria transando com uma mulher e não com um homem.
Ela pensou que se privou de seguir carreira, mas não por isso deixou de se formar, justamente por está casada com um homem que mal tinha tempo, não queria filhos, pois sabia que apesar de estar casada o criaria sozinha, suspirou. Aquilo não estava acontecendo, não com ela.

Heloísa olhou com raiva para Manuela, ela devia a ter deixado matar os dois. Como podia estar tão calma, diante de uma situação dessas.
Admirava sua postura e, ao mesmo tempo, tinha ódio diante da tranquilidade dela.
Queria matar, matar o amor que sentia por Francisco, matar a dor que estava sentindo. Recordou como se inteirou do encontro e como descobriu tudo.
Havia acordado naquela manhã feliz, pois para ela, era um bom momento no trabalho e na vida amorosa, ia casar com um homem incrível e estava fechando ótimos negócios e a dois anos dividia o apartamento com o noivo. Helô era corretora, vivia em contatos com clientes e sempre ocupada, um de seus clientes era 'homossexual', e procurava um apartamento para se mudar com seu parceiro após a regularização do casamento, de cara fez amizade com ele, ficaram íntimos até ao ponto de fazerem confissões sobre seus cônjuges, ele então lhe diz em uma conversa amigável que havia feito uma viagem com amigos a Fernando de Noronha, local que ela elegeu para sua lua de mel com Francisco, curiosa pediu para ver as fotos da viagem, incrível que até aquele momento não havia pedido nada semelhante a ele, que prontamente mostrou. Comentando tudo, até que ela viu uma foto onde ele aparecia, junto do casal de amigos que os acompanhará, o mundo era pequeno demais, se não acreditava nisso, naquele momento acreditou, o cliente lhe falou sem maldade nenhuma que o casal de amigos, não podiam viver seu amor, porque um deles se casado há muito tempo, ela sem palavras vendo a foto de seu noivo Francisco e do melhor amigo Pedro, olhou para seu cliente que até aquele momento falava livremente como era difícil ser homossexual em pleno século XXI, levantou pegando sua bolsa e saindo de lá sem dar explicações, entrou em seu carro e chorou muito antes de decidir, ia atrás de seu noivo filho da puta e queria uma explicação, mas precisava de ajuda, mas a quem pedir ajuda! A vergonha era tanta que pensar em falar para outra pessoa mexia com seu ego, então á quem recorrer. Até aquele momento estava pensando somente nela, mas existia outra chifruda igual a ela. Olhou para o relógio 10h da manhã, Manuela devia estar em sua butique àquela hora, foi até ela.
Chegando lá não esperou, entrou sem dar tempo foi falando
— Preciso falar com você! — Disparou.
— Sobre o que exatamente? — perguntou Manu.
— Sobre nossos companheiros, maridos, namorados, seja lá o quê! — sentou à sua frente. — Preciso de um copo com água, melhor não, preciso mesmo de uma dose da bebida mais forte que tenha aqui.
A secretária e as atendentes estavam assustados pelo arrebato de Heloísa e entraram com ela na sala de Manu, com um sorriso calmo e sempre tranquila pediu a sua secretária que trouxesse uma dose de uísque a ela.
— Meninas fiquem calmas eu a conheço e voltem aos seus afazeres — disse sorrisos as funcionárias que se dispersaram. — Não está cedo demais para beber? — perguntou a uma Heloísa distante lhe mostrando o copo à sua frente. — Então, vai me dizer o que veio fazer aqui ou vai ficar olhando para o horizonte como se nada existisse?
Heloísa a olhou e virou o copo de uma vez só criando coragem para dizer o que descobriu.
— Você está casada com um boiola e eu noiva de um veado. — soltou uma gargalhada alta. — Tá! Sei que é um pouco ofensivo, na verdade, bem ofensivo e tudo mais, mas foda-se as conversões. É verdade!
— Tá bem! Deixa de brincadeira e onde está a câmera escondida?! — levantou e começou a olhar por todos os lados. — Se juntou com o Pedro para me pregar uma peça? Fala sério!
Heloísa levantou indo até ela e a segurou dizendo.
— Me escuta, isso não é uma brincadeira ou uma pegadinha, estou aqui porque não tenho a coragem suficiente para perguntar ao meu namorado e futuro marido se é verdade o que descobri hoje. Manuela eu preciso de ajuda para saber, da sua ajuda para enfrentar isso.
Isso foi como dar um, tapa em Manu, ela se soltou e se serviu de uma dose de uísque, sem nada dizer.
— Por quê?! — sentou largada em sua cadeira. — O que ganha em me contar uma mentira como essa, meu marido não é nenhum veado como diz.
— Seu marido é 'homossexual' e tem um caso de anos com meu noivo, eu não queria acreditar também. — Ela disparou. — Mas é verdade o que te digo. Acha mesmo que eu iria ter coragem para fazer uma brincadeira dessas?
Com isso lhe contou absolutamente como ficou sabendo da relação entre os dois.
— Não posso acreditar — disse Manu após ouvir tudo o que ela falou — Parece surreal, porém lembro de uma viagem do meu marido a Fernando de Noronha eu insisti em ir com ele, mas não aceitou minha companhia, porque era uma viagem de trabalho e agora isso. Preciso tirar essa história a limpo, pegou a foto com seu amigo?
— Droga não! — Suspirou. — Sai de lá atordoada que esqueci de pegar, mas posso pedir, vai ser no mínimo estranho, mas consigo.
— Então pronto! — levantou. — Pegue e me mande, vou a minha casa e espero sua mensagem, preciso pensar em tudo o que me falou para tomar uma decisão.
— Não, não podemos nos separar agora. — Segurou em seu braço. — Entenda que precisamos estar juntas nisso. Não consigo sozinha e não vou conseguir ir para casa com isso, como vou encarar o Francisco?
— Têm razão, precisamos estar juntas. — A tomou pela mão e saíram.
— Vamos à onde? — perguntou Helô ao adentrar no carro de Manu.
— Tira essa história a limpo. — Manu olho para a moça ao seu lado, lhe disse em tom ameno. — Precisamos de uma explicação, não crê?
Ela assentiu e partiram, durante o tráfego intenso da cidade, não trocaram uma palavra.
Heloísa olhou para o horizonte distante, lembrou ter que pedir a foto e o fez, como havia pensado seu cliente achou estranho, mas a enviou. Mostrou a Manu, que ao ver soltou uma lágrima e logo a enxugou. Sem mais o que dizer, seguiram o trajeto até a casa.
Ao chegarem, avistaram o carro de Francisco estacionado.
Manu olhou para Heloísa e decidiu deixar o carro fora da garagem, desceram e seguiram cautelosamente para não dar sinal que estavam ali. Sorrateiramente Manu abriu a porta, o silêncio era total, seu gato dormia tranquilamente sobre a mesa de estar. Ela passou a mão sobre ele, adorava aquele animal. Olhou ao redor e nada avistou. Olharam-se e fazendo gesto de silêncio, foram ao seu quarto, pararam à porta e vagarosamente a abriram. Não estavam preparadas para a cena que presenciaram. Francisco de quatro sobre sua cama, mordendo o travesseiro enquanto Pedro, o penetrava gemendo de prazer.
Naquela hora, Heloísa empurrou a porta com tanta força que a mesma bateu contra a parede assustando-os. Nesse momento tudo se tornou uma nebulosa ao redor de Manu, enquanto Helô agredia seu marido e noivo nus sobre a cama, na qual tratavam de se defender de todos os objetos lançados de encontro a eles.
— Como foram capazes de fazer isso com a gente... — gritava desesperada Helô. — Que nojo, sinto de vocês, como foram capazes de brincar assim com a gente?! — estava desesperada e histérica. Viu sangue saindo da (supercílios) do marido de Manu. Que não dizia nada, apenas protegia Francisco com seu corpo.
— Vou te matar Francisco! — ela gritava. — Seus filhos da puta. — Nesse instante Manu saiu do torpor, e a segurou. Não podia deixar que ela estragasse sua coleção da Nora Roberts. — Não pelo amor de Deus. — A segurou tentando, conte-la — Não estrague meus livros.
Depois disso estavam ali sentadas esperando os dois seres do inferno que estragaram suas vidas.

Heloísa admirava a mulher à sua frente elegante de uma beleza fora de padrões, se perguntava como Pedro podia trair uma mulher como Manu, delicada e mansa, homens nunca se contentavam com o que tinham em casa. Ela, no entanto, era um furacão em pessoa, nascida sob um signo de fogo, sabia que não era nada fácil. Tinha ciência de sua beleza, sabia disso e fora trocada por um homem, o que a deixou com autoestima baixa, mas pensando bem mesmo sendo uma situação na qual se sentia desvalorizada como mulher, conseguia entender que o problema não era ela. Sendo um pouco mais alta que Manu, mantinha o corpo sarado e com tudo nos lugares certos, se preocupava demais com sua aparência, pois em sua profissão era a porta de entrada para bons negócios, mesmo que isso a irrita-se às vezes, não entendia o porquê de muitos homens considerarem primeiramente a beleza ao invés da competência, frequentava regularmente a academia, mantinha uma vida saudável, loira natural de cabelos lisos, ainda fora privilegiada com isso, sorriu gostava deles curtos, se bem que os deixou crescer, por Francisco que gostava deles longos. Seus olhos possuíam cor castanho-claro, quase chegando a parecer amarelo e mudavam constantemente de cor de acordo com seu estado emocional, pele branca avermelhada tinha a beleza padrão, por outro lado, do que adiantava isso, se naquele momento isso não valia de nada. Olhou novamente para sua companheira de dor e chifres e sorriu. Queria ser calma como ela, mas não era.
— O que foi? — perguntou Manu a ela.
— Nada, apenas admirava sua postura diante dessa situação. Se fosse eu que tivesse pegado meu marido com outro, transando em nossa cama ele estaria morto com certeza.
— Eles estariam mortos, nesse momento, se eu não tivesse te contido a tempo. — Respondeu.
— Têm razão! — olhou ao redor. — Têm algo para beber nessa casa?
— Está se referindo a álcool?! — apontou. — Atrás de você, aproveite e sirva um, a mim também, que preciso.
— Não está muito cedo para beber? — Helô perguntou em tom de brincadeira. — Indo servir às duas.
— Espero que entenda que não sou calma como pensas, tento apenas agir com mais prudência e racionalidade que os demais. Se deixasse você matar os dois, estaríamos presas, você por assassinato e eu por cúmplice. Sinceramente não me atrai uma cela e nem fica encerrada, muito menos por um par de imbecis e você na minha opinião é bonita demais para passar a vida inteira presa.
— Têm razão! — concordou e entregou copo com a bebida a ela. — Mas devo dizer que admiro seu alto controle. — levantou o copo em um brinde silencioso. Virou o copo de uma vez ingerindo todo o conteúdo.
Bebidas destilada não era seu forte, preferia uma bela cerveja gelada, mas precisava de qualquer coisa contendo álcool para se manter calma tremia de raiva os pensamentos que passavam por sua cabeça naquele instante eram nocivos.
— Sabe. — Manu se levantou indo até à janela, olhando para fora. — Cheguei a pensar que os problemas do meu casamento com Pedro era minha culpa, por não ser ativa na cama. Por não ser como as demais mulheres aficionadas em sexo, pensei que o problema era eu. — Deixou que as lágrimas corressem livremente agora. Heloísa se aproximou dela e segurou em seu ombro lhe passando força. — Como pude ser cega a isso? — a olhou de soslaio a ela que a abraçou por de trás, sem saber o porquê, para consolar talvez.
— Não se sinta culpada de nada. Você é incrível, o idiota aqui é ele e acredito que nem uma de nós somos culpadas do que aconteceu aqui. Somos vítimas. Acredite nisso!
— Não consigo parar de pensar na cena que vimos nesse quarto, minha cama, tiveram coragem de usar minha cama. — um suspiro saiu, com isso saiu do abraço, indo sentar novamente. Passou as mãos entre os cabelos em um gesto de desespero. Até aquele momento, havia conseguido se manter calma, contudo conseguir permanecer nesse estado custava muito, e sendo honesta começava a esgotar sua paciência. Olhou para o corredor que dava acesso as outras partes de sua casa e ao seu quarto e os viu surgir. Nesse momento teve que juntar toda calma que restava e correr até Heloísa que se preparava, para mais uma série de agressões, a segurou com toda força que podia, era mais baixa e conter uma mulher como ela era difícil, nesse momento seus olhares se cruzaram.
— Por favor! Por favor, vamos esclarecer tudo isso sem mais agressões. — Segurou no rosto da outra. — Acredite, vai ser melhor escutar o que eles têm a dizer. Hum, por favor!?
Ela a assentiu e se acalmou a muito custo.
— Confio em você! — disse em tom ameno. Manu sorriu, e a soltou.
— Estamos aqui o que querem que expliquem a vocês? — perguntou Francisco arrogantemente, servindo-se de um copo de uísque olhando para Pedro que não conseguia olhar para sua esposa. — O que presenciaram não é explicação suficiente? Somos amantes há muito tempo, não estamos juntos agora por tua causa Manu, porque Pedro tem medo de te machucar e diz te amar. — falou em tom de deboche.
— Francisco chega! — gritou Pedro. — Perdoe‐me Manu, sei que não merece isso e nem vai acreditar no que digo, pelo menos não nesse momento, mas te amo. O que existe entre nós, não é nada, é apenas uma aventura.
— Uma aventura Pedro? — Francisco gritou revoltado — uma merda que aventura que dura desde que tínhamos catorze anos, puta que pariu! Como pode ser tão escroto e filho da puta a esse ponto?
Pela primeira vez Heloísa observou mais atentamente a Francisco, ao fazer isso notou umas características que passaram despercebidas por ela, mas que eram tão notáveis que seria impossível não reparar. Pedro continuou seu discurso, não deixando se abalar pelo rompante de revolta do companheiro.
— Manu, você sabe que isso não afeta o que existe, entre nós dois, somos um casal e sabe que eu amo você. Acredite podemos consertar tudo isso.
Estava perdendo o controle da situação, olhou para Heloísa, a viu sentada observando tudo atentamente, reparou a situação com atenção, sua vida estava uma bagunça, mas o da moça sentada, quieta ali, estava pior se fosse sincera, bem pior, pelo menos Manu tinha o consolo de ver Pedro, aparentemente arrependido, embora não acreditasse em absoluto em nada que saia daquela boca. Ao contrário da situação da outra, que além de traída, tinha que aguentar um, cara como Francisco, arrogante sem um pingo de arrependimento e consideração. Foi até ela e sentou ao seu lado, segurou sua mão, em um gesto gratuito e genuíno de força. Olhou para Francisco e depois a Pedro, quem ele acreditava que iria conseguir convence-la quem com aquele discurso barato.
Seu marido foi até ela e se prostrou de joelhos à sua frente, ela olhava sem acreditar no que via. Então um riso brotou em seus lábios, que imediatamente se tornou em uma gargalhada, na qual não conseguia por mais que tentasse conter, olhou novamente para companheira, que a olhava sem entender, gargalhava, apontava para ele e ria. A Heloísa entendeu, e sorriu contida.
Um milhão de coisas passavam pela cabeça de Manu.

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